A pressão pela saída do técnico Zé Ricardo é cada vez maior. Mas até
agora, o presidente Eduardo Bandeira de Mello não comprou a idéia (para
usar uma expressão da moda no futebol brasileiro), e o ZR permanece.
Só que o noticiário informa uma diferença em relação ao padrão comum dos
dirigentes em situações como essa: nesta quinta feira, o presidente e
mais executivos do futebol tiveram uma conversa com o técnico, na qual
foi colocada sobre a mesa a insatisfação com o desempenho da equipe nos
últimos jogos. Entendo que esta é uma medida correta. Por todos,
especialmente a mídia, os técnicos foram, e continuam a sê-lo, colocados
em um plano acima do desejado. Evidente que são os responsáveis, mas
passaram a ser tratados como Poderosos Chefões e, muitas vezes,
comparados com os que atuam nas principais equipes da Europa. Só que lá,
a situação é completamente diferente. A começar pelo orçamento
disponível, o modelo de gestão e a relação desenvolvida.
Não vejo nada demais em a diretoria do Flamengo externar a
insatisfação com os últimos desempenhos do Flamengo. É legítima a
posição de conversar com o técnico, expor o que incomoda e dar a chance
de o profissional tentar corrigir o que não tem dado certo. O caminho
mais fácil é sempre o da demissão. Em alguns casos ão existe outra
saída, mas é necessário esgotar as possibilidades de solução com aquele
profissional que se considera capaz de ocupar aquele cargo.
É preciso, diante do que aconteceu, que o Zé Ricardo entenda ser
necessário mexer e dar ao time uma organização que ele não demonstrou
desde os últimos dez minutos da traumática e precoce eliminação na
Libertadores. Até agora, os jogadores e a Comissão Técnica estão de
luto. E o caso mais exemplar é o do goleiro Muralha. O apelido sempre
foi um exagero para a sua capacidade, mas, daquele jogo para cá, ele se
transformou num profissional inseguro e vulnerável. Vale a conversa para
saber se tem condições de continuar como titular ou como reagirá caso
vá para o banco de reservas. Esta é uma situação com a qual técnicos
veteranos estão acostumados, e o ZR, ainda em formação, precisará lidar e
trabalhar.
O tempo é pouco para todos, mas o ZR tem até domingo para
justificar o voto de confiança recebido. Sabe o que incomoda, inclusive a
ele, e tem que tomar uma decisão. Creio que a vitória é importante, mas
o que a diretoria e o próprio Zé esperam é um desempenho que se
aproxime dos investimentos feitos. E até agora há um divórcio entre um e
outro.
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