Em
silêncio desde a eliminação na Libertadores, o diretor executivo do
futebol do Flamengo , Rodrigo Caetano, resolveu falar. Após o
treinamento desta sexta-feira no Ninho do Urubu, o dirigente concedeu
entrevista coletiva. Nela, afirmou que a saída precoce do torneio após a
derrota por 2 a 1 para o San Lorenzo machucou.
Ele aproveitou para sair em defesa dos estrangeiros do time, criticados
pelo mau desempenho, mas alertou que a equipe precisa se impor nos
jogos fora de casa. O time perdeu as três como visitante na
Libertadores.
- Tinha a esperança de se chegar longe. Cabe a nós lambermos nossas
feridas. Tivemos reunião importante e proveitosa, porque o Flamengo
passa a ser avaliado de acordo com a reação que terá.
Temos Brasileiro,
Copa do Brasil, e a obrigação do Flamengo é voltar à Libertadores. No
nosso entendimento é que a presença constante no torneio mais importante
da América permitirá que a gente volte à conquista - disse Rodrigo.
Na sequência, foi indagado sobre a má fase de alguns gringos. Berrío,
Cuellar, Donatti e Mancuello , por exemplo, não agradaram ainda, e o
Flamengo gastou alto valor pelo quarteto.
- Flamengo não contrata de forma pessoal. Há todo um processo.
Reproduzindo a eles, cada caso de um deles. Cuéllar é um volante que na
chegada do Muricy foi identificado como bom valor, foi vice-mundial
sub-20 pela Colômbia. Existe disputa interna. Mancuello era disputado
por muitas equipes, capitão, jogou na Seleção. Donatti foi eleito melhor
zagueiro da última Libertadores - disse Caetano, que prosseguiu.
- Berrío participou da última Libertadores em que foi campeão. Falo de
alguns predicados que trouxeram o interesse a eles. O grupo espera o
retorno deles, como eles já deram, mas sei que darão. Podíamos citar
outros que vieram sem custo, mas entendemos que nesse momento fale-se
disso.
Outros trechos da entrevistas:
A eliminação
- Foi um golpe duro demais, porque nosso planejamento vem desde o ano
passado. A Libertadores começou no ano passado, quando fomos terceiro
colocados (no Brasileiro). Nós nos planejamos, sabíamos que estávamos
num grupo dificílimo, mas chegamos com chances e que dependíamos só de
nós.
Pressão no futebol
Difícil administrar isso. Dez dias atrás o elenco tinha bons valores, o
trabalho estava no caminho, conquistamos um título invicto, que era um
desejo do torcedor no Rio. No meio das decisões, tivemos jogos
importantes. Essa grande derrota que tivemos no ano é pra fazermos
julgamento internos. Pagamos preço enorme por não termos pontuado nos
três jogos que fizemos fora do Brasil.
O Flamengo precisa entender que precisa não só jogar bem fora de casa,
mas também se impor. Precisamos que essa cicatriz nos lembre sempre que
todo jogo é decisivo. Temos obrigação gigantesca de botar o Flamengo na
Libertadores. Para que nós e torcida sigamos com essa obsessão pela
Libertadores.
Trabalho psicológico
Nossa avaliação vai ser sempre interna. Respeitamos demais as críticas,
mas fazemos internamente. Flamengo passa a ser observado de acordo com a
reação que terá de aqui em diante. Golpe foi muito duro porque a
expectativa era alta, e ela tem que ser alta.
Caça às bruxas?
Cabe a nós não transformarmos em... Caça às bruxas foi usado. Temos que
identificar o que precisa ser melhorado. Nós não vamos recomeçar
sempre, talvez esse seja o maior erro num momento desses. Precisamos
fazer reposição, ajustes porque perdemos três jogos no ano, três jogos
que culminaram na nossa eliminação. Vamos encontrar a explicação, e ela
será interna.
Faltou vontade na Argentina?
Jamais vocês vão ver críticas sobre isso. Não posso de um elenco que
trabalhamos o dia inteiro, que se compromete e são profissionais na
acepção da palavra, imaginar que não vão tratar com seriedade um jogo
desses. De todas as seis partidas na Libertadores, posso dizer que o Fla
fez um segundo aquém das suas expectativas. Isso é fato. Mas isso
(falta de vontade) jamais.
Eram jogadores chorando, todos nós juntos tentando recuperar os cacos.
Que fique clara essa dor. Isso é colocar em xeque o nível de
profissionalismo que aqui se tem. O Flamengo na final do Carioca perdia
até os 39 minutos do jogo. É natural fazer análise específica, mas nós
aqui temos que ter serenidade. Desse grupo jamais vai faltar vergonha,
responsabilidade ou entrega. A ideia é reagir e rápido
Elenco tem carências?
Chegamos num jogo decisivo que não deveria ter sido nesse contexto. Se
tivéssemos feito um ponto sequer fora de casa, talvez esse jogo não
significasse o que significou. O Flamengo chegou com atletas
desgastados. Diego sofreu pancada, Mancuello e Donatti estavam voltando,
Mancuello num estágio mais avançado.
Pra frente mostra que "por que não um elenco mais numeroso?". Quando se
usa atleta da base perguntam porque não usaram os que já tínhamos aqui,
mas também se pede o uso de jogadores da base. Se o Flamengo tiver
oportunidade de agregar mais peças, mas o Flamengo o fará.
Reforçar a zaga é prioridade?
Compreendo você. Vou pedir a compreensão. Aqui é muito difícil manter
certo sigilo sobre sondagem ou negociação. É muito difícil atuar no
mercado quando nomes acabam vazando. Modifica preço, aumenta a
concorrência. Quando se especula por setores, também há o prejuízo
interno. Na verdade tenho que falar dos que aqui estão.
Reforços?
Devido ao fato de a jornada ser dura, não é o fato de essa eliminação
ser dolorosa para todos nós que fará mudar nosso tipo de filosofia.
Podemos agregar um ou dois nomes para caminhada de voltar à Libertadores
de 2018. Como não estamos em estágio avançado, não caberia eu ficar
falando sobre isso.
Brasileiro é obrigação?
Muito difícil falar que se tornou uma obrigação conquistar um
campeonato, que, além de longo, é muito difícil. Temos de voltar à
Libertadores, até porque estando no torneio todos anos você se aproxima
mais de um título. Para você atingir a vaga, tem que brigar em cima.
Vamos tentar de todas as formas o título do Brasileiro ou da Copa do
Brasil. Fla quer conquistar mais títulos do que somente o Carioca. Se
for o Brasileiro, muito bom, porque vamos encarar todos os jogos como
finais.
Como reconquistar a torcida?
Sentimento do torcedor é o nosso. Essa frustração, essa indignação. Uso
a palavra frustração porque você só se frustra com o que entende que é
possível. Tenho absoluta certeza de que a torcida quer poder de reação
no time. Se a equipe mostrá-lo justamente para que busquemos novamente
as primeiras colocações. O torcedor virá, nunca deixou de estar ao nosso
lado. Não houve qualquer tipo de manifestação que a equipe não honrou a
camisa. O torcedor que se sentir representado por essa equipe.
E Conca, estreia quando?
Tanto a inscrição no estadual e na Libertadores foi no sentido de
inscrevermos todos os atletas que estavam no elenco. Expectativa de
utilização existe, isso vem sendo tratado pelo departamento médico, que
vai disparar para o Zé o momento em que estiver perto do ideal. Foi
contratado pela qualidade, histórico e também por uma oportunidade de
recuperação.
Por que o planejamento não resistiu à lesão do Diego?
Alguém à altura do Diego... Vamos analisar esse fato... Tínhamos o
Mancuello, talvez atrasou um pouco o o retorno do Ederson, isso é fato.
Fla foi campeão carioca invicto sem o Diego. Fla perdeu da Católica com o
Diego. Nós não fazemos avaliações desse tamanho. Temos que avaliar o
todo. Perdemos e vencemos com ele. Não podemos creditar essa eliminação à
ausência do Diego. Claro que aumentaria nossa chance de classificação
com ele em campo, por tudo que ele representa.
É só mais uma derrota?
Eu não disse que foi mais uma derrota. Tá todo mundo machucado, como o
torcedor também. Isso está claro para todos nós, desde o presidente ao
nosso mais humilde funcionário. Nossa dor é gigantesca. Temos que tirar
disso tudo. Já ganhamos uma competição, saímos da maior de todas. Se
podemos minimizar toda essa dor, é fazer um grande ano.
Renovação do Réver
Estamos muito otimistas. Temos conversa adiantada com o Internacional,
detentor dos seus direitos. É identificado com a torcida. É o último
brasileiro a levantar a Libertadores. Virou obsessão, que espero que
tenha sido adiada. Vamos tentar sacramentar nos próximos dias, mas
depende de todas as partes. O jogador quer ficar, e o atleta também.
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