Depois
de um ano de vacas magras no remo do Flamengo, com a polêmica dispensa
de praticamente toda a equipe sênior, a diretoria rubro-negra promete
reformulação profunda no esporte que deu origem ao clube. O primeiro
passo foi a contratação do francês Stèphane Durand, ex-técnico da
confederação da França, para ser consultor da modalidade em todos as
categorias. A ideia é implementar o modelo francês, nos qual os atletas
não são cem por cento profissionais do esporte.
— Este ano,
tivemos um grande problema por causa dos Jogos, com as garagens fechadas
por quatro meses. Então, pensamos em usar o ano para a quebra do modelo
atual, que era de pouca formação e busca por atletas prontos. Foi um
ano de estruturação do planejamento. Fomos pouco competitivos.
Participamos apenas de 1/3 das provas do Estadual e metade das provas do
Brasileiro, pois não tínhamos atletas — explicou o vice-presidente de
Remo Bruno Cotecchia.
Agora, o Flamengo pretende trazer atletas
que aceitem o modelo de parceria. Ou seja, o clube não pagará altos
salários aos remadores, mas oferecerá todos os serviços que dispõe, como
a nova flotilha comprada e a academia especializada. Atualmente, a
diretoria já limitou um teto, que não chega à metade dos salários mais
altos do esporte no Brasil.
— Muitos foram embora, pois não
aceitaram esse modelo. O clube não é mais o patrão, mas um parceiro no
projeto esportivo. Queremos oferecer bons barcos, treinamento de ponta e
dividir os ganhos futuros com os atletas, em caso de patrocínios, por
exemplo — disse Cotecchia, explicando que os benefícios podem ser de
bolsas de estudos a ofertas de empregos em empresas parceiras do
Flamengo.
Se, à primeira vista, o modelo pode ter afastado alguns remadores do clube, Cotecchia conta que alguns já entenderam o projeto:
—
A Fernanda Nunes, atleta olímpica, chegou a sair e voltou. Ela comprou a
proposta e recusou outros clubes onde teria ganho financeiro maior —
lembra o vice, que pretende fechar a equipe com 60 atletas, ainda em
fase de prospecção.
Resultados, porém, são esperados apenas em
2018. No ano que vem, a meta é voltar a ser competitivo e estar presente
em todas as categorias. Disputar e ganhar títulos somente em 2018. Para
isso, conta com a experiência de Durand, que também ministrará períodos
de treinamento no clube e fora do país. Ele chegará no mês que vem e
levará dois atletas rubro-negros para participar de um camp em Porto Rico, com remadores americanos, mexicanos e porto-riquenhos.
—
Lá fora, os técnicos atendem da base à equipe principal. Eles ensinam a
remar e depois preparam o atleta. Ele fez isso com a Argentina. Pegou
quatro remadores, e, em quatro anos, os levou à final olímpica em
Londres-2012 — conta o vice-presidente.
O intercâmbio feito durante os Jogos - os ingleses usaram as dependências do clube e doaram equipamentos — continuará em vigor:
— Ele vai escolher dois atletas de fora do país que tenhamos condições
de pagar. Mas a ideia é que eles permaneçam aqui após os campeonatos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário