“Dar a volta por cima”. O velho clichê insiste em aparecer
em entrevistas de jogadores de futebol a todo instante, mas para um em
específico torna-se lema de um recomeço. Aos 21 anos, Negueba inicia a
temporada de 2014 com a cabeça erguida e os problemas esquecidos para brilhar
no Flamengo. Depois de uma passagem sem sucesso pelo São Paulo, o atacante
atuou nas duas primeiras partidas do Rubro-Negro carioca neste ano, e, mesmo
com a utilização dos titulares, está relacionado para a viagem a Volta Redonda,
onde a equipe enfrenta o Macaé no próximo domingo. Fato confirmado pelo
comandante Jayme de Almeida em entrevista na última sexta-feira.
Negueba voltará a brilhar com a camisa do Flamengo? (Foto: Thales Soares)
- Tenho conversado bastante com ele. Sabe que trabalhando
comigo tem que correr atrás, treinar bem, se preparar. As oportunidades vão
vir. Ele vai para a concentração, deve ir para o banco domingo (contra o
Macaé). As oportunidades vão aparecendo, ele pode nos ajudar, já falei isso com
ele. Tem que estar bem, pronto, confiante. No futebol as oportunidades sempre
aparecem, e quando aparecer tem que mostrar – pontuou o treinador rubro-negro.
Jayme tem tudo para ser incentivo e incentivador do jovem.
Negueba trata sua relação com o treinador como a de neto e avô, o que pode
acabar preenchendo uma lacuna, já que o jogador perdeu a avó no ano passado,
quando ainda se recuperava de uma cirurgia no joelho na capital paulista.
- Me abalou um pouco, mexeu comigo. Não pude vir ao enterro
dela, pois estava tratando (o joelho). Isso me deixou abalado. Já estava pela
lesão, aí me atrapalhou.
A lesão, que levou à cirurgia, fez com que Negueba inclusive
cogitasse abandonar a carreira.
- Fui com a esperança de dar a volta por cima no São Paulo,
começar a jogar. E logo no primeiro dia me machuquei. Passou um monte de coisa
pela minha cabeça, conversei com a minha mãe. Deu vontade até de parar de jogar
bola. Deu vontade porque você olha para o lado e só tem a muleta, tem que tirar
força de onde não tem.
O atacante estreou pelo Flamengo em novembro de 2010, sob o comando de
Vanderlei Luxemburgo. Antes de sua saída, em 2013, somou 67 jogos e quatro gols
marcados. Destaque na conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2011,
era apontado por muitos como bastante promissor. Mas o lado ruim chegou, e a
imaturidade atrapalhou.
- No começo tudo são flores, você vê a torcida te pedindo
autógrafo, te abraçando, vendo na rua e cumprimentando. Então você acaba se
acostumando com coisa boa. De repente vem essa coisa de vaia, você já começa a
ficar mais para baixo. Se não tiver apoio da família, dos amigos, fica difícil
para trabalhar – disse o atacante.
Confira outros trechos da entrevista de Negueba:
Relação com outros treinadores no Flamengo
- Foi muito boa. Com o Luxemburgo era um pouco mais de
cobrança, me ajudou bastante a amadurecer um pouco mais rápido, ele cobra muito
de garotos novos. E com o professor Joel foi diferente, ele já tem aquela coisa
de abraçar o garoto novo, passar a mão por cima, brincar bastante. Foram dois
treinadores diferentes e que me ajudaram bastante.
Saída para o São Paulo
- Eu saí daqui um pouco para baixo, desmotivado, mas aí
quando veio o São Paulo, falei com meus pais que ia voltar a ser feliz, voltar
a reconquistar o meu espaço em outro lugar.
Queda de rendimento e problema no Tricolor paulista
- Em alguns momentos eu deixei cair um pouco na parte física, mental também,
que a torcida estava pegando um pouco no pé, então isso atrapalhou um pouco a
minha passagem pelo Flamengo. Mas no São Paulo o que me atrapalhou foi uma
troca de treinadores. Fui com o Ney Franco, joguei com o Autuori e não fui
utilizado pelo Muricy. Foram três treinadores na minha passagem pelo São
Paulo.
“Volta por cima”
- Dar a volta por cima no clube que me fez, né. O clube que fez o Negueba, que
sempre teve as portas abertas para mim. Então é a hora de dar a volta por cima
e ajudar o Flamengo a ganhar títulos.
Recado para a torcida
- Dizer para eles que podem confiar no Negueba, agora não tem mais nenhum
menino, já tem um homem. É a hora de dar a volta por cima, a hora de ajudar o Flamengo
e a hora de eu voltar a ser feliz como eu era antes, brincando com todo mundo,
um Negueba alegre. E agora a torcida pode confiar mais ainda no Negueba.
Relação com Jayme
- Falou para mim que sou como um neto para ele, porque já me
pegou com oito anos de idade aqui no Flamengo. Temos uma boa relação não é de
agora. Ele sempre me incentivou na base, quando subi também. Vou sempre procurar
ajuda-lo da melhor forma possível. Está mostrando que todo jogador do elenco
vai ter sua oportunidade.
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