A insatisfação da torcida do Flamengo com a carga de ingressos
reduzida para a semifinal da Copa do Brasil contra o Goiás chamou a
atenção para um problema de difícil solução no Maracanã. O estádio não
tem mobilidade para criar áreas de diferentes tamanhos para as torcidas
visitantes, o que leva a um desperdício de espaço que pode chegar a 10%
da capacidade total, como acontece na partida decisiva desta
quarta-feira. Sem tempo hábil para resolver a questão para a semifinal, a
concessionária que administra o Maracanã se compromete a buscar
alternativas para uma eventual final, em conjunto com Grupamento
Especial de Policiamento de Estádios (Gepe) e o Corpo de Bombeiros.
-
Podemos sentar, tentar achar alguma solução com o Consórcio e o Corpo
de Bombeiros para a final. Mas de segunda-feira para terça não
resolveríamos para esse jogo. O trabalho do Flamengo é pensar no
futebol, o meu é zelar pela segurança de todos que vão ao estádio -
afirmou o comandante do Gepe, tenente-coronel João Fiorentini.
No
entanto, ele alerta para um problema estrutural das rampas de acesso do
estádio. Cita que o Maracanã foi pensado para a Copa do Mundo, onde as
torcidas ficam misturadas, e que não há mobilidade para criar setores
menores de isolamento para os torcedores visitantes. No Setor Sul, foco
da polêmica do jogo desta quarta, há duas rampas: B e C. Os goianos
usarão a B, que leva a uma área com cerca de dez mil assentos. Esse
setor até poderia ser dividido com os torcedores rubro-negros por meio
de cordões de isolamento, mas o acesso precisaria ser conjunto. Não há
outra forma de chegar, a não ser pela rampa B.
- Seria
necessário refazer esse acesso às arquibancadas. Seria uma obra de
estrutura, porque o acesso é um só para o setor inteiro. Mas como fazer
isso agora, com a Copa já no ano que vem? Depois da Copa, a
Concessionária pode estudar isso. Até sugerimos barreiras móveis (para
separar as torcidas), como usamos em Volta Redonda, mas o problema é o
acesso - diz Fiorentini.
A
torcida do Goiás ficará em metade do Setor Sul, com acesso pela rampa
B. Para dividir essa área com os goianos, os rubro-negros precisariam
entrar no estádio pela mesma rampa (Foto: arte esporte)
Uma
solução paliativa seria permitir o acesso das duas torcidas pela rampa
B, mesmo que divididos por uma grade, e em seguida fazer a divisão com
barreiras móveis na arquibancada. Fiorentini, no entanto, lista uma
série de aspectos de segurança para desmontar a ideia.
-
Se eu dividir a rampa ao meio, diminuo a capacidade de evacuação da
arquibancada. Caso aconteça uma emergência, como eu tiro todo mundo de
lá? Eu precisaria colocar uma torcida de cada vez. E aí, para permitir o
acesso da primeira, a segunda só conseguiria entrar no intervalo. O
torcedor compra ingresso e tem direito de ver o jogo todo. Senão,
respondo por isso como abuso de autoridade. E, uma vez que os torcedores
estejam dividindo a arquibancada, se o Goiás se classifica, a torcida
vai querer comemorar. E a torcida do Flamengo vai se irritar, porque é a
casa deles. Como eu protejo esses torcedores? Vou impedi-los de
comemorar? Eu entendo a posição do Flamengo, do torcedor do Flamengo que
queria mais ingressos, mas são muitos aspectos de segurança que
precisam ser vistos.
Por causa do problema, metade do setor
Sul ficará com a torcida rubro-negra, e a outra está reservada para os
visitantes. No lado do Goiás, onde caberiam pouco mais de dez mil
pessoas, serão colocadas - por questões de segurança - lonas de
isolamento que inutilizam quase seis mil lugares. A área restante é de
cinco mil cadeiras, mas só foram postos à venda 3.500 ingressos para os
esmeraldinos. Como os torcedores do Flamengo não podem comprar esses
ingressos, o estádio terá um clarão, enquanto muitos rubro-negros
ficaram sem ingresso para o jogo decisivo.
Se passar pelo
Goiás, na partida de 21h50m desta quarta-feira, o Flamengo enfrentará
Atlético-PR ou Grêmio - na partida de ida, em Curitiba, os donos da casa
fizeram 1 a 0.
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