quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sem provas de dolo, MP pode acionar cartolas por culpa em "caso Héverton"


Sem provas consistentes que apontem para o recebimento de vantagens indevidas, o Ministério Público de São Paulo deve processar ex-dirigentes da Portuguesa por culpa – quando não há intenção – pelo “caso Héverton”, que provocou o rebaixamento do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2013.

Apesar das suspeitas do órgão de que cartolas receberam pagamento para omitir da comissão técnica a informação de que o jogador estava suspenso e não poderia atuar na última rodada daquele torneio, a promotoria ainda não encontrou documentos que corroborassem essa teoria. 

Ainda assim, o promotor Roberto Senise, que encabeça o inquérito, acredita ter indícios suficientes para que os ex-dirigentes enfrentem uma ação civil pública. Entre os apontados como responsáveis pelo erro que levou a equipe à segunda divisão estão o ex-presidente Manuel da Lupa, o ex-vice-presidente de futebol Roberto dos Santos e o advogado Valdir Rocha.

A investigação de Senise ainda não foi concluída. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apura o episódio, mas sob sigilo. É provável que nos próximos dias ambos convidem o ex-presidente Ilídio Lico, que sucedeu Da Lupa, para esclarecimentos.

Lico afirmou ao jornal Diário de S.Paulo, em entrevista publicada na última terça-feira, que o Fluminense e a Unimed, antiga patrocinadora do clube carioca, estariam por trás do caso – Héverton, suspenso, entrou em campo contra o Grêmio e fez com que a Portuguesa perdesse quatro pontos no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o que tirou o Tricolor do grupo de rebaixados e colocou a Lusa no lugar.

Pouco depois, ao Fox Sports, declarou ter sido mal interpretado. O GloboEsporte.com procurou o ex-presidente nesta quarta, mas ele se recusou a falar sobre o episódio – disse que pretende se explicar através de uma nota oficial.

Investigado, Da Lupa enviou a Senise pedido para que Lico seja convocado a prestar depoimento após as declarações. Ele também encaminhou ao senador Romário documentos para que o “caso Héverton” seja incluído nas apurações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Futebol, proposta pelo ex-atacante.


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