Recém-empossado, o vice-presidente de futebol, Alexandre Wrobel, é um dos maiores defensores da manutenção dos valores que garantiram ao Flamengo, na derrota para o Grêmio, o recorde de público do Brasileirão. O dirigente, inclusive, garantiu em sua primeira entrevista a manutenção dos preços populares e briga internamente pelo cumprimento da promessa. "Atropelado" na questão do aumento, ele não esconde seu descontentamento e teme que outras decisões suas sejam esvaziadas.
Outro que desde a chegada adotou discurso de união ao
torcedor e está insatisfeito com o reajuste é Vanderlei Luxemburgo.
Não foram poucas as vezes em que o treinador convocou os rubro-negros em entrevistas coletivas para
lotarem o Maracanã.
A
briga comprada por parte da diretoria é defendida também
como uma contrapartida ao torcedor, diante da parceria quando a equipe
ocupava
a lanterna do Brasileirão, ou no jogo de volta pelas oitavas de final,
após ter perdido por 3 a 0. Com a redução do valor dos ingressos, o
Flamengo
teve bons públicos nas vitórias sobre Sport, Botafogo, Atlético-MG e
Coritiba,
além dos 51.858 pagantes no revés para o Grêmio. O casamento da
arquibancada com o time é apontado como determinante para reação da
equipe e a
manutenção da parceria vista não somente como importante para o restante
da
temporada, mas também como uma forma de gratidão.
– A torcida abraça o time, e a diretoria faz questão de
afastá-la – chiou um dos integrantes do futebol, que se posiciona a favor dos preços mais baixos.
Além do Corinthians, o Flamengo fará mais oito partidas como
mandante no Maracanã. O argumento do grupo que defende o aumento dos preços
está no alto custo para mandar jogos no estádio. De toda a renda do duelo contra o
Grêmio, por exemplo, apenas 40,6% foi parar nos cofres rubro-negros. Diante do
São Paulo, porém, com valores mais altos, o clube lucrou apenas 31,1% do
montante bruto.
Em entrevista ao GloboEsporte.com em maio, BAP abordou o tema e justificou sua posição contrária a bilhetes
populares, colocando a culpa no Consórcio.
– Se o Flamengo fosse o Cruzeiro e jogasse no Mineirão,
faturando R$ 50 milhões, ficaria com 78%. Ou seja, R$ 39,5 milhões. Se jogasse
em Brasília, ficaria com 60%. No Maracanã, fica com 40%. Por que isso? Entre o
Governo e o Cruzeiro não há Odebrecht, como no Maracanã. O clube paga as
despesas do Mineirão e fica com o restante. No caso do Flamengo, a Federação
Carioca cobra 10%. Isso é uma extorsão. Nas outras, a federação que pede mais
cobra 5%, outras, 3%, até 2%. Ainda há taxas federativas, como associação de
cronistas, escoteiros, que tiram mais 3,5%. Só de aluguel, a Odebrecht cobra em
média 23% da renda bruta. Vai combinando estes aspectos e há agravantes. O Rio
é o único estado onde há gratuidade. Em São Paulo, há, mas é convite, o que dá
mil, dois mil ingressos. No Rio, não. De cada quatro que vão ao estádio, um não
paga. Há ainda a lei de meia-entrada, onde vai muito mais gente do que pagando
inteira. Algumas situações vão contra a arrecadação no Rio. Quando colocamos
isso tudo na conta, pesa.
Bap não respondeu os
contatos do GloboEsporte.com para
comentar o aumento recente. Não foram poucas as vezes, no entanto, em
que disse
que este tipo de decisão varia de acordo com a realidade do momento no
clube. No entanto, a redução de preços aconteceu justamente no maior
momento de
instabilidade financeira do Flamengo na gestão Bandeira de Mello, com as
cotas
de patrocínios da Caixa retidas e atraso de até dois meses nos salários
do
elenco. Agora, a situação já foi regularizada.
Indefinição é a palavra que melhor resume o
tema no momento. A diretoria planeja se manifestar em breve a respeito dos
recentes aumentos, mas até o clássico contra o Fluminense muitas discussões
acontecerão a respeito do valor que será cobrado daqui para frente. A certeza
de momento é que os preços para o jogo contra o Corinthians estão mantidos, até
porque as vendas já tiveram início, e que todo imbróglio criou um mal-estar
interno que os defensores dos bilhetes populares apontam como desnecessário.
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