Ainda
aos 19 anos, Mattheus disputou seis partidas com a camisa do Flamengo
na temporada - no total tem 18 entre os profissionais -, mas ainda não
fez gol. Contra o Figueirense, pode ter uma nova oportunidade. Caso
Alecsandro, que se recupera de uma torção no tornozelo, seja vetado, o
meia foi a opção para treinar entre os titulares na quarta-feira, no
Ninho do Urubu. E Ney Franco já começa a agir para que o jovem tenha
mais destaque em suas aparições. A primeira ação foi colocá-lo mais
avançado do que de costume, quase que como um homem de área perto dos
zagueiros adversários, para fazer valer seu bom passe e finalização.
Velho
conhecido do filho de Bebeto, com quem trabalhou nas categorias de base
da Seleção, Ney Franco deixou claro que, antes de tudo, é preciso
paciência para que o talento do jogador seja lapidado. Com a experiência
de quem trabalhou boa parte da carreira na base, o treinador analisou
especificamente o caso de Mattheus e o colocou nas mesmas condições do
argentino Lucas Mugni.
- Mattheus tem me chamado a
atenção pela qualidade técnica e até para ser um atacante de jogar no
meio dos dois zagueiros, com liberdade para atuar. É um jogador que
conheço há muito tempo. No período que trabalhei na base da Seleção, vi
de perto e tem muito potencial. É um garoto que tem a característica de
com 17, 18 anos ter um estirão físico, cresce muito, e é preciso ter
paciência, principalmente no lado coordenativo. Geralmente, a maturação
desses jogadores chega com 22, 23 anos. Ele e o Lucas (Mugni) são dois
talentos. De repente, ainda não estão maduros para o estouro no
Flamengo, mas, bem preparados, terão futuro no futebol. Entra também a
parte do técnico ter cuidado na formação. Tenho que criar a situação
para que esses jogadores desempenhem todo potencial. É o desafio, e eles
estão interessados.
Foi
Ney Franco quem levou para os profissionais aquela que talvez tenha
sido a última aposta da base bem sucedida no Flamengo: Renato Augusto,
nas semanas que antecederam a decisão da Copa do Brasil de 2006. De lá
para cá, muitas foram as promessas: Rafinha, Adryan, Thomás, Bruno
Mezenga, entre outros. Ninguém, no entanto, se firmou. Para o comandante
rubro-negro, o imediatismo que o mercado do futebol exige atualmente
tem sido determinante para decepção precoce com este tipo de atleta.
-
Qualquer treinador que trabalhar com equipes com boa base tem a função
de perceber se tem algum jogador com possibilidade de atender o
profissional, e até mesmo auxiliar na formação do atleta. Antigamente, o
jogador era lançado com 22, 23 anos. Hoje, por conta do mercado, é
preciso lançar com 17, 18. Então, o treinador do profissional passa a
fazer parte da formação do atleta. Não é nessa idade que vai chegar e
resolver. É preciso ter paciência, avaliar em quanto tempo ele dará
resultado. Essa é uma característica minha. Me orgulho de ter lançado o
Renato Augusto no Flamengo, que depois foi vendido caro. Me orgulho de
ter auxiliar o Lucas no São Paulo. Se voltarmos no passado, o Maxwell é
um jogador que tirei em uma peneira, era atacante, virou lateral e agora
vai jogar Copa do Mundo. Nunca perdi essa ligação com a base.
Além
de Mattheus e Lucas Mugni, Ney elogiou o desempenho de Igor Sartori nos
treinamentos e avisou que buscará novos jovens nas categorias de base.
Se os jogos quarta e domingo não permitiram ainda um trabalho mais
apurado de observação, esta é uma das missões para o período de
paralisação para Copa do Mundo.
- Vamos fazer uma
varredura na (categoria) sub-20 para ver se encontramos alguém para nos
auxiliar de imediato. Ainda não olhei especificamente porque cheguei em
um momento difícil, com jogos em sequência e competição também na
categoria. Não criamos essa situação, mas é um trabalho que será feito
no segundo semestre.
Além de Mattheus, o Flamengo
tem outras 12 peças reveladas pelo clube à disposição de Ney Franco:
César, Luan, Fernando, Frauches, Samir, Digão, Luiz Antonio, Recife,
Muralha, Igor Sartori, Nixon e Negueba. Recentemente, o jovem Caio
Rangel, de apenas 17 anos, participou de uma atividade entre os
profissionais para ser observado.
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