Vanderlei Luxemburgo foca no campo para tirar
o Flamengo da "confusão" no Campeonato Brasileiro – nesta quarta, o time enfrenta
o Internacional, às 19h30, no Maracanã – e na luta pelo título da Copa do
Brasil. Mas, ao redor, Luxa enxerga o burburinho pelo fato de o seu
contrato não ter sido assinado por conta de duas cláusulas aparentemente
simples, envolvendo ingressos e camisas. O técnico afirma: o clube que não
quis assinar o vínculo da forma como foi colocado, garante que não vai tirar
proveito disso quando sentar novamente para discutir a permanência – ou não –
em 2015 e aproveita para desviar da política: diz que não será candidato à
presidência nas eleições do Rubro-Negro no ano que vem.
O assunto da não assinatura do contrato – que, a
princípio, iria até o fim de 2015 – é tema de debate interno no Flamengo. Mas a
rodada de negociações para decidir pela permanência de Luxa só acontecerá
a partir do momento em que o time se livrar de vez do rebaixamento no
Brasileirão. Sem o vínculo assinado, o treinador recebe o salário de R$ 300 mil
como pessoa jurídica.
– Não existe nada de eu reivindicar alguma
coisa diferente do que tínhamos estabelecido no contrato que não foi assinado.
Eles não quiseram duas cláusulas de camisas e ingressos. Seria absurdo discutir
duas cláusulas tão pequenas dentro da grandeza do Flamengo. Se eu ficar, o que
foi estabelecido no contrato será cumprido. O Flamengo que não quis assinar o
contrato, não fui eu quem não quis. Eu fui convocado pela nação rubro-negra. Se
tiver que ficar, tudo que foi combinado de valor financeiro será cumprido. A
culpa não é do Luxemburgo, mas não vou tirar proveito financeiro disso. Mas
isso não me dá direito de mudar as regras do jogo estabelecidas antes – afirmou
Vanderlei Luxemburgo ao GloboEsporte.com.
Inicialmente, o valor da multa rescisória foi
responsável pela não assinatura do vínculo. Diante da postura da diretoria, o
treinador abriu mão desta cláusula e viu o acerto esbarrar em outro ponto: a
exigência de cotas de 15 ingressos e cinco camisas por jogo. O trato é comum
nos acordos de Vanderlei por onde passa. Diante dos corriqueiros pedidos de
familiares e amigos, o treinador prefere estipular um número por contrato para
não ter que pedir favores – e já tinha agido assim em suas outras passagens
pela Gávea e clubes do Brasil. Responsável pela condução da negociação junto ao
advogado do técnico, o diretor executivo do clube, Fred Luz, disse que não
aceitaria tal exigência.
Em recente contato da reportagem, Luz não quis
comentar o caso.
– Não tenho nada a declarar sobre isso. Nada a
declarar. É assunto interno do Flamengo.
Ao mesmo tempo, um sonho de Vanderlei sempre
colocado de forma explícita veio à tona: a vontade de ser presidente do
Flamengo. Chegou a ser ventilado que o treinador poderia até mesmo mirar o
pleito que acontecerá no fim do ano que vem, quando se encerra o mandato de
Eduardo Bandeira de Mello. Aos 62 anos, Luxa diz querer estender a carreira de
técnico.
– Interesse político agora no Flamengo é de
zero por cento. Eu apoiei a Patricia, mas estava fora do Flamengo. Essa diretoria
me chamou para trabalhar agora. Temos uma parceria. É zero por cento a
chance de eu ser presidente do Flamengo neste momento. Isso é um equívoco.
Estou fora de qualquer envolvimento político. O dia que tiver, tenho que
sair do clube e, num outro momento, fazer a política. A diretoria me dá todo
apoio, estou totalmente alinhado para tocarmos o Flamengo. Não vou usar meu bom
momento para fazer política. Quero ajudar o clube. O resto está
sossegado. E não quero me aposentar agora (risos) – destacou o treinador.
Fim de ano quente
O término da atual temporada promete agitar a
Gávea. Todo futebol passará por avaliações e debates sobre possíveis reformulações, desde o elenco
até o futuro de Vanderlei Luxemburgo, primeiro ponto que terá que ser definido
para planejar o próximo ano. Em pauta também está o nome do diretor executivo Felipe
Ximenes, que, mesmo com contrato até 2015, já faz espocar focos de insatisfação
interna. Aos poucos, o vice de futebol Alexandre Wrobel começa a ter maior ingerência no departamento.
Toda e qualquer medida só será tomada quando a equipe estiver livre do
rebaixamento. As decisões envolverão a cúpula formada por Fred Luz, pelo
presidente Bandeira e por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice-presidente de
marketing do Rubro-Negro e responsável pelas principais decisões do clube.
Luxa prefere não pensar no futuro e nos
problemas que envolvem o contrato, e usa o bordão de própria autoria neste
Brasileirão.
– Estou feliz, satisfeito e preocupado em
tirar o Flamengo da confusão.
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