Frickson Erazo chegou ao Ninho do Urubu com credenciais de jogador da seleção
equatoriana, porte físico robusto e um apelido curioso, 'El Elegante', pelo
fino trato com a bola. Pela primeira vez em campo com a camisa do Flamengo,
contudo, decepcionou. Viu uma atuação irretocável do atacante Hernane, com
quatro gols, e deixou a desejar na defesa. Envolvido no primeiro gol do Macaé, acabou
expulso aos 28 minutos do segundo tempo. Cumprimentou Jayme de Almeida antes de
deixar o gramado - o técnico colocou na conta da arbitragem e qualificou sua
expulsão como 'ridícula' - e saiu com a certeza de que não terá a desejada
sequência antes do primeiro jogo dos rubro-negros pela Libertadores, no dia 12,
contra o León, do México. Este foi o único motivo de descontentamento apontado
pelo treinador em relação à estreia do zagueiro.
Não bastasse a pressão normal de uma estreia, o equatoriano entrou no gramado
sob um calor infernal, daqueles em que não é preciso correr para transpirar. Apesar
da atuação abaixo do esperado, Erazo mostrou qualidades, especialmente a
agilidade na saída de bola, segurança no jogo aéreo e vontade de acertar, o
que deixou claro pelos inúmeros momentos em que gesticulava para Felipe e Wallace,
tentando ajustar o posicionamento e se enquadrar no esquema de Jayme. O scout
do GloboEsporte.com mostra que, de 41 passes, ele errou três. Fez três desarmes
e cometeu quatro faltas.
Erazo mostrou agilidade na saída de bola e segurança no jogo aéreo na estreia (Foto: Tiago Ferreira/Macaé Divulgação)
No primeiro lance em que teve de intervir, aos dois minutos, não conseguiu
desarmar João Carlos, que finalizou sem perigo pela linha de fundo. Depois, o
goleiro Felipe e a trave salvaram o primeiro gol, após pênalti de Leonardo
Moura. O defensor não deixou de exercer seu papel e deu uma dura no árbitro,
sem excessos. Com o Flamengo ainda tentando se encontrar em campo, Erazo se
mostrava um pouco afobado: no lance seguinte, fez um giro, tentou um toque com
estilo e lançou para ninguém. Se acostumar à temperatura e acompanhar o ritmo
parecia outro desafio. Novamente, ficou em desvantagem para João Carlos,
correndo atrás do jogador do Macaé que entrava livre pela área para finalizar
mais uma vez sem direção.
Na parada técnica, depois da água, Erazo, ao lado de
Wallace, foi chamado por Felipe. Parecia um duplo puxão de orelhas por conta da
desatenção no lance do pênalti, no qual Goiano ainda teve liberdade para chutar
a bola na trave após o rebote do goleiro rubro-negro. Com os dois de Hernane, a
vida da zaga se tornou mais tranquila. O Macaé, que se insinuou no início da
partida, passou a se preocupar em não dar mais espaço aos contra-ataques do
time de Gávea. Com menor velocidade nos avanços dos rivais, o trabalho da
defesa ficou mais fácil.
A partir dos 30 minutos, o equatoriano levou vantagem
na maior parte dos lances que participou, sem muita dificuldade. Em um deles,
chegou a dar um susto na torcida, mas conseguiu driblar Waldir quando o
Flamengo tentava sair para o jogo. Se não conseguisse, o atacante do Macaé
sobraria cara a cara com Felipe. Os gestos para Wallace eram frequentes, ora
apontando um recuo para o goleiro, ora mostrando o melhor caminho para a saída
de bola. Aos 39 minutos, contudo, a primeira falha. O equatoriano foi driblado
por Waldir no início do lance que terminou com gol de Marquinho.
O segundo tempo começou agitado. Nos primeiros
minutos, Erazo teve duas participações. Na primeira, teve de fazer falta em
João Carlos. Em seguida, depois de um erro de passe de Muralha na saída de bola,
conseguiu impedir o avanço de Waldir. Enquanto isso, do outro lado do campo,
Gabriel fazia miséria com a zaga do Macaé, entregando para Hernane marcar o
quarto gol do dia. A pressão da estreia, e qualquer outro tipo de pressão, já
não existia mais. O Macaé, sendo goleado, não esboçava reação.
Erazo mostrou alguma
habilidade na saída de bola, mas acabou sendo traído por outro um passe na
fogueira de Muralha na defesa rubro-negra. Tentou dominar, foi surpreendido por
João Carlos, se viu obrigado a fazer a falta e foi para o chuveiro mais cedo,
recebendo o segundo amarelo e, por consequência, o cartão vermelho. Deixou o
gramado de maca e, depois, já caminhando pela lateral, foi brevemente
cumprimentado por Jayme de Almeida, que disse algumas palavras e, após a
partida, saiu em sua defesa.
O comandante preferiu poupar o defensor de
críticas e reforçou o fato de ser o primeiro jogo do equatoriano em um país
onde nunca atuou.
- Está começando no clube, conhece muito pouco
ainda o futebol brasileiro, e dentro do que a gente queria, começar a colocar
agora para conhecer o atleta, ele conhecer os jogadores, não pode haver uma
cobrança exagerada em cima da primeira partida dele. Com relação à expulsão,
ridícula. Se no futebol todo mundo for expulso assim, eu acho ridículo. Então
foi uma arbitragem muito fraca, em um jogo que não tinha problema nenhum ele
conseguiu expulsar um jogador nosso à toa. Mas, no geral, o Erazo está
começando, fez um treino de 15 minutos, era o que dava, no sábado, e
infelizmente ele não vai poder participar da próxima partida porque foi
expulso. É uma pena porque a gente queria dar uma sequência maior para poder
ver mais o jogador - analisou o treinador.
Contra o Boavista, na quarta-feira, Erazo terá de cumprir suspensão automática.
O jogo seguinte, o clássico contra o Fluminense, servirá de apronto para
estreia rubro-negra na Libertadores. Dessa forma, ainda é incerto quando o
equatoriano poderá tentar apagar a decepção.
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