Zico, eterno ídolo do Flamengo, divulgou nesta quarta-feira, por meio
de seu site oficial, uma carta a qual enfatiza a virada do clube ao
longo desta temporada. No texto, o Galinho conta como foi o convite da
atual diretoria para que ele ajudasse na gestão, comenta o título da
Copa do Brasil, conquistado na semana passada, além de ressaltar o que
pode ser esperado para 2014.
Confira a íntegra da carta:
“Quando o Bap me chamou para a primeira reunião de um grupo de
executivos rubro-negros bem sucedidos e dispostos a mudar a forma como o
Flamengo era gerido, eu confesso que fui curioso para saber qual era o
plano. Foram anos e anos de um jeito que permitia vantagens a muita
gente envolvida, mas poucos benefícios ao clube e ao torcedor. Eu
acredito na paixão ou mesmo na boa fé de muitos que passaram por lá, mas
simplesmente o esquema não era profissional e vi isso muito bem na
minha passagem rápida como diretor de futebol. É sobre esse ano o tema
da minha coluna aqui no site.
Nesse mesmo dia reunido com o grupo, ouvi do Bap em determinado
momento que os primeiros oito meses de gestão seriam muito difíceis, que
era o preço a ser pago para reposicionar o clube nos trilhos
financeiros. Os passos deveriam ser cuidadosos e a redução da folha era
fundamental. O objetivo era preparar o terreno para um novo Flamengo a
partir de 2014.
Confiava em vários profissionais envolvidos naquele projeto além do
Bap e saí de lá esperançoso. Dei meu apoio ao Eduardo Bandeira de Mello,
alçado no grupo para disputar a presidência. E falei isso aqui no meu
site mais de uma vez. O Flamengo precisava ser tratado com a grandeza
que ele merece. É o que eu acredito.
As eleições vieram, a Chapa Azul venceu e a promessa do Bap se
confirmou. Nada das loucuras habituais em dezenas de contratações,
aposta num time com olhar para a base, somado a alguns nomes de fora e a
grande preocupação em garantir a volta de credibilidade financeira,
apesar das dívidas gigantescas. Via e gostava do que via já no primeiro
momento.
Junto comas medidas de austeridade e compromisso com o futuro do
clube, alguns meses de sofrimento para o torcedor deram tom de profecia
ao havia falado o dirigente agora vice de marketing do clube. Todos nós
ficamos preocupados com os resultados. Era duro imaginar o risco do
rebaixamento, apesar de eu achar que o futebol brasileiro precisa se
acostumar com a ideia de ver clubes sendo punidos pelo mau desempenho.
Cair de divisão não significa o fim do mundo e pode mostrar que é
preciso fazer mudanças. Grandes clubes em todo o canto do planeta já
aprenderam a lição e voltaram com importantes conquistas após
rebaixamentos. Agora, é preciso realmente aprender com a queda e não
encarar como vergonha, mas como oportunidade.
Voltando ao Flamengo, a lógica do compromisso com as finanças fez a
direção olhar para Jayme e Cantarele após a saída do Mano. Um golaço que
celebrei à distancia por conta da identificação dos dois
ex-companheiros com o Flamengo, além da competência que sabia que eles
tinham.
Enquanto isso o torcedor, que há anos cobrava um jeito de colaborar
de alguma forma, crescia em importância num modelo de sócio-torcedor.
Tenho orgulho de ser parte desse projeto e fui contratado para que minha
imagem fosse explorada de modo a trazer mais sócios.
Infelizmente os estádios de futebol não comportam uma torcida do
tamanho do Flamengo. E eu lamento demais que não exista ainda um jeito
de garantir que o torcedor mais pobre tenha acesso ao estádio. Acho
realmente que seria importante ter todo mundo lá no caldeirão que virou o
novo Maracanã. Mas só cabem 70 mil e o ponto de corte deverá ser cada
vez mais o programa voltado aos sócios-torcedores, que já passou de 60
mil.
O mais importante, eu acho, é que o torcedor em condições de aderir
ao programa possa ver vantagens. Há uma conta que mostra que o valor
mais baixo pode sair de graças usando descontos e vantagens ao longo do
mês. É preciso cobrar que seja assim mesmo, que funcione. Na verdade,
mantenho o que sempre digo sobre clubes, entidades e governos. O
torcedor deve estar pronto para cobrar da diretoria do Flamengo, que
neste ano mostrou resultados. Em 2014, esperamos que o trabalho continue
e que o clube avance em muitas questões. É preciso seguir apoiando,
torcendo e cobrando para chegarmos a objetivos ainda maiores.
Não pude acompanhar aqui em Doha muitos jogos este ano, mas vi alguns
e gostei. O time jogou sempre com raça e superando limitações,
principalmente na Copa do Brasil em que bateu quatro times que ocupam as
primeiras posições, entre eles o Campeão Brasileiro de 2013. É preciso
admitir que ninguém esperava que viesse um título nacional nesse
primeiro ano…
Além do tri da Copa do Brasil, demos alguns passos adiante. A dívida
ainda é muito grande e há gente disposta a usar o instrumento que tiver
na frente para atacar o clube e quem o dirige, mesmo alguns garantindo
ser Flamengo. São muitos os interesses. Vale usar a imprensa, jogar
sujo, mas acho melhor nem entrar nesse tema porque o balanço é positivo
demais para perdermos tempo com quem já passou.
Vamos comemorar neste fim de ano e nos preparar para que 2014 seja
ainda melhor. Sem você, que é torcedor como eu, não será possível. Vamos
juntos nessa torcida. E deixo aqui meus parabéns a todos os atletas,
comissão técnica, equipes de apoio, dirigentes, funcionários do Flamengo
em geral que ajudaram a tornar este um ano especial, um ano de
conquista no futebol. E tenho o privilegio de poder dizer que de
conquistas no Flamengo eu entendo!
Saudações rubro-negras e até a próxima!”
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