Há duas temporadas no Rio de Janeiro, Jerome Meyinsse ainda dá umas
escorregadas no português. Mas mesmo sem entender perfeitamente seu novo
idioma, o que ainda lhe rende muitas gozações, o pivô americano conhece
bem o gosto de seus companheiros de time. Espécie de embaixador do
Flamengo na pré-temporada de três jogos na NBA, contra Phoenix Suns
(8/10), Orlando Magic (15/10) e Memphis Grizzlies (17/10), o jogador
nascido em Baton Rouge, na Louisiana, vem negociando com alguns amigos
locais um roteiro que agrade aos rubro-negros. Como o futebol é pouco
popular por essas bandas, o torcedor fanático do New Orleans Saints
traçou um plano B para tentar entreter o elenco campeão da Copa
Intercontinental.
Apaixonado por futebol americano, Jerome Meyinsse checa os resultados da rodada após o treino (Foto: Marcello Pires)
Mas
antes de contar seus planos durante as manhãs livres em Phoenix e os
dois dias de folga que a delegação terá em Orlando, Jerome fez questão
de correr após o treino na quadra anexa à US Airways Arena para conferir
o resultado de sua equipe de futebol americano. Com os olhos grudados
na televisão do saguão do hotel em que o Flamengo está hospedado, o pivô
respirou aliviado com a vitória dos Saints sobre o Tampa Bay
Buccaneers, por 37 a 31, de virada e na prorrogação.
- Se
estivesse em casa neste domingo, certamente eu ficaria vendo futebol
americano pela TV sem fazer nada. Nós gostamos de futebol americano na
mesma proporção que vocês gostam de soccer, embora vocês sejam
bem mais exagerados (risos) - brincou Jerome, que sente falta do tempo
em que seu pai Joseph, falecido no ano passado, o levava aos jogos do
New Orleans.
- Faz muito tempo que isso não acontecia. Saí de
casa aos 17 anos para cursar a faculdade e depois fui jogar em vários
lugares. Ele me levava quando eu tinha 13, 14 anos - explicou Jerome,
com a fala um tanto embargada.
Mas
se os jogos de futebol americano ao vivo são coisas do passado, a
programação que o americano vem preparando para seus companheiros está
bem viva na cabeça do pivô. De tanto acompanhar as atrapalhadas apostas
dos colegas em vários tipos de competição, Meyinsse não abre mão de
levar os apostadores rubro-negros em um cassino de Phoenix.
- Eu me sinto o embaixador desse time, sim. Não conheço tão bem a cidade de Phoenix, mas quero muito ir a um cassino e
levar esses caras também. Eles apostam em tudo, mas fazem tudo errado.
Principalmente o Marquinhos (risos). Às vezes nós ainda
jogamos pôquer, mas o negócio deles é apostar em qualquer coisa - disse Jerome, em tom de brincadeira.
Nem
só de apostas será organizado o roteiro de Meyinsse. Mais acostumado
com Orlando, cidade na qual esteve diversas vezes durante o colegial
para participar de competições que serviam como peneiras para os
olheiros das grandes faculdades, o pivô do Flamengo também quer
aproveitar as manhãs livres para apresentar os famosos parques aos
companheiros.
- Os brasileiros adoram os parques de Orlando
pela manhã. Mas também quero ajudar um amigo que jogou comigo no meu
primeiro ano na Argentina que mora aqui. Ele montou uma escolinha de
diversos esportes e eu gostaria de levar essas crianças para assistir ao
jogo.
Mas nem tudo será diversão para o pivô americano de
2,05 na sua curta estada "em casa". Aos 25 anos, Jerome quer aproveitar
os três jogos na melhor liga do mundo para tentar impressionar os
rivais. Jogador mais valioso da final do NBB na temporada passada, o
jogador chegou a sonhar com uma possível ida para a NBA.
- Acho
que esses jogos serão grandes oportunidades para qualquer jogador que
sonha jogar na NBA. Vou dar o melhor que posso e tentar impressionar os
americanos. Sabemos que o nível das partidas será muito mais alto, mas
vou procurar fazer o que tento feito no Brasil. No fim da temporada
passada, meu agente ficou de conseguir alguns convites para a Summer
League (liga de verão da NBA), mas acabou não acontecendo. Vou seguir
tentando e quem sabe as portas não se abrem durante esses três jogos,
mas se isso não for possível continuarei feliz no Brasil. Lá tenho
conquistado muitos títulos e espero continuar assim - afirmou Jerome.
Meyinsse enterra sobre dois adversários na final da Copa Intercontinental contra o Maccabi (Foto: André Durão)
O
guia rubro-negro nos Estados Unidos, porém, promete não dar tanta
moleza para os colegas assim. Mesmo com um pacote atraente, ele também
quer aproveitar para tirar um sarro dos brasileiros e ir à forra das
gozações que sofre no Rio de Janeiro. Os únicos que parecem sãos e
salvos na "lista negra" do pivô americano são Gegê e Cristiano Felício.
-
Eles ainda pegam no meu pé com o português, principalmente quando eu
falo alguma palavra errada. Quando nós chegamos, uma senhora veio falar
com o Michila (roupeiro da delegação) e ele não entendeu nada. É claro
que ajudei, mas aproveitei para tirar um sarro dele. Faço questão de
levar o Gegê e o Crstiano Felício para sair, pois foram eles quem me
apresentaram os principais lugares no Rio - justificou Meyinsse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário