A divulgação de mais um balanço trimestral do Flamengo
na noite de ontem revelou elementos interessantes sobre a situação
financeira do clube. Após um ano de severas dificuldades pela herança da
diretoria anterior, eis que o bom fim de temporada veio coroar a
filosofia austera implantada desde os primeiros meses de 2013:
No exercício encerrado em 30 de setembro
de 2013, o Flamengo apresentou crescimento de 24% em sua receita
operacional bruta, saltando de R$ 141.839.512 para R$ 176.301.610. Sendo
assim, é provável que o rubro-negro supere com folga a arrecadação
total de 2012, que bateu R$ 212 milhões – a quarta maior do Brasil.
Fruto do avanço à final da Copa do Brasil, parte do boom de
consumo da torcida (associação ao sócio-torcedor, venda de camisas, etc)
se deu após o período avaliado. Com isto e as premiações em caso de
título, as receitas do Flamengo ultrapassariam R$ 250 milhões em 2013.
Entre as contas principais, apenas o
repasse de direitos federativos apresentou queda acentuada, de R$ 11,4
milhões para R$ 4,2 milhões. As demais deram um salto, especialmente a
conta de bilheteria: saiu de R$ 7,9 milhões para R$ 18,7 milhões –
acréscimo de 136%. Direitos de transmissão subiram (de R$ 67,3 milhões
para R$ 84,9 milhões), assim como a arrecadação do Marketing (de R$ 26,9
milhões para R$ 39,4 milhões). A decepção ficou por conta do
sócio-torcedor: ainda que lançado apenas em março e com decolagem
recente, os R$ 4,3 milhões ficaram muito abaixo das projeções elaboradas pelo próprio Flamengo.
Um adendo: despesas operacionais se
mantiveram sob controle, com ligeiro aumento com pessoal (salários e
encargos) e queda dos serviços de terceiros (direitos de imagem,
comissões e honorários). Já as despesas financeiras dobraram de valor,
saindo de R$ 16,2 milhões para R$ 30,3 milhões. Isto reflete o pagamento
de juros, multas e encargos sobre o recolhimento recorde de tributos.
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Outro que tem por hábito divulgar balanços parciais ao longo de um exercício é o Corinthians.
O último, com data de corte em 31 de agosto de 2013 (um mês antes do
Flamengo), escancarou o ônus de se viver o “ano seguinte ao melhor da
história”. Vejamos:
A receita operacional bruta do alvinegro
caiu de R$ 310,9 milhões para R$ 196,7 milhões – redução de 36% que, em
termos absolutos, representa expressivos R$ 114,2 milhões. Apenas o
repasse de direitos federativos cresceu – muito por conta da negociação
do volante Paulinho ao Tottenham. Patrocínios foram quase à metade,
saindo de R$ 64,6 milhões para R$ 39,9 milhões. Já o televisionamento
despencou: de R$ 153,7 milhões para R$ 73,1 milhões. De fato, os números
da TV soavam irreais em 2012, atingindo agora um patamar próximo à
fatia que se atribui ao Corinthians. Por fim, o Fiel Torcedor não vai
bem: ultrapassado pelos projetos de Flamengo e Cruzeiro, é o que mais perdeu associados ao longo do ano.
Mesmo com todos os problemas, o
Corinthians segue num patamar diferenciado em comparação à média. Se o
ritmo até agosto for mantido, serão quase R$ 300 milhões em 2013, ainda
suficientes para a manutenção da hegemonia financeira. Mas a queda
comparada a 2012 – mais de R$ 60 milhões – pode fazer com que São Paulo ou Internacional destronem o clube pela primeira vez em anos.
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Enquanto o viés oposto das receitas flamenguistas e corintianas é claro, o mesmo não se pode dizer do Santos, que vive antagonismo entre curto e longo prazos:
Em demonstrações relativas ao primeiro
semestre, o Peixe arrecadou R$ 98,8 milhões, mais que os R$ 81,6 milhões
do ano anterior. Mas a base foi uma só: o repasse de direitos
federativos do craque Neymar, responsável por boa parte dos R$ 30,4
milhões contabilizados. Muitas outras contas apresentaram queda, como
bilheteria, publicidade ou receitas diversas. Assim, embora seja
provável que os santistas superem os R$ 197 milhões de 2012, o desafio
reside na reinvenção do clube após abrir mão da visibilidade trazida
pelo craque do Barcelona e da Seleção.
Um grande abraço e saudações!
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