Cariocas, espontâneos, bons de papo e inseparáveis há 18 anos. Vanderlei Luxemburgo
e Antônio Mello formam uma daquelas duplas que marcam época no futebol,
tal qual Felipão e Murtosa. A parceria entre treinador e preparador
físico começou em 1997, no Santos, e não parou mais. Desde então, são
nove clubes, incluindo o Real Madrid, além da seleção brasileira.
Vitórias, derrotas, títulos, muitos títulos - um deles pelo próprio
Flamengo, no Carioca de 2011 - e, naturalmente, bastante história. Até
mesmo desde antes de a bola unir seus caminhos.
Para celebrar a
maioridade dessa relação, que teve início no Santos, há 18 anos, Antônio
Mello recebeu o GloboEsporte.com no hotel onde o Rubro-Negro realiza
pré-temporada, em Atibaia, no interior de São Paulo, para contar
passagens curiosas com o amigo. Antes, porém, o preparador físico não
deixou de externar a empolgação com o que Luxa tem preparado para o
Flamengo de 2015. Por mais que somem 13 títulos juntos, ele garante:
nunca viu Vanderlei tão empolgado.
-
Admiro demais o trabalho do Vanderlei. Ele está um momento profissional
muito bom, talvez o melhor da carreira. A cabeça está voltada para uma
modernização do futebol brasileiro.
Da provocação ao jovem
Gladstone, que estreava no Cruzeiro em uma decisão de Copa do Brasil,
diante do Flamengo, até a malandragem do Vanderlei Luxemburgo vendedor
de carros, Antonio Mello lista "causos" marcantes da amizade. Confira:
O ponto de Ricardinho
O
Vanderlei sempre teve ideias a respeito do futebol. Em 2001, ele me
falou que ia adotar um ponto eletrônico para se comunicar com o atleta
sem ter que ficar gesticulando na beira do campo. Deu o ponto para o
Ricardinho e ficava falando à distância nos treinos, perguntando se
estava sendo ouvido e combinou um sinal de positivo para confirmar.
Levamos isso para um, dois, três jogos, até que a notícia vazou. Acabou
sendo proibido. Até que em um jogo foi filmado o Ricardinho lá do outro
lado do campo, e o Vanderlei falando:
- Está entendendo? Volta um pouquinho porque está acontecendo isso, isso, isso. Fala para o André não sair mais.
Aí,
o Ricardinho fez legal e a imagem pegou ele dizendo que está tudo certo
(risos). Foi proibido, mas é uma ideia avançada do Vanderlei. Acho que
podiam até permitir isso.
Portunhol de Raul e jogo de seis minutos
Quando chegamos na Espanha, a primeira coisa que o Raul falou foi:
-
Professor, portunhol. Não fica tentando falar inglês, nem português.
Nós não sabemos falar o português, mas vamos nos comunicar.
O
momento mais legal foi no jogo de seis minutos (estreia de Vanderlei, em
jogo interrompido por ameaça de bomba, diante do Real Sociedad).
Sentimos que aquele era o momento da nossa chegada. Desde o aquecimento
até o jogo, tínhamos que trabalhar no anaeróbio de alta intensidade. O
Vanderlei disse: "Mello, vai dentro deles no aquecimento". E fiz uns 20
minutos como se fosse jogo e voltamos para o vestiário. Em seis minutos,
houve um pênalti sobre o Ronaldo, o Zidane bateu e fez o gol. Essa foi
uma passagem muito legal.
Unha e carne: Vanderlei Luxemburgo e Antônio Mello trabalham juntos há 18 anos (Foto: Editoria de Arte)
Vanderlei, o vendedor
O
Vanderlei era vendedor de automóveis e eu tinha feito um contrato muito
bom. De cara, com o dinheiro que ganhei, ele me vendeu um carro. O
carro estava cheio de problemas. Fui trocar por um outro melhor e já
deixei mais um dinheiro na compra. Ele me zoa o tempo todo que larguei o
dinheiro das luvas todo com ele (risos). A gente acha isso engraçado e
vai contando com uma pitada de humor.
A fralda de Gladstone
Fazíamos
a final da Copa do Brasil contra o Flamengo. O Gladstone subiu com 18
anos para jogar, e o Vanderlei reuniu o elenco em uma sala. Deu um
envelope para cada jogador e perguntou:
- Gladstone, você está com medo do jogo?
Ele
respondeu que não estava. O Vanderlei falou para os jogadores abrirem
os envelopes, mas o Gladstone, que tinha recebido dois, guardar um.
Todos abriram e era uma faixa de campeão. Vencemos o jogo sobre o
Flamengo por 3 a 1 e todo mundo botou a faixa. O Vanderlei gritou que já
eram campeões antecipados, aquele negócio motivacional, e mandou o
Gladstone abrir o outro envelope. Era uma fralda. Ele perguntou:
- Está cagado? Então, vai para o jogo! (risos).
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