Grande reforço do Flamengo para 2017, Conca foi contratado sob a seguinte condição: ninguém o pressionaria a voltar rapidamente diante da complexidade da lesão sofrida no joelho esquerdo, em agosto do ano passado. Antes distante em função das "muitas limitações" que apresentou quando chegou à Gávea, em janeiro, o retorno é cada vez mais palpável. Mesmo sem trabalhar com prazos, o departamento médico rubro-negro acredita que a primeira partida do argentino vestindo vermelho e preto pode acontecer em junho.
Dentro do trabalho do Centro de Excelência em Performance, chefiado pelo médico Márcio Tannure, também responsável pelo departamento médico do Flamengo, a recuperação de um atleta é dividida em cinco fases (confira no final da matéria uma detalhada explicação do preparador físico Daniel Gonçalves sobre cada uma delas no fim da matéria).
O atleta chegou com muitas limitações. O trabalho do Centro de Excelência e Performance do clube era justamente recuperá-lo das dores e deixá-lo em condições de jogar.
Recentemente, Conca entrou na fase cinco, a final - clinicamente está curado. Treina com os demais companheiros e começa a disputar atividades em que o contato físico é maior. Por isso, junho pode ser o mês da estreia do argentino, que completou 34 anos na quinta-feira.
- Sim, existe a possibilidade (de jogar em junho), mas agora isso vai depender muito mais da preparação física e do treinador para determinar em qual o momento ideal para voltar a jogar. Como disse, está entregue ao campo. Na fase 5, o departamento médico entra apenas caso seja solicitado. Está entregue à comissão técnica, que está preparando o atleta para o momento certo. Pode levar um mês, mais, ou menos. O importante é ele jogar quando estiver realmente preparado. É assim que trabalhamos no Flamengo - revelou Márcio Tannure.
Confira abaixo explicações de Márcio Tannure:
Conca está na fase cinco. Pode me explicar no que consiste essa fase da recuperação de atletas?
O Conca já encontra-se em treinamento com o grupo, normalmente, porém ainda necessita um período para adquirir tempo de reação com bola em situações reais de jogo. Isso leva algum tempo, e depende de cada atleta. Nesta fase, disputam treinamentos coletivos ou jogos-treinos com alta intensidade, e cada um reage e evolui de uma maneira. Uns mais rapidamente do que outros. Garanto apenas que tudo está ocorrendo conforme o previsto, pois ele é muito aplicado, disciplinado.
Qual a fase Conca venceu com maior facilidade? Qual a que impôs maior dificuldade ao atleta?
As fases iniciais do trabalho, 1 e 2 , foram as quais ele permaneceu mais tempo, o que é normal, já que o foco foi o ganho de arco de movimento do joelho e reequilíbrio muscular. E, desde que iniciou os trabalhos técnicos e físicos no campo, que certamente é o que ele mais gosta, tem tido bastante facilidade para readquirir a forma. Tudo, porém, no tempo certo.
No início da recuperação, falava-se que Conca deixava o campo com muita dificuldade e dor. Isso mudou de panorama? E por que acontecia?
O atleta chegou com muitas limitações. O trabalho do Centro de Excelência e Performance do clube era justamente recuperá-lo das dores e deixá-lo em condições de jogar. No início, sua articulação ainda não estava 100% recuperada e a sua biomecânica ainda precisava de correção, o que gerava um desgaste maior do corpo do atleta para realizar alguns exercícios. Hoje, com a melhora da biomecânica e também com o ganho de condicionamento físico, isso já não acontece. Nosso trabalho está sendo conduzido de maneira minuciosa e eficiente. É nítida a mudança de patamar do Conca, mas ficaremos realizados por completo quando entrar em campo e jogar. E aqui a gente só libera quando o atleta está 100%. Está no caminho disso.
Já tratou caso semelhante?
Sim. Apesar de ser outro tipo de lesão e um processo totalmente diferente, tivemos o caso do Ederson. Voltou a jogar, está bem, feliz, e nos ajudando dentro de campo.
Como considera a evolução do Conca?
Considero muito satisfatória. Evoluindo cada dia mais.
Confira explicação detalhada dada por Daniel Gonçalves sobre cada uma das fases de recuperação:
1) Seria a fase aguda da lesão. A conduta seria a diminuição dos níveis de dor e do quadro álgico (também referente a dores). A atividade é passiva. O atleta normalmente fica na fisioterapia e na maca fazendo as condutas de termoterapia, eletroterapia e de analgesia.
2) O início de uma fase um pouco mais ativa, mas ainda aos cuidados dos fisioterapeutas com mecanoterapia, condutas de fisioterapia anteriormente citadas, além de alguma atividade de ergometria, geralmente sem impacto, uma bicicleta ou transport. Normalmente atividades mais indoor.
3) É a fase de transição, em que o atleta sai do indoor para o outdoor. Ele fica aos cuidados do preparador físico de transição, que é um preparador com mais sensibilidade a essas situações, das limitações motoras. Normalmente um atleta que tem um déficit bastante acentuado tem algumas limitações de ordem motoras. Por exemplo: se pode correr em linha reta, ele não pode mudar de direção; ou se pode mudar de direção, não pode mudar em alta intensidade ou não pode fazer trabalhos com impacto.
4) A evolução disso é a fase 4, onde o atleta tem déficits, porém mais reduzidos e que já permitem inserções nos trabalhos com bola, mas com algumas restrições, como a trabalhos mais abertos, onde a imprevisibilidade e a complexidade do jogo não fiquem tão evidentes.
5) São atletas praticamente liberados, com pequenos déficits sejam motores ou metabólicos. Aí já estão liberados para jogos de maior complexidade ou imprevisibilidade.
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