Está lá, na
súmula assinada por Marcelo de Lima Henrique, perpetuada nos arquivos
da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro: o Flamengo foi
campeão carioca em 2014 graças a um gol do camisa 29, aos 90 + 1
minuto da decisão com o vasco, em 13 de abril, no Maracanã. O camisa 29
em questão é Nixon, que precisou de pouco mais de cinco minutos em campo
para se tornar coadjuvante por acaso da final mais polêmica do estadual
do Rio de Janeiro nos últimos anos. A movimentação do jovem atacante
foi apontada como determinante para validação do gol que, na verdade,
foi feito por Márcio Araúo, em posição de impedimento, e garantiu o 1 a 1
suficiente para o Rubro-Negro. Erros que levaram o troféu para Gávea e
garantiram ao atacante de 21 anos o posto de herói por acaso.
Assim
como já tinha acontecido na última quarta-feira, diante do León, Nixon
foi a aposta de Jayme de Almeida quando a vaca rubro-negra caminhava
para o brejo. Com o Fla precisando de um gol desesperadamente, entrou em
campo e viu os mexicanos definirem no lance seguinte o 3 a 2 que
decretou a eliminação na Libertadores. Desta vez, a sorte jogou a favor.
Aos 40, o atacante entrou no lugar de André Santos e se posicionou no
local correto e na hora certa para salvar a equipe no minuto final. Tudo
isso, se não fosse o biquinho da chuteira de Márcio Araújo, que
empurrou a bola para os fundos da rede, garantiu o título e deu início a
uma polêmica sem fim.
Praticamente ao mesmo tempo, Nixon e Márcio Araújo chegam para finalizar na final (Foto: Gilvan de Souza / FlaImagem)
Nixon
estava em condição legal, fez todo movimento perfeito para escorar para
o fundo das redes, mas viu o companheiro ser mais rápido. Para o trio
de arbitragem, não. Para eles, foi Nixon. E, com ou sem gol, o jovem
celebra o fato de ter sido importante na primeira decisão que entrou em
campo pelos profissionais.
- Na hora, fui comemorar
porque vi todo mundo comemorando ao mesmo tempo, cada um correndo para
um lado. Era o resultado que nos dava o título. Quando acordei, vi que
tinham dado o gol para mim. Até brinquei dizendo que meu nome vai ficar
marcado e não fui eu. Fico feliz, mesmo não tendo tocado na bola. Passa
muita coisa na minha mente. Saber que pude estar tão próximo do gol que
gerou o título. O sentimento é de felicidade por ser campeão. Mesmo com o
gol para mim na súmula, não vou mentir e dizer que toquei. Estaria
errado. Fico feliz pelo título, por realizar o que planejamos.
Como
foi comum a outros rubro-negros nesta segunda-feira, Nixon não brigou
com as imagens e admitiu que o gol marcado por Márcio Araújo foi ilegal.
Entretanto, tratou de diminuir a parcela de culpa do trio de arbitragem
no título do Flamengo.
- Os árbitros estão ali para dar o
melhor deles também. O ser humano é suscetível ao erro. Tem que estar
ligado para evitar, e ele procurou fazer o trabalho dele. Ganhamos o
título e não tem muito o que falar. Me alegro por viver o que foi
planejado, em um carioca, clássico, gol no fim... É para ficar marcado
na história.
O atacante rubro-negro garantiu que não teve a
percepção da posição de impedimento de Márcio Araújo na jogada e correu
para bola de forma intuitiva ao vê-la tocar na trave do Vasco e sobrar
limpa para ser escorada. Nixon chegou a fazer todo movimento para o
chute, mas foi impedido por Márcio Araújo. Nada que o incomode.
-
Não dá para ter a percepção por estarmos muito próximos na hora. Fiquei
ligado na cobrança do Léo, na trajetória, cabeçada do Wallace... Quando
a bola vem para o nosso lado, só tive a reação de correr. Acho que
poderia chegar na bola, mas, na hora que o Wallace cabeceia, vi que o
Márcio chegaria mais rápido que eu. Não toquei na bola, mas me senti bem
próximo. Quando a vi entrar, só pensei em comemorar.
Promovido
ao time de cima em 2012, por Dorival Júnior, Nixon ficou fora da lista
de relacionados da decisão da Copa do Brasil, diante do Atlético-PR, no
ano passado. Desta vez, foi o remanescente de um chamado "time C" que
defendeu o Flamengo nas duas primeiras rodadas da competição.
-
Agradeço a Deus por tudo, e ao Jayme pelas oportunidades.
Independentemente da idade de quem entrar, é o Flamengo, a cobrança é
grande e diária. Pude participar do campeonato, fazer gols, assistências
e o professor confiou em mim. Pude jogar na Libertadores e,
infelizmente, não classificamos. Amadureci bastante. Dou o meu melhor,
jogando ou não. Procuro fazer a minha parte.
Com oito partidas no Campeonato Carioca, Nixon já entrou em campo 47 vezes pelo time profissional e marcou nove gols.
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