O turno único, fórmula sugerida pela Federação de Futebol do Estado do
Rio de Janeiro (Ferj) para o Campeonato Carioca de 2014, precisa passar
por duas etapas para ser aprovado: ter a permissão do Conselho Nacional
do Esporte (CNE) e o consentimento dos clubes participantes. Mas se
permitida pelo CNE, a tendência é que a mudança seja confirmada. Isso
porque ao menos cinco das equipes de menor investimento do estado devem
acompanhar Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco e autorizar o formato
no Arbitral do dia 7 de outubro.
O voto de cada clube tem um peso diferente de acordo com a
classificação final do último campeonato: em ordem decrescente, do peso
16 para o primeiro colocado até o peso 1 para o vice-campeão da Série B,
que pega a vaga do último da Primeira Divisão. Juntos, os 12 times de
menor expressão possuem 78 votos, contra 58 de Botafogo, Flamengo,
Fluminense e Vasco. Mas cinco já se mostraram de acordo com o novo
regulamento: Audax, Nova Iguaçu, Bangu, Friburguense e o recém-promovido
Bonsucesso. Se mantiverem a opinião até o Arbitral, os votos do
quinteto somados aos dos quatro grandes do Rio representam peso 86 e já
serão suficientes para aprovar o novo modelo.
- Eu acho que veio a calhar muito bem e a coisa se encaixou. Da Taça
Guanabara para a Taça Rio, fica numa semana jogando normalmente os
quatro grandes e os pequenos sem fazer nada. Isso dá uma esfriada. Acho
que ir direto vai ter uma repercussão boa, vai dar resultado a nível de
motivação, ficar ligado o campeonato todo. Vejo com bons olhos, e os
pequenos terão que se esforçar para pegar uma dessas quatro vagas -
opinou Jânio Moraes, presidente do Nova Iguaçu.
José Ferreira Simões, presidente do Bonsucesso, foi mais um a pedir um
campeonato mais enxuto e com o turno único. Mas outros clubes que também
devem votar a favor da mudança deixaram claro: só aceitam o formato
especificamente para o ano que vem, em função do calendário apertado divulgado pela CBF
por causa da Copa do Mundo, que vai do dia 12 de junho a 13 de julho.
Bangu, Audax e Friburguense ainda preferem o modelo dividido em Taça
Guanabara e Taça Rio.
- É um formato interessante dentro da necessidade de se ajustar ao
calendário. Para os clubes menores, a fórmula anterior é bem melhor, mas
por uma questão de necessidade pode se fazer um sacrifício. Se a
federação e os clubes grandes entendem ser o melhor, o Bangu está aqui
para colaborar com o futebol carioca - explicou Jorge Varela, presidente
do Bangu.
Luiz Arêas (Duque de Caxias) e Rogério Loureiro (Voltaço): dúvida sobre fórmula (Foto:Editoria de Arte)
Representantes do Madureira e da Cabofriense não atenderam as ligações.
Já os presidentes de Volta Redonda, Resende e Duque de Caxias, o
gerente de futebol do Macaé e o gestor do Boavista preferiram não emitir
uma opinião sobre o tema por enquanto. Antes da realização do Arbitral,
os clubes de menor investimento geralmente fazem uma reunião entre si
para debater as novidades e, normalmente, votarem em conjunto na
federação para terem mais peso do que os quatro grandes do Rio.
- Acho que a disputa por pontos corridos é evolução natural dos
campeonatos do mundo inteiro, é a mais justa. Mas os clubes pequenos são
irmãmente unidos. Nós sempre votamos em bloco e nossa decisão é única.
Deve ter uma conversa antes do dia 7 para definir uma posição de ser
favorável ou não. O Carioca tem um formato charmoso de dois turnos, até
em matéria de publicidade é muito mais legal para quem vende. Mas dentro
do cenário não acho a ideia ruim - ponderou João Paulo Magalhães,
gestor do Boavista.
Enquanto não acontece o Arbitral, clubes e federação aguardam a posição
do CNE sobre o novo formato. A necessidade da aprovação se dá pelo fato
de o Estatuto do Torcedor não permitir que se altere a fórmula de
disputa de uma competição sem que a mesma seja aplicada por dois anos
seguidos. Consultada pelo GLOBOESPORTE.COM, a assessoria de imprensa do
órgão informou que ainda não foi notificada oficialmente e por isso não
pode se posicionar sobre o caso.
A Ferj pede a mudança para que possa iniciar o estadual apenas no dia
19 de janeiro, contrariando o calendário divulgado pela CBF, que
estipulou o início dos torneios regionais no dia 12. Para 2015, o
presidente da federação carioca, Rubens Lopes, promete mudanças mais
radicais e que, se forem colocadas em prática, devem agradar ainda mais
os quatro clubes grandes do Rio. A ideia é que o Carioca seja iniciado
no primeiro fim de semana de fevereiro e que haja partidas apenas nos
fins de semana.
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