O
afastamento de cinco jogadores do Flamengo na noite dessa quarta-feira
caiu como uma notícia bombástica para boa parte de imprensa e torcida,
mas a participação do quinteto na festa, que culminou com a atitude
drástica por parte da diretoria, não foi vista internamente com
surpresa. A verdade é que não foi a primeira vez que Alan Patrick,
Everton, Marcelo Cirino, Paulinho e Pará se reuniram para festejar. O
problema é que o time vive péssimo momento - são seis derrotas nos
últimos sete jogos e chance remota de conquistar vaga na Libertadores
2016 -, e a exposição desnecessária causada pelos relatos de agito e
animação do evento só piorou a situação e irritou ainda mais os
dirigentes.
Esse mesmo grupo de jogadores, com exceção de Alan
Patrick, já havia causado a ira da torcida rubro-negra quando, em meio
ao mau momento vivido pela equipe no primeiro turno do Campeonato
Brasileiro, teve uma polêmica foto exposta nas redes sociais. Nela,
Everton, Cirino, Paulinho, Pará e Anderson Pico - que deixou o clube -
posavam sorridentes com garrafas da cerveja Stella Artois. Por isso,
passaram a ser chamados ironicamente por torcedores, principalmente no
Twitter, de "Bonde da Stella", e receberam cobranças por mais empenho.
Houve até pichações nos muros da Gávea e cartazes ameaçadores com
reproduções da foto. Em outro momento polêmico vazado na web, Everton
apareceu aparentemente embriagado em vídeo com um amigo e duas mulheres.
Elenco reprova festa; quinteto "queimado"
Sobre
a festa da última terça, os envolvidos sustentam a versão de que não
houve qualquer tipo de baderna e que se tratava apenas de uma
confraternização normal durante a tarde. A diretoria, no entanto, não
comprou a ideia e decidiu pela punição. Alguns dirigentes ficaram
cientes do episódio na terça à noite, quando relatos começaram a se
espalhar por grupos de WhatsApp, mas outros só souberam na quarta pela
manhã, quando houve a reunião. Sem provas concretas do acontecido, mas
conhecendo o histórico do quinteto, a diretoria de forma geral acabou se
deixando levar pela influência externa, baseando-se na versão da
imprensa. Com grande parte da torcida indignada nas redes sociais e
pedindo até a demissão dos envolvidos, a opção por multa e afastamento
soou como uma resposta de comando.
Internamente, as reações do
elenco à ocorrência da festa foram ruins. A maioria só tomou
conhecimento ao fim do treino de quarta, quando houve a cobrança da
diretoria, e ficou indignada com a postura do quinteto por conta do mau
momento do Flamengo. Vários jogadores, por exemplo, têm se privado de
sair na rua para evitar cobranças e exposição. O afastamento, no
entanto, foi interpretado como exagero por alguns, uma vez que, apesar
de tudo, o quinteto estava num momento de lazer, fora do horário de
trabalho.
O técnico Oswaldo de Oliveira demonstrou chateação
com a atitude do grupo envolvido na festa, mas não participou da reunião
nem interferiu na tomada de decisão. Apenas deixou a cargo da direção
rubro-negra.
Everton, Alan Patrick, Paulinho, Pará e Marcelo Cirino: grupo dos afastados está sempre junto (Foto: Reprodução / Twitter)
Paulinho líder negativo; Everton perto de sair
A
proximidade dos cinco jogadores é evidente, tanto que eles costumam
postar fotos juntos nas redes sociais. Mas eles, mesmo antes da festa,
não passavam a melhor das imagens para a diretoria e os líderes do
elenco. No dia a dia vinha sendo notada certa falta de comprometimento
com o Flamengo. Até mesmo na hora das entrevistas e coletivas de
imprensa, onde a maioria deles se esconde. Alan Patrick é o único que
costuma falar mais. Do grupo atual, os que mais "botam a cara" em
momentos difíceis são Wallace, Paulo Victor e César Martins.
Quem
puxa a fila dos escondidos é Paulinho, visto como líder negativo do
grupo. O atacante, que chegou como desconhecido e teve momento de brilho
em 2013, no título da Copa do Brasil, causa impressão de marrento por
todos os cantos no Ninho do Urubu. Além disso, com o time em má fase, já
causou episódios de mal-estar no elenco exatamente por aparentar essa
falta de comprometimento. É ele quem deve puxar a fila também da saída,
apesar de não ter esse desejo - recusou ofertas do exterior no meio
deste ano. O Flamengo vê com bons olhos a chegada de uma proposta de
compra ou empréstimo do jogador, que tem contrato até fevereiro de 2018.
Outro
que deve sair, e por sinal está bem perto disso, é Everton. O
meia-atacante recebeu proposta do Tianjin Songjiang, time da segunda
divisão da China que contratou recentemente o técnico Vanderlei
Luxemburgo, e tem grande chance de se transferir na próxima janela. Ele
tem compromisso com o Rubro-Negro até o fim de 2017.
Os casos
dos demais são um pouco mais complicados e demandam análise mais
profunda da diretoria. O contrato de Pará, emprestado pelo Grêmio até o
fim deste ano, tem prevista uma renovação automática por mais dois anos,
que antes parecia mais certa de acontecer. Marcelo Cirino, por sua vez,
assinou com o Flamengo até o fim de 2017, e o clube da Gávea tem até
essa data para pagar ao fundo de investimentos Doyen Group o empréstimo
de R$ 16,5 milhões feito
para a compra de 50% dos direitos econômicos do atacante. Mas, como o
camisa 7 vive má fase desde o Campeonato Carioca e agora foi afastado, a
sequência dele no Fla em 2016 ficou improvável, ainda mais pelo fato de
despertar interesse de clubes do Brasil e de fora.
Alan Patrick: o mais sacrificante
Já
o afastamento de Alan Patrick, que também tem compromisso até dezembro,
parece ter sido a parte mais sacrificante para a diretoria rubro-negra.
Satisfeito com o desempenho do meia, o Flamengo já tinha acordo verbal
com o Shakhtar Donetsk-UCR para a renovação até o meio de 2016 e estava
se mexendo para estender o contrato pelo menos até o fim da próxima
temporada. Mas a punição coloca um freio em qualquer tipo de conversa
nesse aspecto. O histórico de festas de Alan em clubes por onde passou
antes do Fla, em especial o Internacional, chegou a ser comentado por um
ex-dirigente rubro-negro.
- Esse aí não bebe, ele mastiga a
garrafa. É o mal da camisa 27 - afirmou o ex-dirigente, fazendo alusão a
André Santos, ex-lateral-esquerdo do clube, antes de Alan mudar do 27
para o 19.
A diretoria diz que falar sobre a continuidade desses atletas no clube
em 2016, neste momento, é prematuro, e prefere esperar a poeira baixar
para pensar com calma e tomar a melhor decisão. O fato é que todos os
cinco viveram pelo menos algum bom momento em 2015, mas agora se veem "queimados" e
em descrédito com torcida e diretoria por conta da vida extracampo.
Alan Patrick, Everton, Marcelo Cirino, Paulinho e Pará seguirão treinando no Ninho do Urubu, mas em horários diferentes do grupo principal a partir desta quinta-feira. Quando a atividade for de manhã, eles trabalharão à tarde, e assim por diante. A punição é por tempo indeterminado.
Alan Patrick, Everton, Marcelo Cirino, Paulinho e Pará seguirão treinando no Ninho do Urubu, mas em horários diferentes do grupo principal a partir desta quinta-feira. Quando a atividade for de manhã, eles trabalharão à tarde, e assim por diante. A punição é por tempo indeterminado.
Preocupados com o futuro no Flamengo, os cinco jogadores têm um objetivo comum: o acerto com as esposas, que
não aceitaram a história de que não havia mulheres na festa da qual
participaram. Alan é casado com Carol; Everton, com Juliane; Cirino, com
Isa; Pará, com Pamela; e Paulinho, com Jessica. Todos têm filhos com
suas respectivas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário