Em momentos de crise, a torcida do Flamengo costuma bradar nas
arquibancadas que "acabou o amor". É a deixa para o início de protestos.
Nesta quinta-feira, não deu nem tempo para "anunciar" o protesto. A
derrota de virada por 4 a 2 para o Atlético-PR, pela 22ª rodada do
Brasileirão, colocou um ponto final entre time e público desde o retorno
ao Maracanã e deu início, ainda antes dos 40 minutos do segundo tempo, a
uma avalanche de críticas que, mais uma vez, teve como principais alvos
o meia Carlos Eduardo e o diretor Paulo Pelaipe.
Maracanã não viveu noite feliz para os rubro-negros, no fim das contas (Foto: Janir Junior)
O início avassalador, com 2 a 0 em oito minutos e chances desperdiçadas
em série, até dava a entender que o Rio de Janeiro continuaria a ser a
válvula de escape rubro-negra na campanha ruim no Brasileirão. Até
então, eram dez pontos conquistados em 12 disputados. A reação do
Furacão, com amplo domínio, no entanto, expôs a fragilidade do time de
Mano Menezes e deixou claro que só o apoio da torcida não será
suficiente para manter a equipe longe da zona de rebaixamento.
Apático, o Flamengo foi dominado no segundo tempo e acabou com a
paciência do torcedor. Como já tinha acontecido mais timidamente em
outros jogos, Carlos Eduardo foi o primeiro alvo. Ao errar passe no
meio-campo, deu início a uma vaia quase que uníssona vinda das
arquibancadas a cada toque na bola e que ganhou volume ao substituir
Adryan. No setor das organizadas, um grupo tentou amenizar e gritou o
nome do meia. Minutos depois, Rafinha também saiu numa mistura de
reações, entre vaias e aplausos, para a entrada de Nixon.
As mudanças não surtiram efeito, e o que já era ruim com o 2 a 2 passou
a ficar muito pior. Adryan errou passe na intermediária e o Furacão
virou com Marcelo. Foi a deixa para que o volume dos protestos das
arquibancadas aumentasse, e muito. A primeira vítima foi o próprio
Adryan, que substituiu Cadu também nas vaias. As críticas, porém,
afetaram o time todo. Em um primeiro instante, o grito foi "queremos
raça", que logo deu lugar ao "vergonha, time sem vergonha".
A esta altura, boa parte dos torcedores localizados nas cadeiras
especiais, já deixava o Maracanã e muitos nem viram o quarto gol
paranaense, marcado por Roger. Já o restante dos rubro-negros tirou o
foco do elenco e passou a questionar o diretor executivo, Paulo Pelaipe
com "Ei, Pelaipe, vai tomar..." e "Pelaipe, vai se f..., o meu Flamengo
não precisa de você".
Há dez dias, após a derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no Mineirão, o
dirigente já tinha sido alvo de manifestação no Aeroporto Santos Dumont -
uma semana antes, um grupo menor tentou fazer o mesmo por conta do 4 a 0
sofrido para o Corinthians, mas não encontrou nenhum membro da
diretoria. Já na terça-feira, dia 10, o protesto foi na Gávea e atingiu
toda diretoria. Além de Pelaipe, o vice de futebol Wallim Vasconcellos
também foi alvo e acusado de manipular o presidente Eduardo Bandeira de
Mello.
A situação, inclusive, fez com que a diretoria se reunisse com chefes
de torcidas organizadas, na Gávea, horas antes da partida com o Santos -
há uma semana - para colocar panos quentes na situação. O Flamengo
venceu o Peixe, empatou com a Ponte e tudo caminhava para dias de paz
até os oito minutos do primeiro tempo da partida com o Furacão. A partir
daí, a coisa andou, o "amor acabou" e as fortes vaias ao apito final no
Maracanã deixaram claro a insatisfação das arquibancadas.
Com 26 pontos, o Flamengo é o 14º colocado no Brasileirão, mas tem apenas dois pontos a mais que o Criciúma, primeiro time no Z-4. Domingo, o adversário é o lanterna Náutico, no Recife.
Com 26 pontos, o Flamengo é o 14º colocado no Brasileirão, mas tem apenas dois pontos a mais que o Criciúma, primeiro time no Z-4. Domingo, o adversário é o lanterna Náutico, no Recife.
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