Ilídio Lico renunciou à presidência da Portuguesa no dia 20
de março. Durante todo esse tempo, permaneceu calado. Mas agora, em entrevista
ao "Diário de São Paulo", decidiu falar grosso. O ex-dirigente fez graves acusações
sobre a escalação do meia Héverton, na última rodada
do Brasileirão, que culminou no rebaixamento da Lusa à Série B.
Lico afirma, ainda que não tenha provas concretas, que a
Unimed, então patrocinadora do Fluminense, esteve por trás do esquema da
escalação de Héverton contra o Grêmio, na última rodada do Brasileiro. E diz
que o clube carioca também estava envolvido.
Ilídio Lico, durante o julgamento do caso que culminou no rebaixamento da Lusa (Foto: Wagner Méier/Agif/Agência Estado)
A Portuguesa havia terminado a edição do Brasileirão de 2013
na 12ª posição. Mas, com a perda de quatro pontos pela escalação irregular de
Heverton , a Lusa caiu para a 17ª posição, com 44 pontos. Assim, o Fluminense
(46 pontos) saiu da zona de rebaixamento e permaneceu na Série A. O Flamengo
também perdeu quatro pontos por escalar irregularmente André Santos, mas seguiu
na elite do futebol - ficou uma posição à frente da Lusa.
– Com toda certeza, isso foi premeditado. Um senador falou
que a Unimed pagou um dinheiro muito grosso. Mas sabe como é a Justiça no
Brasil. E ninguém dá recibo. De qualquer forma, tenho esperança de que um dia
isso vai dar uma alguma coisa – afirmou o ex-presidente.
Lico diz não poder falar o nome do senador. E afirma não ter
conversado com Roberto Senise, promotor que investiga o caso pelo Ministério
Público. Mas, segundo o ex-presidente da Lusa, o político garante que a Unimed
pagou pela escalação de Héverton.
– Segundo o (senador)... a Unimed que pagou. Pagamento em
grandes quantias, né? E claro que o interessado é o Fluminense, naturalmente.
Agora, te afirmar quem é que está interessado? O Fluminense que está
interessado. É óbvio, né? – alegou.
O ex-presidente, porém, poupa Héverton do esquema. Segundo
Lico, o jogador não tinha conhecimento de que estaria envolvido em um jogo de
interesses.
– Não acredito muito nisso, não. Não estou muito preciso
para cima do Héverton e do treinador (Guto Ferreira). O jogador, não. Colocaram
no banco, ele é profissional e entrou. Vejo por aí – afirmou Lico.
Ele, porém, não poupa Manuel da Lupa, então presidente da
Lusa.
– Ele é o presidente, né? Pelo menos tem de saber o que está
acontecendo com o clube – disse.
Lico e o senador, porém, não teriam provas do esquema.
– Ele não tem provas. Mas a sujeira da Fifa está vindo à
tona. A Portuguesa não está mais aguentando essa situação – disse.
Todos os lados acusados por Lico, segundo a reportagem, negam o envolvimento. O presidente
da Unimed, Celso Barros, afirmou que vai processar o
ex-dirigente pelas acusações.
– Isso é um total absurdo. Depois de tanto tempo, ele vem
querer justificar o fracasso da Portuguesa por outros motivos. Eu nunca tive
contato com o Héverton nem com nenhum dos dirigentes da Portuguesa na época. E
tem outra: ele (Ilídio) não tem prova. Eu repudio com veemência essa acusação,
e, se ele insistir com isso, vou processá-lo por injúria, calúnia e difamação.
Eu nunca ouvi qualquer comentário desse tipo, de que a Unimed poderia estar por
trás. E nem sei quem é esse senhor. A Unimed não tem nada a ver com isso – garantiu Celso Barros.
Advogado do Fluminense no processo e agora vice-presidente
de futebol do Tricolor, Mário Bittencourt afirma que o clube tricolor vai
processar Lico.
– Uma vergonha que eles ainda continuem falando sobre isso.
Um presidente expulso por improbidade e outro que renunciou por incompetência – afirmou o dirigente.
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