Desde a saída de campo, Jayme de Almeida não escondia o sorriso.
Afinal, a vitória por 2 a 0 sobre o Coritiba, na noite desta
quarta-feira,
representou muito mais que o próprio fim do tabu de 15 anos sem triunfo
no Couto Pereira. Em seu quarto jogo à frente do Flamengo, a equipe
segue invicta e venceu pela primeira vez duas seguidas no Campeonato
Brasileiro. Mas o principal motivo de comemoração do treinador foi
outro: o time chegou a 33 pontos, pulou para 11º lugar e abriu oito
pontos para a zona de rebaixamento.
- O que marcou bastante nosso jogo foi o crescimento desde o jogo com o
Náutico. Foi a consolidação nos 90 minutos. Marcamos forte desde a
intermediária e usamos a condição técnica do meio para frente. A ideia
foi bem aceita. Controlamos bem o jogo em 70, 80%. Ficamos muito
felizes. É muito legal ver esse estilo aguerrido e com todo mundo
entrando em campo para fazer o melhor. A situação delicada deu uma
melhorada. Não acabou, mas estamos no caminho - vibrou
Confira os outros trechos da entrevista de Jayme de Almeida:
Coritiba foi um adversário fácil?
- Joguei aqui várias vezes e é sempre muito difícil. Respeitamos o
Coritiba para caramba e não foi fácil. Depois que a torcida começou a
pegar no pé, ficou um pouco mais tranquilo. Mas tivemos sempre a
preocupação. Sabíamos que se eles fizessem um gol ia ficar difícil.
Motivos para a evolução do Fla
- Ainda estamos no início do trabalho, mas vejo a confiança que os
meninos depositaram em mim. Temos conseguido repetir os treinamentos nos
jogos e isso é muito bacana. Todos tentam se ajudar e me ajudar. São
inteligentes, entenderam a proposta e estão tentando executar de maneira
tranquila. Os resultados estão vindo e dão confiança.
Clássico com o vasco
- Flamengo e vasco é um jogo muito legal. Não tem favorito, mas vamos
muito confiantes. Temos que respeitar o vasco. É nosso parceiro lá no
Rio e vai ser uma pedreira em Brasília. Os meninos têm dado resposta e
não pode ser diferente, estou confiante. Temos que ter muita luta e
garra. Estamos em um momento legal, mas um resultado que não seja bom já
volta tudo de novo. O vasco é um adversário que temos respeito, tem uma
história e vai ser difícil.
Jayme de Almeida e seu jeito sereno à beira do campo do Couto Pereira (Foto: Joka Madruga / Futura Press)
O estilo Jayme
- Não sei. Sinceramente, acho que fiz uma proposta e acredito no
futebol. É uma coisa bem simples e é minha ideia. Consegui colocar
jogadores que conseguem desenvolver bem. Gosto de times que joguem bem
futebol e se proponham a fazer o que peço. Na simplicidade, estamos
conseguindo fazer isso.
Hernane ansioso para marcar fora do Rio?
- Acho que o Hernane sempre foi assim. Se for ver a trajetória, ele é
nosso finalizador. Centroavante às vezes não olha para o lado não. Vejo
um grupo se formando e tentando se ajudar. Ele é nosso homem mais
avançado, tentou o gol, não foi feliz e respeitamos isso.
Mano falou que o time não assimilava. Por que mudou a postura?
- Não tenho uma fórmula para isso não. Tenho o meu modo de lidar com
eles e jogo sempre muito aberto. Falo o que gosto e vejo como futebol.
Tenho procurado fazer isso. Colocar jogadores de qualidade e na função
que gostam de jogar. O Flamengo está jogando um futebol de qualidade. As
coisas começaram a andar. Contra o Náutico, falaram muito mal, mas eles
agora ganham de todo mundo. Depois o Botafogo e seguimos crescendo.
Isso nos dá um alívio para os próximos jogos.
Carlos Eduardo é titular?
- Basicamente o Carlos Eduardo não jogou porque fez um jogo muito
puxado e a recuperação foi lenta. Tivemos um trabalho tático de 15
minutos para o jogo com o Criciúma e ele estava sentindo muito. O Luiz
Antonio entrou muito bem. Futebol não são onze, temos que ter um grupo.
Vamos mudar com a confiança de que vão responder. Cadu faz parte de um
grupo onde todos são titulares. Confio na postura, que posso trocar e
vão responder.
Poucas mudanças na equipe
- Quando assumi, a proposta era colocar um time que acreditava. Contra o
Botafogo, fomos bem e depois o Criciúma. Por isso, mexemos o mínimo
possível. O caminho está dando certo e vamos por ele.
Percepção de diferenças da era Mano
Quando assumi, ninguém esperava que o Mano foi sair. Estava todo mundo
meio abalado, inclusive eu. Lógico que os jogadores estavam sentindo. O
jogo mais preocupante foi contra o Náutico, os meninos estavam meio
assim. Apesar de acharem que o empate tinha sido uma vergonha, vi muita
coisa bacana. A partir daquele resultado, comecei a trabalhar em cima
dele. Acho que o Flamengo precisa ter mais confiança. E o resultado com o
Botafogo foi um degrauzinho, depois o Criciúma... Não há fórmula
mágica. Tem que passar confiança, é isso que procuro passar. E eles
estão jogando bem. Fico feliz por estar por trás e ver o Flamengo jogar
partidas que são o contrário do que falavam.
Próximos passos
Vamos melhorar até a parte tática, conjunto de jogo, entendimento para se organizarem em campo e isso que é bacana.
André Santos ganhou elogios de Jayme pela atuação contra o Coritiba (Foto: Geraldo Bubniak / Ag. Estado)
André Santos
O André Santos, quando veio para o Flamengo, estava há muito tempo sem
jogar, fazendo só trabalho físico e um pouco acima do peso, fora do
ritmo. O clube estava em uma situação difícil e ele sofreu, cansava
cedo. Agora, está adquirindo a parte física. Não está 100%, mas melhorou
muito. A qualidade é inquestionável, trabalha muito bem a bola. Tiramos
da lateral e botamos na meia, que não cansa tanto. Ele cresceu, nos dá
qualidade.
Evolução de Wallace
Via o Flamengo um pouco desprotegido. Acho que a melhora do Wallace tem
muito a ver com o Amaral. Ele dá segurança, é rápido e marca bem.
Facilita o trabalho dos zagueiros. Acho que o Amaral ajudou muito o
trabalho de cobertura. É o nosso cão de guarda. Ajuda muito quem vem
atrás.
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