Hector
Canteros, novo reforço do Flamengo, foi forjado da mesma forma que
muitos talentos brasileiros: na rua. Segundo o jornalista Joán Vázquez,
do diário "Olé", a característica mais encantadora de Canteros é o fato
de ser um "potrero", termo argentino similar ao que chamamos de
peladeiro no Brasil (tenha uma explicação mais precisa nesta postagem do blog "Futebol Argentino", do GloboEsporte.com).
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A principal qualidade dele é sua enorme técnica. Tem uma grande
capacidade com a bola no pé, dá passes certeiros e faz toda a equipe
jogar. Nele se aparecia o que nós argentinos chamamos de "el potrero".
Tem um estilo irreverente, destemido e bonito de jogar, com muita
picardia (galhardia, pirraça). "Potrero" na Argentina é o futebol que se
joga nas ruas, nos bairros. Quando um jogador transfere tudo isso que
aprendeu nas ruas para si, essas intensas experiências, essa
inteligência adquirida, diz-se que se trata de um "potrero". É
habilidoso, tem um futebol moleque. Joga bonito e toma decisões
rapidamente - definiu Vázquez, que acompanha o Vélez Sársfield, ex-clube
de Canteros, diariamente.
Vázquez aponta 2011 como o melhor
ano da carreira de Tito Canteros. Na temporada em questão, tornou-se uma
das principais joias do Vélez e defendeu a seleção argentina no
Superclássico das Américas, contra o Brasil. No primeiro duelo,
realizado em Córdoba, Ronaldinho Gaúcho, à época flamenguista e um dos
convocados por Mano Menezes, o elegeu como o melhor dos argentinos em
campo. "O 10 (Canteros) organiza muito bem o jogo", disse R10 ao "Olé".
Para
o jornalista, Canteros é muito mais camisa 10 do que volante. Lembra
que começou atuando mais defensivamente, porém trata o talento do atleta
como o principal agente de seu adiantamento em campo. Também fez
elogios à conduta profissional do argentino. Vázquez ainda vê
semelhanças com o estilo de Riquelme, guardadas as devidas proporções.
Canteros festeja belo gol feito de fora da área contra o Atlético-PR, pela Libertadores 2014 (Foto: Getty Images )
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Começou como meio-campista defensivo (volante), mas sua grande técnica
geralmente faz com que os técnicos o adiantem em campo. Está mais perto
de ser um "enganche" (termo que desgina meia na Argentina, o camisa 10)
do que um volante. Seu ponto forte não é a velocidade, mas sim a forma
como controla a bola. É pensativo e cadenciado. Salvo as diferenças,
somente para que se tenha um exemplo, se parece com Riquelme. É muito
profissional. Quando mais jovem, havia um temor de que pudesse não ser
tão profissional por ter nascido num bairro muito carente em Buenos
Aires. Mas no Vélez o formaram de boa maneira para que fosse responsável
em seu trabalho - explicou.
Vázquez só faz uma ponderação em
relação ao poder de concentração de Canteros. De acordo com ele, ele se
desliga em alguns momentos.
- Talvez seu maior defeito é que
necessita muito que os outros jogadores que o rodeiam também sejam
precisos, que estejam à altura dele. Além disso, tende a desaparecer em
alguns momentos do jogo - encerrou.
Pouca combatividade é criticada
Germán
Testa Calafat, jornalista que trabalha na "Rádio Provinicia" e é um dos
responsáveis pelo programa "Somos Deporte", do canal "Cablevisión", é
outro a classificar Canteros como um camisa 10 clássico.
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Hector Canteros tem muitas qualidades: grande visão de jogo, com muito
boa técnica para controlar a bola, finaliza muito bem. Como tem um pé
muito calibrado, costuma arriscar chutes mais colocados. Porém já fez
muitos gols em arremates de longa distância e com muita potência. Se
adaptaria ao futebol do Brasil como um "velho 10" ou um "enganche".
Estreou pelo Vélez em 2009, depois de passar por todas as divisões de
base do clube. Foi emprestado ao Villarreal, da Espanha, mas demorou a
se adaptar e não teve os minutos em campo que esperava - contou o
jornalista.
Calafat,
todavia, crê que o estilo pouco combativo em campo é seu grande
defeito. Segundo ele, a característica citada é comum ao volante Gago,
do Boca Juniors e atualmente disputando a Copa pela Argentina.
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Tem um estilo parecido com o de Fernando Gago, tanto em relação ao jogo
quanto ao panorama. Apesar de não jogarem na mesma posição, não são
muito aguerridos. Seus defeitos (de Canteros) são poucos, ainda que
deveria, talvez, sacrificar-se na hora de tentar a retomada da bola. Por
ter um grande domínio da bola, muitas vezes os rivais ganham suas
costas por sua ambição de querer armar o jogo o tempo inteiro. Este
talvez seja seu maior defeito.
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