Por conta de sua estrutura física baixa de altura, mas forte e compacta de largura, Anderson Pico
ganhou carinhosamente de alguns torcedores do Flamengo e do técnico
Vanderlei Luxemburgo o apelido de "Tartaruga Ninja". Mesmo com apenas
1,69m, o lateral-esquerdo pesa mais do que 80kg estando em forma. Assim é
o biotipo dele, com ossos mais largos e pesados, diferentemente da
maioria dos jogadores.
Mas Pico não está sozinho no esporte. O
próprio camisa 6 enxerga alguém bem parecido com ele no MMA: Rousimar
"Toquinho" Palhares. O campeão meio-médio do World Series of Fighting
(WSOF) ganhou esse apelido justamente em função de sua forma física. Não
é gordo, longe disso, e sim forte, muito forte, diga-se de passagem. E
tudo isso em apenas 1,73m de altura. A dupla se conheceu por meio do
fisiologista Claudio Pavanelli e teve na fisiologia um dos fatores
primordiais na mudança de ares que viveu recentemente.
Anderson Pico e Toquinho não conseguem se concentrar na encarada (Foto: Ivan Raupp)
Sem
clube e bem acima do peso em meados do ano passado, Anderson Pico pediu
para Luxemburgo uma oportunidade no Flamengo para recuperar seu
futebol. Antes mesmo de ser testado no clube, precisou fazer um trabalho
à parte no CT de Pavanelli, que trabalha também no Rubro-Negro, para
perder peso de forma rápida, eficiente e segura. E foi lá que o lateral
conheceu Toquinho. O lutador é acompanhado pelo fisiologista desde 2013,
quando trocou a Brazilian Top Team (BTT) pela Team Nogueira e também
desceu da divisão dos médios (até 84kg) para a dos meio-médios (até
77kg). Pavanelli é quem orienta Toquinho na perda de peso para os
combates. Quando está sem luta marcada, o mineiro chega a pesar mais de
100kg.
- O trabalho do Pavanelli vem sendo sensacional. Todo
dia a gente conversa, buscando formas de eu crescer cada vez mais. O Leo
Acro (nutricionista) também é muito importante para esse meu
crescimento no Flamengo, na mudança de postura, de alimentação e
trabalho - disse Pico.
-
O Pavanelli é um dos melhores preparadores físicos que já arrumei na
minha vida. Tanto que estou sempre aqui. Ele consegue fazer um trabalho
tão bacana comigo que consigo perder 19kg em dois meses e chegar bem na
luta. Não me vejo como lutador sem ele me acompanhando. Não sei dizer
como seria esse trabalho sem o Pavanelli. Ele é uma das peças mais
importantes da minha preparação - reforçou Toquinho.
Pegando essas semelhanças como base, o GloboEsporte.com promoveu um
encontro entre Pico e Toquinho no CT do fisiologista. Mas não para
um simples bate-papo. O lateral do Flamengo, que já era fã de MMA,
aprendeu algumas técnicas de trocação e jiu-jítsu com o lutador, que por
sua vez se testou nas embaixadinhas. O mediador Pavanelli primeiramente explicou a linha comparativa entre os dois atletas.
- Eles têm um corpo parecido e até uma fisionomia parecida,
mas a exigência fisiológica é bem diferente. O Pico chegou numa
transição. Estava numa fase baixa, buscando o espaço dele e me pediu
ajuda antes de vir para o Flamengo. O Toquinho foi uma situação
parecida, pois ele estava na fase de transição para a Team Nogueira,
mudando de equipe e de categoria de peso. Foi para um peso mais baixo,
ficou aquela dúvida se conseguiria ou não. Fizemos um programa para ele
perder peso da maneira correta. O importante é identificar as
necessidades de cada atleta. Cada esporte tem a sua necessidade
específica, tem suas valências físicas. Apesar dessas diferenças de
modalidade esportiva, eles têm uma característica muito parecida: a
vontade. Quando você se doa, se dedica ao treinamento e paga o preço de
chegar ao esporte de alto rendimento, você tem o resultado. Isso eles
têm muito claro, fica muito evidente no dia a dia dos dois - disse
Pavanelli.
Lutador puxa manopla para o lateral-esquerdo (Foto: Ivan Raupp)
Na
hora da inversão de papéis, Pico se saiu um pouco melhor. Toquinho
puxou manopla para o jogador e lhe mostrou no tatame a técnica de sua
famosa chave de calcanhar. No futebol, o lutador tentou fazer algumas
embaixadinhas. A brincadeira rendeu muitas risadas dos dois e de
Pavanelli, que não perdeu a chance de tirar sarro do desempenho deles
nos esportes "errados".
- Você tá com medo? - disse o fisiologista para Pico durante a manopla com Toquinho.
- Toquinho, você leva jeito, hein?! - brincou, após vê-lo tentando fazer embaixadinhas.
Pico e Toquinho curtiram a brincadeira e se elogiaram. No fim, o
jogador presenteou o lutador com a camisa 6 do Flamengo. O campeão do
WSOF, por sua vez, prometeu dar a camisa que usará na entrada de sua
próxima luta, contra o americano Jake Shields, no dia 1° de agosto, mas que ainda
não ficou pronta.
-
Legal, né? O Toquinho é um cara que admiro bastante na luta. Fico feliz
de ter feito essa matéria junto dele. Aprendi a gostar bastante do
Toquinho pela chave de tornozelo dele e por ele ser um cara muito
parecido comigo, até na fisionomia. É um excelente profissional, e
espero que consiga alcançar os objetivos dele - afirmou Pico.
-
A experiência foi bem bacana. O Pico me ensinou pelo menos a chutar a
bola pra frente (risos). Não tive muita infância de jogar bola assim.
Minha diversão era trabalhar. Comecei a trabalhar muito novo, então não
tive muita experiência com o futebol. No MMA, por ele ser um atleta,
pega as coisas muito rápido. É bem legal ver um cara do futebol
procurando pelo menos entender as artes marciais. E o cara tem talento,
pô! - garantiu Toquinho.
Depois da experiência, ficou claro
que cada um no seu quadrado, Anderson Pico no futebol e Rousimar
Toquinho no MMA, é a melhor solução para os dois. E, na busca pelo
sucesso, essa mesma fisiologia que os uniu é uma das chaves para a
vitória pessoal de ambos.
- A fisiologia faz com que eles
tenham uma performance esportiva melhor e uma carreira mais prolongada.
Você treina melhor, consegue ter resultados melhores com segurança. Isso
faz com que seu corpo sofra menos. Assim, fazemos trabalhos com muita
eficiência por mais tempo. A gente previne lesões - finalizou Claudio
Pavanelli.
Encontro termina com presente rubro-negro (Foto: Ivan Raupp)
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