Um dos mais belos cartões-postais cariocas e palco das
provas de remo e canoagem nos Jogos Olímpicos de 2016, a Lagoa Rodrigo
de Freitas voltou a sofrer com o despejo irregular de esgoto. Campeã mundial em 2011, a remadora Fabiana Beltrame
mostrou preocupação com a poluição das águas, que teria sido agravada
após a descoberta de um novo vazamento. Mesmo com milhões de reais
investidos em saneamento básico no entorno da Lagoa, a atleta do
Flamengo diz que nada mudou até o momento. A dois anos das Olimpíadas, a
atleta do Flamengo destaca que o problema não será um obstáculo para a
realização das provas, no entanto, o mau cheiro e a cíclica mortandade
de peixes não são as condições ideais para a prática da modalidade.
- A poluição está igual. Foi descoberto um novo canal de esgoto. Isso me
deixa triste e bem preocupada. Acho que não interfere na competição em
si, mas será preciso fazer uma limpeza das algas antes das Olimpíadas. A
Lagoa é um lugar que deveria inspirar a saúde. O mau cheiro é
desagradável, mas nunca ouvi alguém dizer que tinha ficado doente por
conta da poluição. Temos um problema também da mortandade dos peixes que
acontece de vez em quando. Espero que isso não aconteça durante os
Jogos - disse Fabiana.
A falta de espaço para os treinos dos
atletas no local, a presença de barcos de outros clubes e ainda de
atividades como wakeboard, também atrapalham a preparação para 2016. A
situação deverá se tornar caótica com a chegada dos atletas que irão
disputar os Jogos, que deverão passar por um período de aclimatação no
Rio de Janeiro antes da competição.
- Dividimos espaço com
lanchas e barcos de todos os clubes. Sem contar com o wakeboard, à
tarde, que provoca marola e fica quase impossível de treinar. O pessoal
não respeita muito e passa do lado dos nossos barcos. Não é o ideal. O
ideal é ficar num lugar concentrado, mas isso é o que temos. Ainda não
sabemos onde vamos nos preparar. Provavelmente, vai ser na Lagoa mesmo. O
ponto positivo é que treinamos na raia que vamos competir e conhecemos
bem. Mas não temos uma estrutura adequada para receber os atletas dos
outros países. Eles vão chegar com antecedência para se adaptar, mas não
vão encontrar as condições ideais para sua preparação - contou a atleta
rubro-negra, que três Olimpíadas no currículo.
Bia Tavares e Fabiana Beltrame conquistaram o ouro no Festival Pan-Americano e a vaga para o Pan de 2015 (Foto: CBR)
Para
Fabiana, a ausência de um centro de treinamento para a seleção
brasileira é um ponto que prejudica o desenvolvimento do esporte no
país. Ao contrário de outras modalidades, as Olimpíadas não deixarão um
legado para o remo, que terá uma estrutura temporária.
- Não
vai ter legado nenhum para o remo. Essa é a principal briga dos atletas,
da Federação e da Confederação, que a gente fique com alguma coisa
depois que os Jogos terminarem, não só com as fotos. Vão montar uma
estrutura temporária, com arquibancadas flutuantes, mas não vão deixar
um centro de treinamento com um espaço legal para receber os atletas,
como em outros lugares onde eu já competi lá fora. O remo precisa de
espaço. São muitos atletas e barcos. É preciso ter um espaço para
guardar os barcos, outros para um restaurante, sala de musculação,
academia... O remo é um esporte na água, mas a preparação
também é feita fora dela.
Especialista
no single skiff leve, que não faz parte do programa
olímpico, a catarinense de Florianópolis encontrou a sua
parceira para entrar na briga por medalhas no skiff duplo peso
leve em 2016. Após uma série de testes, ela fechou com a
uma promessa da modalidade: Beatriz Tavares, de 19 anos, revelada pelas
categorias de base do Flamengo. Juntas, elas já colecionaram alguns
resultados importantes. A medalha de ouro no Festival Pan-Americano,
disputado na Cidade do México, em julho, rendeu à dupla a vaga nos Jogos
Pan-Americanos de Toronto, em 2015, e trouxe um sopro de esperança para
o remo brasileiro. As competições no ano que vem serão parte da
preparação para as Olimpíadas. E o primeiro objetivo já foi traçado.
-
O nosso maior objetivo é ficar entre as 11 melhores do Mundial e se
classificar para 2016. Esperamos conseguir uma medalha olímpica ou
resultados nunca antes alcançados pelo país. Ainda temos dois anos para
trabalhar. Queremos também o ouro o Pan, algo que o Brasil não consegue
há mais de 20 anos. Passo a passo, vamos seguir com os nossos planos.
Apesar de jovem, a Bia é uma atleta focada, disciplinada e de muita
técnica. A gente se dá muito bem, ela é uma menina tranquila, como eu.
Treina desde os nove anos e tem me ajudado bastante. É uma troca de
experiências para formar um conjunto perfeito, uma parceria que está
dando muito certo. Ela é a minha proa, rema atrás de mim e tem a
facilidade de me acompanhar. Parece que eu estou remando sozinha, como
sempre remei, que é o mais importante - finalizou.
O próximo
compromisso de Fabiana e Beatriz é o Mundial de remo sênior e peso leve,
entre os dias 24 e 31 de agosto, em Amsterdã, na Holanda. A dupla viaja
nesta quarta-feira para um período de aclimatação nos Países Baixos.
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