A aprovação do acordo de R$ 61 milhões do Flamengo com o Consórcio Plaza, em reunião na quinta-feira da semana passada,
ainda agita os corredores na Gávea. Conselheiro benemérito do clube, o
desembargador Siro Darlan - relator em comissão interna em 2010 sobre o
caso - protocolou carta nesta quarta-feira, na secretaria do clube,
cobrando do presidente Eduardo Bandeira de Mello para entrar com ação de
regresso contra o ex-presidente Kleber Leite. No texto, divulgado pelo
blog Ser Flamengo, Darlan diz que é "imperioso" que Bandeira tome as
"providências, no prazo de 30 dias, para ressarcir o prejuízo causado
pelo responsável pelo uso indevido do clube sem o necessário respaldo do
Conselho Deliberativo".
- Em 2010, fui relator da comissão
que apurou responsabilidade do Kleber Leite neste caso. Já naquela
ocasião, o Conselho Deliberativo tinha aprovado entrar com ação
rescisória. Mas só podia entrar depois de pagar a dívida, o que foi
feito agora, com o Conselho aprovando o pagamento. A sentença judicial
autoriza o clube a entrar com essa ação regressiva. O Kleber Leite
assinou contrato sem autorização do Conselho Deliberativo. Estou pedindo
apenas que o presidente cumpra essa decisão em colegiado para evitar
dano ao clube - disse Darlan.
No seu blog - veja o texto completo aqui
-, Kleber Leite se diz vítima de "conspiração de malandragem,
inconsequência e incompetência". O ex-dirigente lembra que a condição
para o recebimento de R$ 6 milhões era a aprovação da construção do
shopping na Gávea, o que chegou efetivamente a ser aprovado. Mas a
confissão do presidente do Consórcio José Isaac Perez de que havia
corrompido vereadores, que aprovaram o empreendimento na Câmara, levou o
governador Anthony Garotinho a revogar a decisão.
Para
Kleber Leite, o erro foi de Edmundo dos Santos Silva - presidente do
Flamengo em 1999 -, que não tomou nenhuma providência contra o Consórcio
e ainda "admitiu dívida que não existia", ironizando tratar-se de "uma
louca vontade (de Edmundo) de pagar..." o Plaza. Darlan diz que já ouviu
e leu todas as justificativas de Kleber Leite a respeito do assunto,
mas não se convenceu.
- Tenho a gravação do depoimento dele.
Ele diz que o Flamengo não deve, que foi mal defendido... Tem muita
coisa aí - afirmou, enigmático, o desembargador, que pressiona Bandeira
de Mello. - Ou toma as providências ou vai assumir a responsabilidade
pela negligência.
A diretoria rubro-negra - através do
departamento jurídico e decisão final do Conselho Diretor - analisa o
caso. Nos últimos dias, o ex-presidente Kleber Leite publicou novo texto
em defesa própria sobre o Consórcio Plaza. Nos bastidores da Gávea, há
ceticismo quanto a eventual cobrança e consequente enfrentamento dos
dirigentes atuais ao ex-presidente. Na reunião da semana passada, a
reação de conselheiros da situação e também de oposicionistas forçou o
presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Dunshee de Abranches, a
levar ao voto a aprovação com a possibilidade de ação de regresso contra
responsáveis pela dívida.
Na terça-feira da semana que vem o
Conselho Deliberativo volta a se reunir. Em pauta, a aprovação do
balanço patrimonial do clube de 2015 e também a avaliação sobre emendas
ao estatuto do Flamengo.
Em 1995, o então jogador do Flamengo, Edmundo, fez um gesto nada delicado para a torcida do vasco que o xingava.
Entenda o caso
A
disputa judicial entre Flamengo e Consórcio Plaza se arrasta desde 2002
nos tribunais. O problema começou em 1996, quando Kleber Leite era o
presidente do Flamengo. O montante se refere a uma dívida, que o clube
não reconhecia, contraída com recebimento de R$ 6 milhões feito junto ao
consórcio, que arrendaria a Gávea por 25 anos para a construção de um
shopping. O empreendimento não saiu do papel e a verba já havia sido
aplicada na contratação de Edmundo, e o caso passou a ser contestado na
Justiça. Com o passar dos anos, a dívida se multiplicou e hoje, de
acordo com cálculos do clube, passou de R$ 90 milhões. Na semana
passada, o Conselho Deliberativo aprovou acordo de pagamento de R$ 61
milhões ao grupo Multiplan, do Consórcio Plaza, para encerrar o caso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário