quinta-feira, 28 de maio de 2015

Com títulos e vitórias, Cristóvão sonha criar vínculo: "Vou virar gêmeo do Flamengo"

A personalidade de Cristóvão Borges contrasta com o atual momento do Flamengo, um clube em ebulição após a demissão de Vanderlei Luxemburgo, um time de tropeços em sequência. Mas a voz serena e o jeito tranquilo de ser, características inerentes ao estilo do baiano, de 55 anos, marcaram as primeiras palavras dele como treinador do Rubro-Negro. Ele foi apresentado nesta quinta-feira, no Ninho do Urubu, e não se assustou com o tamanho do desafio. Cristóvão chega ao quarto clube na carreira – já dirigiu Vasco, Bahia e Fluminense –, e o Tricolor, do qual foi demitido em março último, é justamente seu primeiro adversário. Domingo, às 18h30, no Maracanã, é dia de Fla-Flu.

– Fui bem recebido. Estou muito contente, feliz, me sentindo um profissional privilegiado de ter a chance de dirigir esse grande clube. Conheço algumas pessoas já conheço, já trabalhei com elas, e as outras me receberam muito bem. Estou muito à vontade, sei o tamanho do clube e vou procurar aproveitar muito bem a oportunidade.

Cristóvão Borges, apresentação, Ninho do Urubu, Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/ Fla Imagem) 
Primeiro dia e sorrisos: Cristóvão Borges sonha com identificação com o Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/ Fla Imagem)

Apesar da habitual serenidade, Cristóvão também lançou mão de frases de efeito e inovou quando perguntado se tinha a cara do Flamengo.

– Tenho a cara do Flamengo. A cara do Flamengo é de vitória, de título, e vim aqui para isso. Vou buscar. Se conseguir, logo vou virar irmão gêmeo do Flamengo.

Cristóvão reconheceu que o momento é de cobrança, situação tratado pelo próprio como natural. Ele crê que o atual elenco pode produzir muito mais e, com essa convicção, mostrou-se confiante em tirar o Flamengo das últimas posições da tabela – o time é o 17º colocado, na zona de rebaixamento, com apenas um ponto.

– Estamos sob pressão, porque temos consciência de que a produção da equipe não tem sido compatível com a qualidade que ela tem. Temos que dar a resposta. Jayme, não só dessa vez como das outras vezes, é um treinador que passou pelo clube e recentemente estava trabalhando com esse grupo. Eu tinha algumas dúvidas, pois durante esse tempo fomos adversários. Conversei com ele para saber do dia a dia. Ele estava aqui, então busquei informações. Conheço o Flamengo como adversário, joguei e competi contra, mas tenho que conhecer melhor. A situação não é a esperada, e temos de trabalhar para mudar a situação. O potencial da equipe é grande, não é condizente com a posição que ocupa na tabela. Acredito muito nisso, pelo que vi, pelo que senti jogando contra. Com certeza vamos logo sair dessa situação.

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Marcelo Cirino como referência?
Não é jogador de referência, mas como é de velocidade, é alto, foi adaptado e jogou assim. Ganha mais uma maneira de jogar. Como referência, fez gols. Isso o completa como atacante, o que é muito bom. A maneira de utilizar vai depender da necessidade. Se precisarmos por dentro ou pelos lados, vamos utilizar.

Demonstração de que está crescendo
É uma grande oportunidade. Senti-me privilegiado, pois estou buscando isso. Procuro fazer da melhor maneira possível, me dedicar e estar preparado para isso. A sequência de trabalho que fiz para estar aqui hoje me dá muito orgulho, é a demonstração de que minha caminhada está correta. Estou muito feliz de comandar o Flamengo, que é um clube onde todo profissional quer estar.

Viagens
Quando fui ver os jogos, foi pelo prazer de ver futebol. A noção tática eu já tinha, estudo o tempo todo. Procuro me atualizar. Aproveitei o tempo para ver os jogos e passear. Vi o que já sabia. Coisas que posso e devo melhorar. Equipe organizada, bem compactada, com disciplina tática. É por aí, é assim que se joga em todo lugar do mundo.

"Irmão gêmeo do Flamengo"
Tenho a cara do Flamengo. A cara do Flamengo é de vitória, de título, e vim aqui para isso. Vou buscar. Se conseguir, logo vou virar irmão gêmeo do Flamengo.

Preparado para adversidades
Enriquece trabalhar com dificuldades. No Vasco foi assim, depois no Bahia. Tivemos problemas, problemas que interferem, mas o saldo é positivo porque consegui realizar muitas coisas. Estou mais bem preparado para poder lidar com essas dificuldades. Tínhamos problemas que interferem muito, mas o saldo é positivo, pois acho que consegui realizar bastante coisas. Hoje, quando chego no Flamengo ou em qualquer clube com dificuldades, chego mais bem preparado.

Tempo até o Fla-Flu
É curtíssimo. Vamos fazer um treino amanhã, aproveitar a véspera do jogo. Serão dois treinos táticos, e não dá para fazer grandes mudanças. Temos jogadores de nível, jogadores  inteligentes. Assimilação é boa, e vamos ter que colocar alguma coisa no jogo.

Pressão da torcida e relação com Jayme
O Flamengo é um clube de uma exigência muito grande, por isso é deste tamanho. Existe a cobrança. Clube cresce por isso. É necessário e importante. O começo (de temporada) não foi bom, estamos vivendo isso no momento. Jayme é um treinador que conhece a equipe, é da casa por muito tempo, uma pessoa maravilhosa. Nos conhecemos, temos amizade de muitos anos. Minha relação é muito legal e assim vai ser. A competência e o conhecimento vão ajudar o nosso trabalho.

Novo patamar na carreira
Só o fato de estar aqui é um avanço. Ganhei alguns degraus, não tenho dúvida. Ser treinador do Flamengo é o desejo de qualquer profissional. Engrandece, valoriza. Mas vai depender do que consegui aqui. Estou motivado, confiante e otimista. Espero que tudo ocorra da melhor maneira para seguir crescendo.

Ficou bem de rubro-negro?
Muito bem. Falei que é a primeira vez que fiquei bem. E é minha segunda vez no Flamengo, fui auxiliar do Ricardo Gomes. Estou feliz por voltar à casa.

Inspiração em Marcelo Oliveira, do Cruzeiro, para vencer certa desconfiança
(Espero) ter a felicidade de caminhar e acontecer algo parecido com o Marcelo no Cruzeiro, que chegou com rejeição e foi bicampeão brasileiro. Para poder ficar todo mundo contente, é que o penso, é o mesmo desejo nosso e da torcida. Jogar bem e ganhar. Quero isso. Se conseguir, vou virar gêmeo do Flamengo.

Diretrizes da direção por resultados
Ninguém falou sobre isso. Nem precisa. Aqui é chegar e chegar para ganhar. Não preciso de aviso nenhum, não.

Estilo calmo pode ajudar na hora da pressão?
Vou saber quando começar a jogar. Todo mundo está querendo, e precisamos de resultado. A calmaria está ligada a isso. Somamos um ponto, é pouco. Precisamos melhorar. Quando melhorar, vai acalmar.

Promessas de reforços
Se essas promessas chegarem, vamos ficar mais fortes. Hoje já poderíamos, e temos de estar melhores do que estamos. Temos que melhorar independentemente disso. Como o campeonato é longo, precisamos ter um grupo numeroso. São dois campeonatos (Brasileirão e Copa do Brasil), duas frentes para título. Temos que ter grupo bom, de qualidade, numeroso, para as mudanças que vamos precisar. Antes de chegar aqui, estava acompanhando. Agora estou aqui e vou ver o que vai acontecer.

Aprova os reforços que o clube tenta?
Nem precisavam me perguntar (risos).

Motivação
No futebol vale o dia a dia. Para frente, estou muito motivado, contente, porque joguei contra o Flamengo. Conversei com eles, disse que vi no começo da temporada fazerem coisas muito interessantes. Potencial existe. Espero que assimilem, gostem e acreditem no que vou propor.

Vantagem para alguém no Fla-Flu?
Vantagem nenhuma. Não é desvantagem também porque acredito muito no grupo. E da atitude no jogo de ontem, num momento difícil, de pressão. Acho que a partir daí me deixou mais confiante. Estou confiante nessas coisas. Então, não tem vantagem. O que vai imperar é o equilíbrio. Na hora, quem estiver melhor e mais concentrado vai ficar mais forte, e isso pode ser decisivo.

Everton e Cirino. Conta com eles?
Voltaram e treinaram comigo. Espero que corra tudo bem até sábado. Vamos treinar amanhã (sexta-feira) e sábado. Pelo que treinaram hoje (sexta-feira), com certeza vai dar tudo certo.

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