Falar
em arrependimento pode ser forte diante da firmeza com a qual o
Flamengo defende seus argumentos. Entretanto, depois de duas derrotas
por unanimidade no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, não há
dúvidas em afirmar que André Santos não seria escalado para enfrentar o
Cruzeiro, pela última rodada do Brasileirão, se a história pudesse ser
reescrita. E quem admite isso é o próprio presidente rubro-negro,
Eduardo Bandeira de Mello.
Ao fazer questão de eximir seus
advogados de culpa das derrotas no tribunal e até mesmo da escalação
julgada como ilegal pelos auditores, o mandatário confessou que a
presença do lateral em campo era desnecessária diante da falta de
importância do jogo para a classificação da competição. O Flamengo já
não corria mais riscos de rebaixamento, e o Cruzeiro era campeão com
muita antecedência. Ainda assim, Bandeira de Mello fez um adendo: se
fosse uma decisão, assumiria os riscos para contar com André Santos.
-
Não temos nada a reclamar do departamento jurídico. Tínhamos certeza de
estarmos certos. Ninguém é hipócrita. Depois do acontecido, se pudesse
voltar atrás, não escalaria. Até porque o jogo não valia nada, era
festivo, não tinha influência na tabela. Se pudesse voltar, sabendo que
os auditores iam votar desse jeito, com certeza não repetiríamos a
escalação. Se fosse um jogo decisivo, íamos bancar, porque sabíamos que
estávamos certos.
A
postura diferente caso tivesse uma segunda chance, no entanto, em nada
significa que o presidente do Flamengo dá razão aos resultados nos
tribunais. Seguro das teses defendidas pelo advogado Michel Assef Filho,
Eduardo Bandeira de Mello reforçou a possibilidade de recorrer à Corte
Arbitral do Esporte (CAS) e voltou a criticar a alteração do rumo do
Brasileirão fora dos gramados.
- Vejo (a condenação) com
tristeza. Tínhamos confiança de que nossa tese seria aceita, até por ter
sido endossada por um especialista da Fifa. Temos certeza de que
estamos certos e com a consciência de que agimos na lei. O caminho
jurídico ainda vamos discutir com especialistas e tomar as decisões
convenientes. Infelizmente, aconteceu e por termos uma reserva de pontos
não fomos punidos (com o rebaixamento), mas é lamentável que o
resultado do campo não prevaleça.
A última frase, por sinal,
não é inédita. Não foram poucas as vezes que o rubro-negro criticou o
Fluminense por se beneficiar do episódio envolvendo o Fla e a Lusa para
escapar da Série B em 2014. Tais declarações, ocasionaram críticas do
advogado tricolor, Mário Bittencourt, durante o julgamento de
sexta-feira, no Pleno. Em determinado momento, ele citou a ação do
próprio Rubro-Negro contra o Duque de Caxias, no Carioca, solicitando na
Justiça os pontos da partida. A comparação, na opinião de Bandeira, é
improcedente.
- Não houve nada disso. Eu nunca disse que
jamais recorreria quando me sentisse prejudicado. Foi o que aconteceu no
Carioca. Tivemos um gol confirmado pelo juiz, pelo bandeirinha, pelo
auxiliar e pelas televisões. O juiz, aparentemente, com interferência
externa resolveu anular o gol. Todo mundo confirmou e foi anulado.
Quando é assim... Pelo contrário, é fazer valer um gol legal, que foi
injustamente anulado. Aí, os clubes devem, sim. O que não foi esse caso,
porque Flamengo e Portuguesa não tiveram dolo nenhum, não houve má
intenção, não fizeram mal a ninguém. Repito: se for para permanecer na
Série A, ser campeão ou chegar à Libertadores por expedientes
burocráticos, não vamos exercer.
Na quinta rodada da Taça Rio
deste ano, Flamengo e Duque de Caxias empataram por 1 a 1, em Moça
Bonita. Na partida, o Rubro-Negro teve um gol legítimo anulado, após
validação em um primeiro momento pela arbitragem. A situação fez com o
clube cobrasse na Justiça os pontos da partida. A ação foi negada, e o
time ficou fora da semifinal do Segundo Turno.
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