Com aprovação para usar o estádio, do Crea-RJ, do Corpo de Bombeiros, do Gepe e Vigilância Sanitária em 13 partidas no ano passado, a obra do Botafogo no estádio da Portuguesa não passou pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Até a entrega do campo de volta ao time da Ilha do Governador, o Alvinegro usou o palco para jogos oficiais sem licença de obras, revelou o blog do jornalista Mauro Cezar Pereira, da Espn Brasil.
No período, o campo do Botafogo recebeu nove mil pessoas em média - aproximadamente 117 mil, conforme levantamento do jornalista. A Prefeitura, através da Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habilitação, informou que o procedimento é irregular. Para realizar obras de construção, reforma e acréscimo, o Alvinegro deveria ter entrado com processo de regularização na Prefeitura.
O Botafogo não quis comentar a informação ao GloboEsporte.com. Ao blog de Mauro Cezar, o presidente Carlos Eduardo Pereira respondeu o seguinte: “O Botafogo tirou todas as licenças e laudos necessários para plena utilização da Arena Botafogo em 2016. Não tenho como falar sobre os registros da Prefeitura".
A revelação virou motivo de mais um atrito nas redes sociais entre as diretorias. O vice-presidente de comunicação Márcio Padilha se manifestou pelas redes sociais. Do lado do Flamengo, o vice-presidente de administração e de gabinete da presidência, Rafael Strauch, ironizou e lembrou frase antiga de Carlos Eduardo Pereira, quando o Alvinegro tripudiou o atraso das obras.
- Quem sabe faz, quem não sabe… - escreveu Strauch, que questionou, em outra mensagem, como os alvinegros “conseguiram autorização” para atuar no estádio.
Licença do Fla ainda será entregue
O Flamengo deu entrada no pedido de licença de obra no dia 26 de abril,
quatro meses após o início das obras, com a estrutura já praticamente
pronta e em processo de vistorias e visitas de órgãos públicos
municipais. O clube da Gávea queria inaugurar o estádio contra o
Botafogo neste fim de semana, mas esbarrou nos entraves burocráticos,
entre processos do Corpo de Bombeiros e do Gepe. A partida será domingo,
às 11h, em Volta Redonda.
O GloboEsporte.com questionou a Prefeitura sobre o processo regular
para construção do tipo, como a que Botafogo e Flamengo fizeram. O
ideal, informou a Prefeitura, era que o Rubro-Negro entrasse com pedido
de licença de obras antes de iniciar a construção do estádio. Após
solicitação da licença de obras, a Prefeitura fez algumas exigências já
atendidas pelo Flamengo. A expectativa é de que nesta
sexta-feira, junto à possível visita do prefeito Marcelo Crivella com a
diretoria do Flamengo, o clube, enfim, receba a licença da Secretaria da
Prefeitura. O estádio já está liberado para receber partidas,
mas a documentação para o jogo do fim de semana foi entregue fora do
prazo regular determinado pela CBF.
A
prefeitura do Rio lembrou que não é possível fiscalizar todas obras
privadas e informou que "o processo de licenciamento de obra pedido pelo
Flamengo transcorreu dentro dos trâmites legais." A licença da
Prefeitura prevê pagamento de taxas (Documento de Arrecadação
Municipal), declaração do profissional responsável pela obra e pelo
projeto de arquitetura, além de registro de "declaração de rios e
canais". Apesar da irregularidade, nem a Prefeitura - que deixou de
receber taxas do Alvinegro - nem o Flamengo disseram que vão acionar
judicialmente o Botafogo ou a Portuguesa, proprietária do estádio na
Ilha do Governador. Nem a Portuguesa nem o Crea-RJ retornaram os
contatos do GloboEsporte.com.
Botafogo levou 78 dias para estrear na Ilha; Torcedores comparam estruturas
Se o Flamengo pena para conseguir a aprovação do estádio para
realização de jogos, o Botafogo conseguiu apresentar o projeto e fazer a
primeira partida em menos de três meses. Mais precisamente em 78 dias. O
Alvinegro obteve os laudos de liberação finais no dia 24 de abril.
Antes da estreia oficial, justamente contra o Flamengo - dia 16 de julho
(empate por 3 a 3), o Botafogo sub-20 enfrentou o Grêmio na Ilha do
Governador. Pela Série D, a Portuguesa jogou contra o São Bento, do
interior de São Paulo.
Em resposta ao GloboEsporte.com, o Corpo de Bombeiros informou que os
projetos dos dois clubes são distintos, por isso não cabia comparação.
"No caso do Flamengo, por exemplo, o clube apresentou, hoje (30.05), o
novo projeto de segurança contra incêndio e pânico com as
complementações necessárias, conforme legislação vigente. Logo, não
houve atraso em relação ao Corpo de Bombeiros."
Nas redes sociais, torcedores do Flamengo questionaram a liberação do
Botafogo e as dificuldades encontradas pelo time da Gávea. O site
"Coluna do Flamengo" fez montagem comparando as duas estruturas da Ilha
do Governador.
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