segunda-feira, 25 de julho de 2016

Investimento de R$ 5 mi, reformas e forte segurança: o QG dos EUA no Flamengo


Mapa mostra as alterações feitas na Gávea durante o período da Olimpíada (Foto: Tiago Leme) 
Mapa mostra as alterações feitas na Gávea durante o período da Olimpíada (Foto: Tiago Leme)

No mesmo dia em que a nova piscina do clube foi inaugurada, a diretoria do Flamengo fez questão de destacar o legado que os sócios rubro-negros terão com a parceria firmada com o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC) para os Jogos de 2016. Com investimento total de R$ 5 milhões em reformas de ginásios e compra de equipamentos, além de um programa de marketing e troca de conhecimentos, os americanos montaram um "quartel general" na sede da Gávea para ser o local de treinamentos durante a competição. Com um forte esquema de segurança para receber centenas de atletas de 13 modalidades, o comitê dos EUA vai limitar acessos e mudar a rotina de funcionamento do clube carioca.

A partir desta semana e até o final da Olimpíada do Rio de Janeiro, praticamente metade da área da Gávea ficará sob responsabilidade dos americanos, que montarão barreiras de fiscalização em determinados pontos e só permitirão a entrada de pessoas credenciadas por eles. Nem mesmo funcionários do Flamengo poderão entrar nas instalações cedidas no acordo feito. Apesar de o USOC não divulgar o esquema de segurança montado, o espaço do QG americano foi minuciosamente analisado, agentes devem ficar espalhados pelas ruas próximas, e o estado de alerta será constante inclusive por causa da preocupação com o terrorismo.

Um mapa de aviso distribuído aos sócios mostra as alterações no funcionamento, restrições e as proibições de circulação durante este período. Entre os locais de uso exclusivo dos atletas dos EUA, estão os ginásios de basquete, de vôlei, de ginástica artística, o campo de futebol (que será usado para rugby), quadra de vôlei de praia, academia e sala para judô.

Ginásio Togo Renan Soares (Foto: Amanda Kestelman)- Em 2013, no início do nosso mandato, foi encontramos um contrato com o Comitê Olímpico Americano, mas os termos naquela época eram ruins para o Flamengo. Teríamos quase que entregar o clube para eles como se fosse um aluguel, mas sem contrapartida nenhuma deles. Quase que rompemos o contrato, mas conseguimos negociar e no fim acabou sendo ótimo, fizemos uma parceria muito melhor, vantajosa para o Flamengo. Antes o acordo era exclusivo, agora não é mais, tanto que os britânicos e alguns russos também vão treinar aqui na Gávea. Com o novo acordo, multiplicamos por quatro vezes o valor original do contrato. E além das reformas e equipamentos novos, a parceria também envolve a troca de experiência. Uma equipe do Flamengo vai passar uma semana com eles lá nos Estados Unidos, temos muita coisa para aprender com os americanos em vários aspectos - explicou Alexandre Póvoa, vice-presidente de esportes olímpicos do Fla, citando o contrato inicial assinado em 2011 pela gestão da ex-presidente Patrícia Amorim e renegociado depois que Eduardo Bandeira de Mello assumiu o cargo.

 Ginásio Togo Renan Soares, de vôlei, foi reinaugurado em 2015

As modalidades dos Estados Unidos que treinarão na Gávea são badminton, basquete, ginástica, judô, levantamento de peso, natação (mar aberto), pentatlo moderno, remo, rugby, futebol, tênis de mesa, triatlo e vôlei de praia. O país também terá outras bases no Rio, como a Escola Naval, por exemplo, que receberá o atletismo. As principais melhorias feitas na sede do Rubro-Negro com a verba financeira dos estrangeiros foram um novo sistema de ar condicionado nos ginásios, troca da iluminação, pintura, instalação de novo piso, modernização dos vestiários e a compra de equipamentos modernos esportivos, de preparação física e fisioterapia.

Ginásio Cláudio Coutinho, de ginástica artística, foi completamente reformado na Gávea (Foto: Tiago Leme) 
O ginásio Cláudio Coutinho, de ginástica artística, foi completamente reformado na Gávea (Foto: Tiago Leme)

Além dos americanos, o Flamengo também vai receber nos Jogos Olímpicos a Grã-Bretanha, que vem com uma delegação menor para o local, apenas cinco modalidades, mas também investiu R$ 1 milhão em reformas. Somando os dois países, serão cerca de 200 atletas internacionais na Gávea. A nova piscina olímpica também ficará à disposição dos estrangeiros, será o único lugar compartilhado entre os dois Comitês, e os sócios não poderão utilizá-la por enquanto. Por causa do acordo, as aulas das escolinhas de esporte do clube serão suspensas. Por outro lado, as piscinas sociais, sauna, quadras de tênis e campo de futebol society permanecerão abertas normalmente aos sócios, já que não serão usadas pelos americanos e nem pelos britânicos.

Sala de judô do Flamengo vai ficar à disposição do Comitê Olímpico dos Estados Unidos - Gávea (Foto: Tiago Leme)- Claro que a vida do clube não vai ser normal neste período, os sócios vão ter certa limitação, mas o legado que vai ficar para eles é enorme. O Comitê Olímpicos dos Estados Unidos vai trazer sua própria equipe de segurança, sabemos que existe uma preocupação grande quanto a isso. Mesmo assim, é possível que em alguns treinos os sócios possam assistir durante um tempo. Mas são os americanos que decidem isso, quem vai poder entrar ou não - disse Póvoa.

O valor investido pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos no Flamengo foi de R$ 5 milhões, o que representa 27% do investimento total de R$ 18 milhões feito em infraestrutura e equipamentos nos esportes olímpicos do clube nos últimos três anos e meio. O restante do dinheiro veio de projetos de leis do incentivo, patrocínios e do próprio caixa flamenguista. Juntando tudo, incluindo despesas físicas e operacionais, o investimento neste setor do Fla foi de R$ 78 milhões desde o início de 2013 até agora.

 Sala de judô do Flamengo vai ficar à disposição do Comitê Olímpico dos EUA

Além de receber americanos e britânicos, a Gávea terá um espaço no prédio principal destinado à empresa de auditoria Ernst Young durante a Olimpíada. Já o Ninho do Urubu, centro de treinamento de futebol, estará à disposição das seleção da Argentina, e recebeu R$ 250 mil do Comitê Rio 2016 para a reforma de campos e vestiários.

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