Da escolinha do Jerê, no bairro Feu Rosa, na Serra, região
metropolitana de Vitória, até a Copa São Paulo de juniores Lincoln se
acostumou a furar filas. Com apenas 13 anos, era convocado para a
seleção brasileira sub-15. No Flamengo desde janeiro de 2012, hoje, ele é
o camisa 9 do time na Copinha em São Paulo - em dois jogos, ainda não
conseguiu marcar. Mas já se firmou como um dos grandes expoentes da
famosa geração 2000. Ao lado do parceiro Vinicius, Lincoln, o L9,
apelido que ganhou na internet e adotou no Twitter pessoal, é motivo de
muita atenção no Fla. No fim do ano passado, ele assinou primeiro
contrato profissional.
Lincoln é capixaba e começou a jogar bola com apenas quatro anos em
escolinhas do bairro no Espírito Santo. Uma excursão para jogar
amistosos no Rio antecipou os primeiros Fla-Flus da vida do garoto. Ele
se destacou ao enfrentar o Fluminense e chamou a atenção dos olheiros do
Rubro-Negro e do Santos. Mas o coração bateu mais forte.
Com o pai Josimar - que acompanha o filho na Copinha - e toda a família
- a mãe Luciene e os irmãos Nicolas e Ryan -, ele veio para o Rio de
Janeiro jogar no Flamengo. Hoje, mora em Vargem Pequena, próximo ao
Ninho do Urubu. O contrato de três anos - um "bom contrato", como lembra
o empresário Pedro Pereira, que trabalha com Thalles no Vasco, entre
outros atletas - é daqueles com multa alta, cerca de R$ 100 milhões, e
premiação com metas. Há cinco anos também tem contrato próprio de
material esportivo. O cuidado do Fla é tanto que havia preocupação dele
não dar entrevista até o registro do novo vínculo.
- Ele é bem
precoce na carreira. Fiquei com medo quando ele tinha 13 anos e foi
jogar torneio sub-15. Agora, que tem 16 e enfrenta jogador de 20 anos.
Mas ele me fala: "Não tem isso não. Eles têm mais força, mas é futebol
igual". Falo para ele: "Se você está dizendo..." - lembra o pai, que
deixou trabalho de tampador em fábrica na Serra para ficar ao lado do
filho.
Indicado por André Silva, ex-zagueiro do Botafogo, que
foi campeão da Conmebol em 1993, ao empresário Pedro Pereira, Lincoln
arrebentou numa final contra o Corinthians na Copa Brasil-Japão,
realizada no CFZ, no Rio.
Ao lado de Vinicius e da geração
promissora de 2000, Lincoln foi responsável pelo massacre na final do
estadual 2016 juvenil este ano contra o vasco. No placar agregado, 10 a 1
para o Rubro-Negro - dois de Lincoln, que fez 21 no primeiro ano de
juvenil. No campeonato estadual infantil, também foi campeão e
artilheiro, marcando 28 gols. O pai tem dupla satisfação ao comentar
essas goleadas em cima do Vasco.
- Gozei demais meus amigos
vascaínos. O melhor jogo é contra o Vasco, né. Ele gosta, a motivação é
maior. No início ele não marcava contra o Vasco, eu falava com ele
disso: "você faz gol em todo mundo". E ele dizia: "calma que vai sair" -
conta seu Josimar.
A dupla com Vinicius já é famosa na Gávea. Tanto dentro quanto fora de campo, eles são inseparáveis.
-
Eles ficam direto juntos. Até na virada do ano ele passou na casa do
Vinicius lá em São Gonçalo - diz o pai de Lincoln, que sonha com a dupla
de ataque no profissional. - É um sonho deles. Quem sabe Deus não
reserva isso para os garotos.
Ao lado de Vinicius (direita), Lincoln comemora a goleada sobre o vasco: 10 a 1 contra o rival (Foto: Gustavo Rotstein)
O
destaque nos últimos torneios - apesar da idade - é tanto que ainda no
fim do ano passado ele foi para a Copa RS e voltou a aparecer bem. O
técnico Gilmar Popoca não teve dúvida: é titular do seu time. Vinicius,
que brilhou na estreia com dois gols e fez a jogada do gol da vitória
sobre o São Bento, ainda está na reserva.
- Ele é um jogador
de uma qualidade técnica, de uma definição dentro da área
impressionante. Dei oportunidade para ele na Copa RS, ele chegou e fez
diferença. Manteve nível muito alto de atuações mesmo sendo um atleta
que ainda ia completar 16 anos. A gente sabe muito o potencial, mas tem
que ter paciência, o garoto tem apenas 16 anos. Na função do atacante
centralizado ele é um jogador diferente mesmo. Cada vez enfrentar mais
vai adversários mais duros. Então a gente tem que trabalhar
principalmente a cabeça dele para que não aconteça alguma coisa errada
no percurso - destacou Popoca, na véspera da estreia na Copinha.
Zé elogia, mas lembra: "Devagar que o santo é de barro"
Técnico
de todas as categorias de base do Flamengo, Zé Ricardo foi treinador de
Lincoln na chegada ao Rubro-Negro. Conhece bem o garoto e acompanha a
trajetória da dupla que faz com Vinicius desde os primeiros passos com a
camisa do Flamengo. Se no time da Copa RS e também da Copinha -,
Lincoln é titular e Vinicius reserva, na seleção sub-17 acontece o
contrário. Unha e carne na base do Fla, eles sonham um dia formar dupla
de ataque no profissional.
O pai Josimar se encheu de orgulho dos gols do filho contra o vasco (Foto: Arquivo pessoal)
-
É um sonho é dar muitas alegrias à torcida rubro-negra - disse ainda na
Gávea, após a goleada no vasco, em dia que ele e Vinicius marcaram dois
gols cada.
Em dois jogos na Copinha - com duas vitórias do
Rubro-Negro -, Lincoln não conseguiu deixar o dele. Os conselhos de
Gilmar Popoca eram de quem conhece bem como a banda toca. O jogador
ainda está em fase de amadurecimento do futebol, mas é tratado com
carinho especial no Ninho do Urubu. Cuidado igual tem Zé Ricardo, que o
conhece há bastante tempo.
- É um jogador que desperta
interesse grande para a gente. É muito
talentoso, mas é muito jovem também. Sabe jogar dentro da área, sair
para os lados. Bom poder de
finalização com as duas pernas, bom nível de cabeceio, sabe se
posicionar. Mas ainda é muito novo. Foi meu atleta em
2012, em 2013 a gente já o utilizava no infantil. Fomos campeões da Copa
Brasil-Japão,
no CFZ. Era o primeiro campeonato nacional dele. Tinha 13 anos num
campeonato sub-15 e parecia que era o quintal de casa dele. Foi muito,
mas muito bem mesmo e foi um dos artilheiros. Mas devagar, devagar, que o
santo é de barro. A gente já viu muitas
histórias não acontecendo. Ele faz trio de ataque infernal com o
Vinicius e com o Bill,
que não está na Copinha, que veio do Nova Iguaçu - comentou Zé Ricardo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário