Na base do diálogo, o Flamengo tenta conter nos bastidores qualquer
tipo de insatisfação pelo atraso no pagamento dos direitos de imagem,
que se tornou rotina nos últimos meses. Com parcela das receitas
novamente penhorada por conta da dívida pelo empréstimo com o Consórcio
Plaza e pelo atraso na verba do patrocinador máster, a Caixa Econômica
Federal, o Rubro-Negro joga limpo e conta com a paciência da parte do
elenco que não tem os vencimentos totais registrados na carteira de
trabalho. Na quinta-feira, porém, o grupo recebeu a porção referente a
um mês do que é devido.
Os jogadores que recebem somente na CLT estão com os salários em dia.
Já a dívida em relação ao direito de imagem varia de acordo com o
período em que o atleta está no clube e, em alguns casos, chega a três
meses. Oficialmente, a posição do Flamengo é de que o assunto está sendo
tratado internamente. As justificativas apresentadas pela diretoria, ao
que parece, têm convencido os atletas. Escalado para entrevista
coletiva nesta quinta-feira, no Ninho do Urubu, André Santos tratou o
caso com naturalidade e elogiou a postura da diretoria.
- Está muito tranquilo e transparente. O Wallim e nosso presidente têm
conversado sempre. Essa é uma forma bacana de trabalhar. Estão se doando
muito para o pagamento ficar em dia. A imagem acontece sempre no
futebol. Não é fácil manter um clube do tamanho do Flamengo, mas as
conversas têm sido muito abertas.
O problema com o pagamento de direitos de imagem não é recente no
Flamengo. Se os salários têm sido pagos desde junho com um pequeno
atraso, que não supera uma semana em dias úteis, os jogadores que
recebem complemento fora da carteira lidam com a situação desde
fevereiro.
A volta da penhora de receitas por conta da dívida com o Consórcio
Plaza sufoca mais uma vez a parte financeira do Flamengo. Desde março, a
situação estava controlada, mas houve uma reviravolta na Justiça em
agosto. O departamento jurídico trabalha para reverter novamente a ação.
Já no que diz respeito ao pagamento da Caixa Econômica Federal, o
Rubro-Negro não se mostra preocupado e acredita que é questão de tempo
para que entraves burocráticos sejam resolvidos e o valor depositado.
Entenda o caso do Consórcio Plaza
O problema começou em 1996, quando Kléber Leite era o presidente do
Flamengo. O montante se refere a uma dívida, que o clube não reconhece,
contraída com um empréstimo de R$ 6 milhões feito junto ao consórcio,
que arrendaria a Gávea por 25 anos para a construção de um shopping. O
dinheiro foi aplicado, na época, na contratação do atacante Edmundo.
Desde o início da ação, em 2002, o Flamengo alega que os R$ 6 milhões
foram doados ao clube, e não emprestados. A Justiça deu ganho de causa
ao consórcio em primeira e segunda instâncias, mas o Flamengo ainda pode
tentar levar o caso para Brasília. Apenas em janeiro deste ano foram
penhorados cerca de R$ 5 milhões, incluindo mordidas nos novos contratos
com Adidas e Peugeot.
Nenhum comentário:
Postar um comentário