sábado, 7 de novembro de 2015

Um mês para o pleito: ataques entre ex-aliados e momentos decisivos

Sem ter disputado uma final de campeonato na temporada e com o time praticamente fora da briga pelo G-4, o Flamengo se concentra na principal decisão de 2015: as eleições presidenciais, marcadas para 7 de dezembro, exatamente daqui a um mês, no dia seguinte à última rodada do Brasileirão. Estão na disputa Eduardo Bandeira de Mello (Chapa Azul), Wallim Vasconcellos (Chapa Verde) e Cacau Cotta (Chapa Branca).

O processo eleitoral, iniciado desde os primeiros meses do ano, é marcado pelo racha no grupo que venceu o pleito anterior. Alheio à cisão, Cacau, conhecido por estilo explosivo, adota discurso mais light e até saiu em defesa de Bandeira quando Luiz Eduardo Baptista, o Bap, figura central do desmanche da "Chapa Fla Campeão do Mundo" e vice de marketing do Fla entre 2013 e fevereiro de 2015, chamou o atual presidente de "burro com iniciativa"

A saída de Bap foi o estopim do início da guerra entre Eduardo Bandeira de Mello e muitos de seus ex-companheiros. O empresário, presidente da SKY, não concordou com o comportamento de Bandeira em reunião (arbitral) na Ferj cuja pauta trava do preço dos ingressos para o Carioca,ocorrida no início do ano. Segundo Baptista, lideranças do grupo não queriam que o mandatário nem marcasse presença no tal encontro. 

Candidatos Flamengo (Foto: GloboEsporte.com) 
Bandeira, Wallim e Cacau: 7 de dezembro as urnas determinarão quem será o presidente (Foto: GloboEsporte.com)


Outro ponto fundamental da briga é que Wallim Vasconcellos, candidato original da Chapa Azul em 2012 - impugnado no pleito passado por não ter cinco anos ininterruptos de vida associativa - e seus correligionários acusam Eduardo de não ter cumprido acordo que determinava a sua não participação nas eleições. O mandatário contesta a existência de tal trato e garante que desde o fim do ano passado já havia sido definido que tentaria a reeleição, apoiado por Wallim e outros cabeças da Chapa Verde.

O racha foi consolidado em julho, quando, em reunião na casa de um dos vice-presidentes, tentou-se novamente um acerto. Wallim, Rodolfo Landim (vice geral do grupo), Bap e Gustavo Oliveira (ex-vice de comunicação) passaram a argumentar que a proposta do grupo vencedor de 2012 era de um governo parlamentarista e não "personalista".
 
Em 4 de agosto, quando lançaram oficialmente a candidatura do ex-vice de futebol, colocaram-se como "situação" , pois consideravam que a maior parte da "Fla Campeão do Mundo" seguia unida, mas agora contra Eduardo. Passavam a ser oposição ao modelo de gestão que hoje contestam.

O contra-ataque de Bandeira foi quase que instantâneo. Durante o evento que apontava Wallim como um dos candidatos, o site oficial do Flamengo comunicou oficialmente as destituições de Wallim Vasconcellos, Rodolfo Landim e Gustavo Oliveira das vice-presidências de patrimônio, planejamento e comunicação, respectivamente.

Cacau Cotta, de temperamento forte e envolvido em acusação de que teria trocado agressões com Clément Izard, diretor-executivo do Fla-Gávea em 2013, não se mete na briga de cão e gato que azuis e verdes vêm travando. Izard sofreu esvaziamento no clube, que acabou deixando meses depois. Em 2015, foi indiciado por injúria, difamação e falsa identidade - divulgou boato no qual jogadores do Vasco teriam relação homoafetiva em matéria falsa que atribuiu a um jornalista. Trata Eduardo Bandeira de Mello e Wallim Vasconcellos como candidatos de "mesmo DNA". Seu discurso é pautado num futebol dirigido por pessoas que tenham experiência no ramo e na aposta em preços populares tanto de ingressos dos jogos e quanto das mensalidades do programa de sócio-torcedor.

"Case de sucesso" de uma gestão que nunca se apresentou estável no futebol, a pasta de finanças do mandato Bandeira de Mello, segundo Cacau Cotta, não é tão bem-sucedida quanto é cantada. Para ele, os atuais administradores trocaram a dívida pública pela privada. Também contesta números apresentados por auditoria feita pela Ernst & Young no início de 2013. Estes apontavam dívida de R$ 750 milhões deixadas pelo gestão de Patrícia Amorim, da qual o candidato da Chapa Branca fez parte como vice do Fla-Gávea e de administração.

Segunda-feira decisiva para Bandeira e Wallim

Eduardo Bandeira de Mello e Wallim Vasconcellos sofreram tentativa da impugnação de suas respectivas candidaturas durante o processo eleitoral corrente. Wallim, pelo mesmo motivo alegado em 2012: tempo insuficiente de vida associativa de forma ininterrupta. Bandeira, por sua vez, foi alvo do desembargador Siro Darlan. Darlan baseou-se em entrevista de Wallim ao "O Globo", na qual acusou o presidente e seus pares de distribuírem camarotes no Maracanã, cargos e materiais do Flamengo dentro do clube.

No último dia para o registro de chapas, em 20 de outubro, a Comissão Permanente Eleitoral considerou improcedente os pedidos de impugnação, e os antigos aliados passaram ilesos.

Siro Darlan não desistiu de impugnar Bandeira e pretende "barrar" a Chapa Azul de forma integral. No último dia 3, fez novo peticionamento com base no artigo 8º da Lei 12.527/2011, que dispõe sobre a garantia do acesso a informações previsto no art.5º, inc, XXXIII, art. 37, §3º, inciso II e no art. 216, §2º da Constituição da República Federativa do Brasil.

Com o requerimento, Siro reiterou o pedido de informações sobre as denúncias feita por Wallim contra Bandeira.

A decisão final sai no plenário do Conselho de Administração, marcado para a próxima segunda-feira. A data em questão decide a homologação ou não das três candidaturas.

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