Chega
de confusão. O Flamengo que começou a pré-temporada nesta terça-feira,
em Atibaia (SP), olha para parte de cima da tabela. Depois de sofrer com
a luta contra o rebaixamento em 2014, Vanderlei Luxemburgo
traçou metas ousadas para 2015 e projeta levar o Rubro-Negro, no
mínimo, de volta à Libertadores. Relembrando a situação difícil que
encontrou a equipe quando chegou, o treinador não quer nem ouvir falar
de Z-4 e se mostrou satisfeito com o planejamento e montagem de elenco
para Estadual, Copa do Brasil e Brasileirão.
Na primeira coletiva do ano, Luxemburgo mostrou descontração com os jornalistas (Foto: Gilvan de Souza/Fla Imagem)
Em
sincronia com Rodrigo Caetano e Alexandre Wrobel, Luxa garantiu que o
Flamengo que está sendo montado agora terá fôlego também para 2016 e
demonstrou bom humor na primeira entrevista coletiva do ano.
-
No ano passado, me deram uma tocha de fogo e disseram: "Vê se fica
macia para você" (risos). Começando o ano é mais tranquilo, mas tudo que
é bom hoje é ruim amanhã. Temos que começar bem. Mesmo com os títulos
da Copa do Brasil e do Carioca, o Flamengo passou perto da zona de
rebaixamento nos últimos dois anos. Temos que ter o objetivo da
conquista nessas competições curtas, mas também ficar entre os seis no
Brasileiro. Esses que vão brigar lá na frente para estarem na elite do
futebol sul-americano, que é onde devemos estar. O Flamengo é uma
confusão, mas é um bom time para trabalhar.
E
Vanderlei aposta em um Rubro-Negro em alta velocidade para voltar a
figurar entre os melhores do Brasil. Com a chegada de Marcelo Cirino,
não faltam opções rápidas para o setor ofensivo. Pautado nisso, o
Fla-2015 será montado.
- No futebol, há muitos anos,
acabaram com os pontas. Montavam times com dois atacantes e quatro no
meio-campo. Nos três últimos anos, voltamos a ter os caras de lado, mas
não fixos. O lateral não precisa apoiar tanto. Quero um time de
velocidade, com pontas soltos, mudança de direção e ocupação de espaço.
Quero colocar velocidade e ofensividade.
Durante
o bate-papo de 20 minutos com os jornalistas, o comandante rubro-negro
elogiou as apostas contratadas recentemente e citou nomes como Rivaldo e
Roberto Carlos, que chegaram ao Palmeiras como promessas sob seu
comando e se tornaram estrelas mundiais. A necessidade de contratação de
um meia e um atacante foi tratada de maneira sucinta, sem dar brechas
para especulações. Por fim, tratou com naturalidade a liberação de
vários jovens atletas para que busquem outros clubes.
Confira a íntegra:
Expectativa
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A expectativa é muito boa. No ano passado, quando o Flamengo chegou era
uma situação complicada. O Flamengo é muito grande para estar na última
colocação. A tendência era muita pressão e o torcedor entendeu a nossa
mensagem. Nossa competição era diferente e quase conquistamos algo bom
na frente. Esse ano já começamos a preparar desde o ano passado.
Montagem do elenco
-
O que fizemos foi uma análise do que aconteceu no ano passado e do
queremos para esta temporada, já visando 2016. O Flamengo tem que andar
na frente. Quando se monta um elenco, é preciso pensar em 60%, 70% da
próxima temporada. Com a chegada do Rodrigo, que eu já conhecia do
Fluminense, mesmo nas férias nos falávamos todos os dias sobre o que
acontecia. Agora, vamos ver. Não é questão que quem não está aqui deixou
de jogar bola. É a regra normal. O mercado é assim. Jogador que
entendemos que teve a chance e não dá para continuar, não quer dizer que
vai acabar a vida profissional. Fizemos as coisas de forma bem
profissional e acho que vai funcionar bem.
Thallysson e Arthur Maia
-
Uma vez, eu contratei o Mota para o Cruzeiro e começaram a falar que
era moto, lambreta, bicicleta... Ninguém nasceu Zico, Messi, Maradona...
Todo mundo começa a carreira. São jogadores com potencial. Se vai dar
certo ou não, é outra história. Não ironizo. Trato as coisas
profissionalmente e dou chance para desenvolver e mostrar qualidade.
Jogar no Flamengo é diferente. Tomara que dê certo.
Reforços de peso
-
Contratação é assunto interno. Vocês são jornalistas e têm que
especular, e acertam. Cabe a nós trabalhar. A negociação do Marcelo
começou há um mês e meio atrás, até que deu certo. Estamos atentos ao
mercado. Falam em contratação de peso, montar time... Quem era o Rivaldo
quando veio do Mogi Mirim? Nada. O Roberto Carlos... Depois veio o time
com o Júnior, o Flávio Conceição. Há muita pressa. O jovem tem
potencial e abrimos a janela para crescer. Estamos de olho no mercado.
Quem não queria o Marcelo? É um jogador com potencial de crescer.
Contato com os jogadores
-
Ainda não teve nada. Nem fui ao Rio. Estava em São Paulo e vim direto
para cá. Agora que vou começar a entrar com um, com outro, conhecer
melhor o perfil de cada um, como gosta de atuar. Só o dia a dia mesmo.
Carência de camisa 10
-
O Atlético-MG foi considerado o melhor time do Brasil e não lembro de
um camisa 10. Criou-se muito essa coisa, mas quem tem esse camisa 10 no
mundo hoje? O futebol mudou muito e as pessoas não entenderam. Com esse
negócio de três zagueiros, os laterais deixaram de ser laterais e os
meias deixaram de ser meias. É preciso entender a mudança de
comportamento tático e filosofia de jogo. Até porque, achar um camisa 10
é duro...
Conca
-
É coisa interna, o Rodrigo já falou. Presta a atenção: se o Rodrigo e o
Wrobel foram em busca de negociar, com certeza conversaram comigo. Não
tem que ficar discutindo mais do que isso. Não tem que falar. Depois, o
jogador não vem para cá e ficamos rodeando.
Luxa vive a expectativa de ter Conca atuando pelo Flamengo na nova temporada (Foto: Matheus Andrade / Photocâmera)
Pré-temporada
-
É um início bom, tendo um mês praticamente para trabalhar, mas não vou
me limitar a Atibaia ou Manaus. Vamos entrar um pouquinho no Carioca com
ela também, como preparação, ênfase na parte física e técnica. Vai ser
uma pré mais longa. O ano vai ser difícil. O Brasileirão tende a ser o
mais complicado de todos, com muitos clubes com possibilidade. Temos que
estar bem.
Amistosos
-
São importantes para o início da pré-temporada, mas não definem nada.
Não podemos tornar mais importantes do que são. Jogar contra Shakhtar,
Vasco e São Paulo é muito bom, mas não muda nada. Estamos preocupados
com o Carioca, Brasileiro e Copa do Brasil. Os jogos são para preparar
para isso. De repente, antes podemos ter dois jogos contra equipes de
menor expressão, da região.
Time de velocidade
-
No futebol, há muitos anos, acabaram com os pontas. Montavam times com
dois atacantes e quatro no meio-campo. Nos três últimos anos, voltamos a
ter os caras de lado, mas não fixos. O lateral não precisa apoiar
tanto. Quero um time de velocidade, com pontas soltos, mudança de
direção e ocupação de espaço. Quero colocar velocidade e ofensividade.
Importância do Estadual
- O campeonato está inserido no calendário, é importante, mas temos que
saber que há uma temporada inteira pela frente. Acho que houve um
processo ditatorial, como é o futebol brasileiro. As regras são
determinadas e acabou, não se discute mais. Acho que esses 28 jogadores
que colocaram como regra é equivocado. No meu clube, eu contrato quem eu
quero. Ou seja, teremos que ter o planejamento que a federação
determinou. Como que posso fazer experiência com jovem sem colocar para
jogar? Não pode ser uma determinação da federação, mas os clubes
aceitaram, né? Não concordo.
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