terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Flamengo corre para garantir Cirino até esta quarta-feira por conta de regras da Fifa

Marcelo, Atlético-PR (Foto: Gustavo Oliveira/ Site oficial Atlético-PR)O Flamengo corre contra o tempo para não deixar que a engenharia financeira montada para a contratação de Marcelo Cirino, do Atlético-PR, se desmonte. Isso porque a partir de 1º de janeiro já entra em vigor, ainda que parcialmente, o veto da Fifa à participação de terceiros nos direitos econômicos de jogadores, o que inclui também contratos que tenham como garantia percentuais sobre a venda futura do atleta, como é o caso do acordo para transferência do atacante para a Gávea. Os rubro-negros montaram uma força-tarefa com membros do departamento de futebol e do jurídico e o contrato deverá ser assinado nesta terça-feira à noite ou, no máximo, nesta quarta pela manhã, escapando das sanções que começam a ser impostas em 2015.

Na articulação entre o Flamengo e a Doyen Sports, cujo representante na América Latina é o empresário Renato Duprat, ficou acordado que o clube pagará 5 milhões de euros (ou aproximadamente R$ 16,5 milhões de reais) por 50% dos direitos sobre Cirino, ao fim de um contrato de três anos. Caso o jogador seja negociado antes disso, o clube ficará com 20% do valor e a Doyen com 80%. Segundo pessoas que participam das tratativas, os juros são de 10% ano. No jurídico, estão sendo estudados todos os mecanismos do contrato para que sejam usados os instrumentos mais seguros diante das novas regras da Fifa.

A decisão foi divulgada pela entidade em setembro deste ano e, neste mês, foi anunciado que as regras passarão a valer imediatamente, mas serão implementadas de forma gradual. De janeiro a abril, novos contratos com a participação de terceiros como investidores ainda poderão ser assinados, mas com duração máxima de um ano. A partir de maio, não será mais permitida a participação de terceiros em direitos sobre atletas.

Consultado, o advogado Marcos Motta, especialista em legislação desportiva internacional e membro do grupo de estudos da Fifa que deliberou sobre o tema e aprovou a medida, afirmou que, se o acordo envolvendo o Flamengo e a Doyen prevê um percentual para a empresa sobre a venda futura do jogador, só valerá se for assinado até esta quarta. Ou, a partir de quinta, terá de ter validade máxima de um ano - o que inviabilizaria o negócio de acordo com os envolvidos na transação.

- O investidor empresta dinheiro, mas quer como garantia o próprio jogador. Pronto, já não pode. Porque é uma participação em uma venda futura. É muito simples: clubes e jogadores estão proibidos de fimar contrato com participação de terceiros sobre os direitos do atleta, ou participação de terceiros em venda futura total ou parcial desses direitos. Se a garantia do negócio é um percentual de venda do jogador, o investidor só terá a garantia por um ano a partir de janeiro e, a partir de maio, não poderá mais ter nenhuma - analisou Motta, que disse ter sido contra a medida, defendendo que deveria haver um limite de percentual e de jogadores de determinado clube com participação de terceiros, mas não a extinção da prática.

Oficialmente, o departamento de futebol do Flamengo trata o assunto em total sigilo, aguardando a assinatura para divulgar o acerto. O vice de futebol, Alexandre Wrobel, questionado sobre a urgência do caso, se limitou a dizer:

- Estamos tranquilos quanto a isso.

Apesar da pressa dos rubro-negros, o diretor-executivo mundial da Doyen Sports, Nélio Lucas, não mostra preocupação em relação a esse caso especificamente. Não contesta os argumentos de Motta, mas acredita que as regras não se aplicam neste caso:

- O negócio com o Flamengo a ser concluído será feito no modelo tradicional porque o negócio original entre Atlético-PR e Doyen foi feito duramente o mês de dezembro e portanto está fora do prazo em que entra a nova lei. Consideramos que podemos seguir operando com mesmo modelo talvez tendo que alterar algumas nuances. O que fala o doutor Marcos Motta está correto mas como falei não se aplica nesses negócios que estamos falando - analisou.


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