Mapa mostra as alterações feitas na Gávea durante o período da Olimpíada (Foto: Tiago Leme)
No mesmo dia em que a nova piscina do clube foi inaugurada,
a diretoria do Flamengo fez questão de destacar o legado que os sócios
rubro-negros terão com a parceria firmada com o Comitê Olímpico dos
Estados Unidos (USOC) para os Jogos de 2016. Com investimento total de
R$ 5 milhões em reformas de ginásios e compra de equipamentos, além de
um programa de marketing e troca de conhecimentos, os americanos
montaram um "quartel general" na sede da Gávea para ser o local de
treinamentos durante a competição. Com um forte esquema de segurança
para receber centenas de atletas de 13 modalidades, o comitê dos EUA vai
limitar acessos e mudar a rotina de funcionamento do clube carioca.
A
partir desta semana e até o final da Olimpíada do Rio de Janeiro,
praticamente metade da área da Gávea ficará sob responsabilidade dos
americanos, que montarão barreiras de fiscalização em determinados
pontos e só permitirão a entrada de pessoas credenciadas por eles. Nem
mesmo funcionários do Flamengo poderão entrar nas instalações cedidas no
acordo feito. Apesar de o USOC não divulgar o esquema de segurança
montado, o espaço do QG americano foi minuciosamente analisado, agentes
devem ficar espalhados pelas ruas próximas, e o estado de alerta será
constante inclusive por causa da preocupação com o terrorismo.
Um
mapa de aviso distribuído aos sócios mostra as alterações no
funcionamento, restrições e as proibições de circulação durante este
período. Entre os locais de uso exclusivo dos atletas dos EUA, estão os
ginásios de basquete, de vôlei, de ginástica artística, o campo de
futebol (que será usado para rugby), quadra de vôlei de praia, academia e
sala para judô.
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Em 2013, no início do nosso mandato, foi encontramos um contrato com o
Comitê Olímpico Americano, mas os termos naquela época eram ruins para o
Flamengo. Teríamos quase que entregar o clube para eles como se fosse
um aluguel, mas sem contrapartida nenhuma deles. Quase que rompemos o
contrato, mas conseguimos negociar e no fim acabou sendo ótimo, fizemos
uma parceria muito melhor, vantajosa para o Flamengo. Antes o acordo era
exclusivo, agora não é mais, tanto que os britânicos e alguns russos
também vão treinar aqui na Gávea. Com o novo acordo, multiplicamos por
quatro vezes o valor original do contrato. E além das reformas e
equipamentos novos, a parceria também envolve a troca de experiência.
Uma equipe do Flamengo vai passar uma semana com eles lá nos Estados
Unidos, temos muita coisa para aprender com os americanos em vários
aspectos - explicou Alexandre Póvoa, vice-presidente de esportes
olímpicos do Fla, citando o contrato inicial assinado em 2011 pela
gestão da ex-presidente Patrícia Amorim e renegociado depois que Eduardo
Bandeira de Mello assumiu o cargo.
Ginásio Togo Renan Soares, de vôlei, foi reinaugurado em 2015
Ginásio Togo Renan Soares, de vôlei, foi reinaugurado em 2015
As modalidades dos Estados
Unidos que treinarão na Gávea são badminton, basquete, ginástica, judô,
levantamento de peso, natação (mar aberto), pentatlo moderno, remo,
rugby,
futebol, tênis de mesa, triatlo e
vôlei de praia. O país também terá outras bases no Rio, como a Escola
Naval, por exemplo, que receberá o atletismo. As principais melhorias
feitas na sede do Rubro-Negro com a verba financeira dos estrangeiros
foram um novo sistema de ar condicionado nos ginásios, troca da
iluminação, pintura, instalação de novo piso, modernização dos
vestiários e a compra de equipamentos modernos esportivos, de preparação
física e fisioterapia.
O ginásio Cláudio Coutinho, de ginástica artística, foi completamente reformado na Gávea (Foto: Tiago Leme)
Além
dos americanos, o Flamengo também vai receber nos Jogos Olímpicos a
Grã-Bretanha, que vem com uma delegação menor para o local, apenas cinco
modalidades, mas também investiu R$ 1 milhão em reformas. Somando os
dois países, serão cerca de 200 atletas internacionais na Gávea. A nova
piscina olímpica também ficará à disposição dos estrangeiros, será o
único lugar compartilhado entre os dois Comitês, e os sócios não poderão
utilizá-la por enquanto. Por causa do acordo, as aulas das escolinhas
de esporte do clube serão suspensas. Por outro lado, as piscinas
sociais, sauna, quadras de tênis e campo de futebol society permanecerão
abertas normalmente aos sócios, já que não serão usadas pelos
americanos e nem pelos britânicos.
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Claro que a vida do clube não vai ser normal neste período, os sócios
vão ter certa limitação, mas o legado que vai ficar para eles é enorme. O
Comitê Olímpicos dos Estados Unidos vai trazer sua própria equipe de
segurança, sabemos que existe uma preocupação grande quanto a isso.
Mesmo assim, é possível que em alguns treinos os sócios possam assistir
durante um tempo. Mas são os americanos que decidem isso, quem vai poder
entrar ou não - disse Póvoa.
O valor investido pelo Comitê
Olímpico dos Estados Unidos no Flamengo foi de R$ 5 milhões, o que
representa 27% do investimento total de R$ 18 milhões feito em
infraestrutura e equipamentos nos esportes olímpicos do clube nos
últimos três anos e meio. O restante do dinheiro veio de projetos de
leis do incentivo, patrocínios e do próprio caixa flamenguista. Juntando
tudo, incluindo despesas físicas e operacionais, o investimento neste
setor do Fla foi de R$ 78 milhões desde o início de 2013 até agora.
Sala de judô do Flamengo vai ficar à disposição do Comitê Olímpico dos EUA
Sala de judô do Flamengo vai ficar à disposição do Comitê Olímpico dos EUA
Além
de receber americanos e britânicos, a Gávea terá um espaço no prédio
principal destinado à empresa de auditoria Ernst Young durante a
Olimpíada. Já o Ninho do Urubu, centro de treinamento de futebol, estará
à disposição das seleção da Argentina, e recebeu R$ 250 mil do Comitê
Rio 2016 para a reforma de campos e vestiários.
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