O estudante potiguar de Informática Francisco Elias da Silva, de 26
anos, decidiu homenagear seu time de coração na redação do Enem 2014. O
jovem de Ipanguaçu, no Rio Grande do Norte, publicou em seu blog o
rascunho de seu texto, em que dedica um parágrafo a trechos do hino do
Flamengo, junto com a imagem das suas notas no exame do Ministério da
Educação (MEC). Como mostra a reprodução da tela do site da prova, ele
teria tirado 660 pontos, acima da média nacional de 470,8.
Nesta quinta-feira, O GLOBO mostrou a história do estudante paraibano Francinaldo Guedes Pereira, que afirmou ter tirado 600 na redação em que teria escrito a frase "porque hoje é meu niver". Se forem confirmadas as inserções dos trechos nos espelhos das redações, que serão divulgados pelo MEC até o fim de março, os textos de ambos estudantes deveriam ser anulados de acordo com o edital do Enem 2014. O item 14.9.5 diz que será atribuída nota 0 (zero) à redação "que apresente parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto, que será considerada 'Anulada'".
Em entrevista ao GLOBO, Fracisco Elias da Silva disse que fez o Enem apenas para testar seus conhecimentos, uma vez que já estuda Informática no Instituto Federal do Rio Grande do Norte, e quis testar os corretores.
- Como há dois anos um candidato escreveu o hino do Palmeiras na redação e tirou 560, resolvi colocar o hino do meu time do coração. Como a torcida do Flamengo é maior, pensei que ia ter uma pontuação mais alta do que ele. Se eu tivesse sacaneado o Vasco, tinha tirado 800 - zomba o estudante.
Mas Francisco reconhece que seu texto deveria ser anulado segundo as regras de correção:
- Acreditava que eu poderia tirar 0. Mas talvez não tenham lido, porque o Enem tem perdido a credibilidade. Precisam aprender a ter mais critério. Teve gente que escreveu muito melhor e tirou nota mais baixa do que eu. Se você quiser a autorização para pegar uma cópia do espelho da redação original junto ao MEC, eu autorizo - disse ele ao repórter.
CORREÇÃO NEBULOSA
De acordo com o professor de redação do Descomplica Rafael Cunha, a situação indica que Inep precisa deixar mais claro quais os critérios adotados para casos específicos como este.
- O aluno conseguiu criar uma zona de transição em que algo grosseiro passa a fazer parte da redação - diz. - E isso nos faz refletir sobre todas as formas de transgressão que o candidato pode adotar, deixando a correção, de certa forma, nebulosa. Por isso, seria importante que o Inep se posicionasse sobre determinados questionamentos acerca da correção. Essas notas deveriam ser justificadas para nos dar mais segurança.
Em 2013, O GLOBO mostrou que redações do Enem 2012 que continham brincadeiras como uma receita de macarrão instantâneo e trechos do hino do Palmeiras receberam 560 e 500 pontos, respectivamente. Na mesma edição do exame, o jornal mostrou que textos com nota 1000 apresentavam erros grosseiros como "enchergar", "trousse" e "rasoavel", além de desvios graves de concordância.
Após as reportagens, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, tornou os critérios de correção mais rígidos. No Enem 2014, apenas 250 candidatos atingiram a nota máxima em redação, e mais de 529 mil receberam 0. Ao todo, foram corrigidos 5,9 milhões textos. A nota média dos concluintes caiu 9,7%, de 521,2 em 2013, para 470,8 em 2014.
O Inep informou que o Enem possui critérios "claramente estabelecidos para a correção das redações", os quais não mudam durante o processo de correção. Denúncias apresentadas ao Inep serão avaliadas, individualmente, pela área técnica responsável.
Nesta quinta-feira, O GLOBO mostrou a história do estudante paraibano Francinaldo Guedes Pereira, que afirmou ter tirado 600 na redação em que teria escrito a frase "porque hoje é meu niver". Se forem confirmadas as inserções dos trechos nos espelhos das redações, que serão divulgados pelo MEC até o fim de março, os textos de ambos estudantes deveriam ser anulados de acordo com o edital do Enem 2014. O item 14.9.5 diz que será atribuída nota 0 (zero) à redação "que apresente parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto, que será considerada 'Anulada'".
Em entrevista ao GLOBO, Fracisco Elias da Silva disse que fez o Enem apenas para testar seus conhecimentos, uma vez que já estuda Informática no Instituto Federal do Rio Grande do Norte, e quis testar os corretores.
- Como há dois anos um candidato escreveu o hino do Palmeiras na redação e tirou 560, resolvi colocar o hino do meu time do coração. Como a torcida do Flamengo é maior, pensei que ia ter uma pontuação mais alta do que ele. Se eu tivesse sacaneado o Vasco, tinha tirado 800 - zomba o estudante.
Mas Francisco reconhece que seu texto deveria ser anulado segundo as regras de correção:
- Acreditava que eu poderia tirar 0. Mas talvez não tenham lido, porque o Enem tem perdido a credibilidade. Precisam aprender a ter mais critério. Teve gente que escreveu muito melhor e tirou nota mais baixa do que eu. Se você quiser a autorização para pegar uma cópia do espelho da redação original junto ao MEC, eu autorizo - disse ele ao repórter.
CORREÇÃO NEBULOSA
De acordo com o professor de redação do Descomplica Rafael Cunha, a situação indica que Inep precisa deixar mais claro quais os critérios adotados para casos específicos como este.
- O aluno conseguiu criar uma zona de transição em que algo grosseiro passa a fazer parte da redação - diz. - E isso nos faz refletir sobre todas as formas de transgressão que o candidato pode adotar, deixando a correção, de certa forma, nebulosa. Por isso, seria importante que o Inep se posicionasse sobre determinados questionamentos acerca da correção. Essas notas deveriam ser justificadas para nos dar mais segurança.
Em 2013, O GLOBO mostrou que redações do Enem 2012 que continham brincadeiras como uma receita de macarrão instantâneo e trechos do hino do Palmeiras receberam 560 e 500 pontos, respectivamente. Na mesma edição do exame, o jornal mostrou que textos com nota 1000 apresentavam erros grosseiros como "enchergar", "trousse" e "rasoavel", além de desvios graves de concordância.
Após as reportagens, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, tornou os critérios de correção mais rígidos. No Enem 2014, apenas 250 candidatos atingiram a nota máxima em redação, e mais de 529 mil receberam 0. Ao todo, foram corrigidos 5,9 milhões textos. A nota média dos concluintes caiu 9,7%, de 521,2 em 2013, para 470,8 em 2014.
O Inep informou que o Enem possui critérios "claramente estabelecidos para a correção das redações", os quais não mudam durante o processo de correção. Denúncias apresentadas ao Inep serão avaliadas, individualmente, pela área técnica responsável.
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