A rivalidade entre Flamengo e vasco nasceu nas disputas do remo, na
década de 1910. Poucos anos depois, quando a equipe cruz-maltina subiu
para a elite do futebol, ela passou a existir também no esporte bretão.
Com o tempo, o duelo ganhou o nome de "Clássico dos Milhões", já que
movimenta milhões de pessoas e dinheiro ao redor do país. E, em um dia
com muito sol e alta temperatura na Ilha do Governador, um pouco
amenizada pelo vento, os dois gigantes escreveram mais um capítulo em
sua história. Mas agora, com uma bola oval, no futebol americano. O Mengão levou a melhor no primeiro clássico da modalidade, com o
placar de 14 a 12, no Estádio Luso-Brasileiro, em um jogo bastante
nervoso.
O meia Juninho, do time de futebol do vasco, esteve no treinamento da
equipe cruz-maltina durante a semana, ganhou uma camisa e “adotou” os
jogadores do futebol americano. Mas ele aproveitou para dar uma
alfinetada nos rubro-negros e repetiu um gesto já havia feito nos gramados para a torcida rival pelo Campeonato Brasileiro. Em campo, o Mengão não quis saber da provocação e saiu vitorioso.
O jogo
Com ingressos a dez reais, o jogo esteve longe de receber os grandes
públicos que o futebol já levou ao Maracanã. Mas alguns apaixonados
compareceram ao local. Havia mais vascaínos no estádio, mas a animação
dos rubro-negros também era grande, principalmente com músicas famosas
do esporte bretão. Muitos fãs vestiam as camisas do futebol americano
lançadas recentemente com o número 81 em alusão ao Mundial de Clubes
conquistado por Zico & cia. Os times, por sua vez, usavam adereços
rosas, como fitas e meiões, em referência ao “Outubro Rosa”, mês de
prevenção do câncer de mama. Ramon, camisa 10 rubro-negro, por exemplo,
calçava um tênis dessa cor.
Jogo ficou quente por conta da rivalidade já existente no futebol e também na bola oval (Foto: André Durão)
Em campo, no jogo válido pelo Torneio Touchdown 2013, torneio nacional
de futebol americano, um dos destaques foi Bred, que fez o primeiro
touchdown da história do “Clássico dos Milhões” pelo Vasco. Do lado do
Flamengo, o camisa 10 Ramon Martire puxava as tentativas de descida e
dava bons passes, mas a defesa vascaína estava bem. Vinny, do
Rubro-Negro, foi o responsável pelos dois touchdowns da equipe da Gávea,
demonstrando bastante velocidade e precisão. Um foi marcado no primeiro
tempo, e o outro, na etapa complementar.
Enquanto a temperatura descia na Ilha do Governador com a chegada do
fim da tarde, o final de jogo foi bastante nervoso e esquentou o clima
no gramado. Embalado pelos gritos de “time da virada” vindos das
arquibancadas, o Vasco pressionou demais, marcou seu segundo touchdown
com excelente corrida de Roni, mas, assim como no primeiro quarto,
desperdiçou o ponto extra. A equipe da Colina(favela pequena) ainda recuperou a posse de
bola em uma bobeira rubro-negra e teve a possibilidade de avançar nove
jardas com Zani na última campanha ofensiva. Mas a sólida defesa do
Flamengo segurou as pontas e garantiu o triunfo, que fez do time o “seed
1”, com a melhor posição na classificação geral e garantindo o mando de
campo dos playoffs.
Atletas disputaram cada palmo do campo da Portuguesa da Ilha do Governador (Foto: André Durão)
O curioso do duelo foi a rivalidade tanto na torcida quanto entre os
jogadores, que lembrou uma partida de futebol. Segundo eles próprios, o
duelo era muito aguardado porque os atletas já se enfrentaram em outras
ocasiões por times que defenderam antes. Até mesmo no futebol americano
na praia. Com três anos de existência contra um do rival, o vasco
demonstrou mais organização em campo e também fora dele. A equipe tinha
até um mascote vestido de pavão, já que um dos patrocinadores leva o
nome do animal. Mas a raça dos rubro-negros e a experiência dos
jogadores do Flamengo, cuja maioria veio do extinto Fluminense, falou
mais alto no fim das contas.
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