A
histórica cidade de Marechal Deodoro, em Alagoas, ganhou nessa
quarta-feira de cinzas tons vermelho e preto. Isso porque milhares de
rubro-negros tomaram as ruas da pacata cidade para festejar o último dia
de carnaval. Entre sorrisos, serpentinas e cabelos coloridos, os
foliões percorriam as ladeiras de Marechal exaltando o amor ao Fla.
Embalados pela fanfarra de Santa Cecília, o hino do Flamengo foi entoado
em voz alta por quase todos. O som contagiante dos logo chamou a
atenção dos moradores das casas por onde o bloco passava.
Nação Rubra-Negra reuniu mais de mil foliões nesta quarta-feira de cinzas (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
A
alegria dos foliões podia ser sentida de longe. Era como se o carnaval
estivesse apenas começando. O sol que brilhava no início da manhã, logo
deu lugar a um céu nublado, e nem mesmo a chuva forte arrancou dos
rubro-negros o sorriso e a vontade de desfilar com as cores do Fla.
Maria Rita, de apenas 14 anos, fez questão de mandar o seu recado.
-
Quem é Flamengo de verdade não tem medo de chuva. É Flamengo até
embaixo d'água - disse a garota, que carregava uma bandeira do clube e
desfilava sob chuva.
O
bloco Nação Rubro-Negra já existe há 12 anos. Tradição na cidade, reúne
a cada ano mais adeptos.O criador, Eglenes Santos, explica como surgiu a
ideia de formar o bloco.
- Durante o período de carnaval minha casa sempre ficou cheia de gente,
mas aí chegava a quarta-feira de cinzas e todo mundo ia embora. Foi aí
que tive essa ideia. Sou flamenguista e foi a forma que encontrei de
prestigiar o meu time do coração. No primeiro ano fiz 150 camisas, e o
negócio pegou. Nos últimos anos ultrapassou 1.500 pessoas.
E
para quem pensa que a festa foi restrita aos flamenguistas, se
engana. A reportagem do GloboEsporte encontrou no meio da folia
torcedores tricolor, alvinegro e até cruzmaltino. Seu Batista, músico,
de 60 anos, é o baterista da Fanfarra de Santa Cecília. Vascaíno de
coração, ele é peça cativa na festividade. Ele conta que é bem recebido
pelos flamenguistas e garante que rivalidade só dentro de campo.
-
É uma tradição antiga [festa rubro-negra]. E mesmo sendo vascaíno para
mim é uma satisfação poder tocar nesse bloco. As pessoas sabem que sou
vascaíno, mas todo mundo me recebe bem aqui. Na verdade é uma festa,
todo mundo vem participar, brincar e se divertir. A rivalidade fica só
dentro de campo (risos).
Vascaíno, Batista (direita) com a banda da fanfarra (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
E
seu Batista não era o único "penetra" na festa rubro-negra. A família
de Yolanda Hellem se dividia em corintiana, vascaína e tricolor.
Flamenguista, a estudante disse que nessas horas o Fla recebe todo o
apoio das torcidas adversárias.
-
É divertido. Há seis anos participo dessa festa, mas tem muitos
torcedores que não são flamenguistas e vêm para prestigiar. Meu marido é
corintiano, meu tio torce para o Fluminense, meu primo ali é vascaíno
(risos). O importante é reunir todos para apoiar o bloco do Mengão.
Cida
Queirós é a porta bandeira do bloco. Participa da festa desde o início.
A alagoana revela ser vascaína, mas diz que aderiu ao bloco por causa
das filhas, que segundo ela, são flamenguistas doentes.
- Eu
sou vascaína, mas eu resolvi aceitar o convite do Edglenes porque minhas
filhas são doentes pelo Flamengo, então me sinto honrada de ser a
porta-bandeira desse bloco maravilhoso que reúne tanta gente todos os
anos. Para mim é uma satisfação - contou.
Cida leva a bandeira do bloco rubro-negro há 12 anos (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Bloco despertou a curiosidade dos moradores de Marechal (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
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