No
início da semana, um edital de convocação assinado pelo presidente
Eduardo Bandeira de Mello levou ao conhecimento dos sócios do Flamengo a
intenção de alienação da mansão Fadel Fadel, localizada na Rua Jaime
Silvado, em São Conrado (veja a imagem do documento mais abaixo) . O imóvel que serviu de concentração para o time profissional nos anos 80
não faz parte dos planos da atual direção. E o chamamento público para
que propostas de compra sejam apresentadas por sócios tem como objetivo
principal se desfazer do local sem qualquer tipo de contestação por
parte dos associados, algo que já ocorreu recentemente.
–
Continuamos com a possibilidade de fazer alguma transação com o mesmo
pretendente da outra vez. Há conversas, mas decidimos dar uma chance aos
sócios ou a quem tiver proposta boa para que digamos: "Não veio nenhuma
outra proposta ou veio uma muita boa". Assim, poderemos comparar –
explicou Wallim Vasconcellos, vice-presidente de patrimônio do Flamengo.
Sem interessar ao Flamengo, a mansão Fadel Fadel encontra-se abandonada (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
Wallim enumera diversos fatores que o fazem, assim como seus pares, a convergirem em torno de uma solução rápida.
– Nossa
ideia é efetivamente nos desfazer do imóvel, porque não está nos planos
do Flamengo. Está lá se deteriorando. Hoje não tem mais sentido ficar
com ele. O que adianta mantê-lo? Não tem concentração, não é na Gávea
nem em Vargem Grande. É afastado de tudo. Toda a parte administrativa do
futebol está em Vargem Grande, no Centro de Futebol George Helal (Ninho
do Urubu), e o resto do clube está na gávea. Tem gastos de IPTU,
segurança e tudo mais. Então, não tem sentido manter aquele imóvel. Para
evitar qualquer contestação na hora de uma possível apresentação de
proposta ao Conselho Deliberativo, abrimos para os sócios. Processo
transparente, mas que não dê espaço para contestação.
Houve
uma proposta de permuta: o Flamengo trocaria o imóvel por salas no
Centro do Rio. Na ocasião, houve falta de quórum. Wallim admite que o
Flamengo voltou a conversar com a empresa responsável por esta oferta,
mas a obtenção de receitas com a mansão Fadel Fadel também é vista com
bons olhos no clube. O dinheiro seria investido no Ninho do Urubu.
– Se
houver qualquer parte que tenha "cash" como pagamento, vamos investir
no CT e na Gávea. Estamos caminhando em algumas obras no CT. Montando
fisiologia, a pedido do Caetano (Rodrigo, diretor executivo).
Começaremos daqui a duas semanas a parte de pavimentação. Não estamos
trabalhando no ritmo que gostaríamos, mas aos pouquinhos vamos
melhorando tanto a parte visual quanto a estrutural.
Jardim arborizado da mansão na década de 80, quando recebia os jogadores do Flamengo (Foto: Agência O Globo)
A
entrada de "cash" é bem-vinda, mas a permuta anteriormente também. Por
isso, Wallim trata com urgência o desejo de dirimir dúvidas sobre o
futuro da mansão Fadel Fadel.
– Era (positiva a proposta de
permuta), tanto que levamos para o Conselho. Dentro do parâmetro do
mercado, você tem um terreno, mas o terreno não vale praticamente nada. É
preciso saber quanto vale o terreno e para o que ali serve? Se consigo
fazer um prédio ou juntá-lo ao terreno do lado. Isso que é preciso
avaliar. É muito mais fácil avaliar se não houver uma proposta, que aí
não tem contestação. Mas se houver, não vão poder falar: "Ah, está muito
barato. Ah, eu consigo vender por duas vezes mais o que vocês estão
vendendo." Se está muito barato, cadê a proposta? Para isso, abrimos o
edital. Assim não haverá contestação.
Morro da Viúva
Outro ativo polêmico do Flamengo é o Edifício Hilton Santos, popularmente tratado como a sede do Morro da Viúva, e o clube pode retomá-lo em breve. A empresa REX, braço imobiliário da EBX, de Eike Batista, precisa obter até dezembro de 2016 o Habite-se, ato administrativo emanado de autoridade competente que autoriza o início da utilização efetiva de construções ou edificações destinadas à habitação.
– Até o fim do ano eles teriam que terminar a obra para fazer jus ao benefício da lei que a Prefeitura aprovou por conta das Olimpíadas. Isso já perderam e, a partir de janeiro, tem que pagar aluguel mínimo de R$ 270 mil por mês. Até dezembro de 2016, eles têm que conseguir o Habite-se. Se não conseguirem, vão devolver o imóvel ao Flamengo, que não terá nenhum ônus.
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