sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Vigiado por chefes, Luxa vê "realidade nua e crua" e diz: "Jogar por uma bola"


 Na porta da sala de imprensa do Ninho do Urubu, os mandachuvas do futebol do Flamengo acompanhavam atentamente cada resposta da entrevista coletiva de Vanderlei Luxemburgo. O treinador, por sua vez, pouco se importou para os olhares do diretor executivo Felipe Ximenes e de Fred Luz, CEO do clube. Se a presença deles ali era um fato novo, a realidade rubro-negra continua a mesma: com a corda no pescoço, volta a campo domingo para encarar o Coritiba, no Couto Pereira, pela 15ª rodada do Brasileirão. E a delegação deixou o Rio de Janeiro nesta sexta-feira com uma missão bem definida: não perder.  

Em mãos, Luxemburgo terá na capital paranaense um time sem muitos recursos técnicos. E se o elenco já é limitado, a situação ficou ainda mais delicada com as perdas de Cáceres, Luiz Antonio e Paulinho. Na janela para jogadores vindos do exterior, Ximenes e Luz, responsáveis pela condução das muitas negociações, não conseguiram apresentar nomes além de Canteros e Eduardo da Silva. Realidade que faz com que o treinador seja objetivo e sincero ao avaliar o momento rubro-negro.  

- Se tivéssemos uma equipe pronta e de muita qualidade, estaríamos na parte de cima da tabela e disputando o título. Temos que buscar a nossa realidade. Contra o Sport, um time que era quinto colocado, jogamos os 90 minutos como equipe e encontramos uma bola no jogo. Se o time está defasado em gol, imagina se tomarmos? Íamos ter que fazer dois. Prefiro não sofrer e fazer um, jogar em cima de uma ou duas bolas. Temos que jogar pela vitória, mas se não der empata. A realidade do Flamengo é essa, nua e crua.  

Espirituoso, Luxemburgo intercalava respostas firmes com tiradas de bom humor, arrancando de Fred Luz alguns sorrisos. Ximenes, por sua vez, acompanhava sem maiores reações as palavras do treinador. E Luxa acredita que é exatamente por estas palavras, sem tapar o sol com a peneira, que o Flamengo conseguiu reativar a parceria com o torcedor, determinante para conquistar os últimos seis pontos disputados no Maracanã.  

- Não posso enganar o torcedor, por isso eles estão ao nosso lado. O torcedor entendeu a necessidade de contarmos com ele. Se eu chego e falo que temos o melhor time, ele vai se sentir enganado.  

As avaliações duras a respeito do horizonte rubro-negro, por sua vez, não impediram Vanderlei de apontar melhorias em relação ao que encontrou no Ninho do Urubu há quase três semanas. Para o comandante, os questionamentos a respeito do que o time ainda não fez neste campeonato são normais - não venceu nem marcou gol fora de casa, por exemplo - e só o resultado em campo tornará o ambiente mais tranquilo.  

- Avançamos bastante, mas há muitos aspectos para melhorar. Ganhamos do Botafogo, fomos jogar fora e perdemos, voltamos e ganhamos. É normal que os questionamentos do momento sejam em cima do que falta fazer, gol fora de casa, vitória fora de casa. Estamos montando uma equipe e há muita coisa importante para ser feita.  

Seguro do trabalho que tem realizado, Luxa evitou alimentar ainda mais a polêmica em torno da dificuldade da equipe para fazer gols. Com nove, o Fla tem o pior ataque do Brasileirão ao lado do Figueirense.  

- Time de futebol não é uma ciência exata, temos que treinar. Só a repetição aperfeiçoa. É preciso repetir. O João Paulo acertou dois cruzamentos, ele tem potencial. Não é só cruzar. Tem que saber se quando cruzar vai ter gente chegando na área. As coisas estão acontecendo e precisam continuar como se estivéssemos na parte de cima.  

Com 13 pontos, o Flamengo de Luxa, Ximenes e Fred Luz é o 19º colocado no Brasileirão e encara o Coritiba, domingo, ás 16h (de Brasília), no Couto Pereira, pela 15ª rodada. Caso vença e dois dos rivais tropecem, o Rubro-Negro amanhecerá a segunda-feira fora da zona de rebaixamento; já uma derrota leva o time de volta para lanterna.


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