A estrela da companhia não brilhou. Nem em campo, nem na ação de
marketing do patrocinador principal do Flamengo. Na entrada no gramado
do Engenhão para o jogo contra o Figueirense, os jogadores titulares e
reservas do Rubro-Negro vestiam duas camisas. Exceto Ronaldinho. Por
baixo, a normal de jogo, com a marca Gillette no peito e Duracell às
costas. Por cima, um modelo comemorativo. A estrela acima do escudo
ganhou uma pequena lâmpada. Ela foi acesa em homenagem aos 30 anos do
título mundial rubro-negro. Pilhas em um dos braços dos atletas faziam a
estrela brilhar. Pouco antes de a partida começar, o modelo especial
fora retirado.
O vice de marketing do clube, Henrique Brandão, não soube explicar o
fato de R10 não ter participado e disse que a Procter & Gamble não
pagou nenhum valor adicional pela iniciativa.
- É a nossa patrocinadora principal e esta foi uma ação pontual. Está
dentro do nosso contrato. Talvez ninguém tenha orientado o Ronaldo a
usar a camisa e a acender a estrela. Mas o importante foi que o time
usou – disse, após o jogo.
Ronaldinho foi o único a entrar em campo sem a camisa comemorativa (Foto: Alexandre Loureiro / VIPCOMM)
Os executivos da P&G não viram assim. Muito pelo contrário. Vindos
de São Paulo num jatinho particular, aguardaram com ansiedade a entrada
do time em campo e não gostaram nada de ver o principal jogador do
Flamengo sem a camisa especial. Detalhe: eles pretendiam oferecer um
contrato pessoal para que Ronaldinho virasse garoto-propaganda da marca
Gillette. Inconformados, acabaram desistindo.
O GLOBOESPORTE.COM apurou que o Gaúcho não participou da ação por conta
de seus compromissos com patrocinadores pessoais e da relação com a
Traffic. O acerto com o anunciante master não passou pela empresa de
marketing esportivo, parceira do Flamengo na contratação do atacante.
Foi a agência 9ine, que tem Ronaldo Fenômeno como um dos sócios, que
intermediou o negócio de R$ 6,6 milhões por quatro meses. Do valor
total, 15% ficaram para a empresa do ex-corintiano – o vínculo termina
em 31 de dezembro deste ano.
A ação funcionou, mas gerou polêmica nos bastidores. Ao longo da
semana, o gerente de futebol Isaías Tinoco tentou vetar a ideia. Ele
alegou que não seria o momento ideal para algo do tipo, já que a equipe
entrou em campo pressionada pela necessidade de vitória para voltar à
zona de classificação da Libertadores - o jogo contra o Figueira
terminou sem gols.
Outro problema: a camisa especial trazia a marca Duracell no peito, mas
a mudança no uniforme sequer passou pela avaliação do Conselho
Deliberativo do clube.
Além da decisão de Ronaldinho, os parceiros do Flamengo não gostaram do
tratamento que receberam no Engenhão. Marcus Buaiz, um dos sócios da
9ine, e Thiago Icassati, diretor de marketing da Duracell, deixaram o
estádio contrariados 20 minutos antes do fim da partida. Muito
irritados, reclamaram da postura do clube, que só decidiu usar as
camisas com a lâmpada momentos antes de a equipe entrar no campo.
A dupla veio ao Rio para assistir ao jogo no camarote da presidente
Patricia Amorim, mas ficou, em pé, no mesmo local dos jogadores não
relacionados. A convite de alguns funcionários do clube, eles se
acomodaram. Enquanto isso, o vice de marketing Henrique Brandão e o
coordenador Cláudio Fontenelle comiam croquetes no local sem perceber a
insatisfação dos convidados. Segundo relatos de quem circulava por ali,
Marcus Buaiz fez uma ligação, desabafou em voz alta e deu a entender que
a parceria corre o risco de não se repetir na próxima temporada.
- Acabou, chega. É uma palhaçada. Estamos fora. Ano que vem, estamos fora.
Marcus Buaiz, Patricia Amorim e Thiago Icassati posam com a camisa especial (Foto: Fernando Azevedo / FlaImagem)
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