O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, criticou nesta quinta-feira os
altos preços dos ingressos que estão sendo cobrados pelos clubes nos
jogos do Campeonato Brasileiro, principalmente nas partidas realizadas
nas novas arenas que foram reformadas para a Copa das Confederações
deste ano e para o Mundial de 2014. Segundo Rebelo, é necessário que os
clubes encontrem uma maneira de manter uma categoria de bilhetes com
preços mais acessíveis aos torcedores de baixa renda.
- Os preços são exorbitantes. Teve um jogo entre Santos e Flamengo (no
Estádio Mané Garrincha, em Brasília), em que o ingresso mais barato
custava R$ 180. Acho que isso é inadmissível. Que haja ingressos mais
caros, porque há serviços nos estádios pelos quais os organizadores
cobram, mas sou a favor do subsídio cruzado. Ou seja, a parte mais cara
dos ingressos ajuda a subsidiar a mais barata, para que o futebol não
perca sua essência, sua natureza, que é a ligação com o povo. Se perder
isso, perde sua essência - afirmou o ministro durante bate-papo pela
internet com blogueiros de futebol e internautas, promovido pela Empresa
Brasileira de Comunicação (EBC).
Apesar de criticar os preços, Aldo Rebelo, refutou a ideia de que as
reformas dos estádios, que estão substituindo as famosas "gerais" por
setores com cadeiras numeradas, seja uma forma de elitizar o público nas
arenas.
- Eu frequentava a geral do estádio Rei Pelé, em Alagoas. Esse glamour
que o Canal 100 mostrava, do torcedor desdentado na geral, ouvindo o
jogo com um rádio, só fica nas cenas de cinema, porque não é bom ver
jogo da geral. Você fica com a visão prejudicada, não existe conforto
algum, você vê o jogo o tempo todo de pé. Então, acho que tem de ser
relativizado. Geralmente quem fala muito bem da geral nunca viu o jogo
na geral. Quem via jogo na geral, sinceramente preferia ver jogo
confortavelmente sentado na cadeira. Agora, desde que pudesse pagar por
um lugar na cadeira, que não é o que vem acontecendo atualmente.
Liga de clubes e mudanças no calendário
Perguntado sobre a possibilidade de criação de uma liga nacional de
clubes, a exemplo do que ocorre em países como Espanha, Inglaterra e
Alemanha, Aldo Rebelo se disse à favor do modelo. Para o ministro, seria
uma forma de fortalecer os times de futebol no país.
- Sou favorável à criação de uma liga dos clubes. Onde houve a criação,
houve um aproveitamento muito melhor das potencialidades dos clubes,
das marcas, dos torneios que eles disputam. Acho que os clubes
brasileiros deveriam organizar uma liga, lutar pelos seus direitos. A
CBF cumpre seu papel de regulamentação do futebol, cuida da seleção
brasileira, e os clubes deveriam cuidar melhor dos seus interesses. Acho
que uma liga ajudaria a defender e a projetar melhor os interesses dos
clubes brasileiros no país e fora do Brasil.
Aldo Rebelo também revelou que o governo tem mantido conversas com a
CBF sobre possíveis mudanças no calendário do futebol brasileiro.
Segundo o ministro, há várias reclamações por parte dos times e algumas
alterações poderiam também ajudar no fortalecimento dos clubes
brasileiros.
- Nós conversamos com a CBF sobre isso. Há parte dos clubes que jogam
três meses por ano e depois passam nove sem disputar uma competição. Há
uma queixa de outra parte dos clubes por conta de um calendário acima do
europeu, que expõe jogadores a lesões. Há quem queira folga no
calendário para fazer pré-temporada e excursão ao exterior. O governo
tem interesse em participar da discussão e racionalizar nosso
calendário, para que ele torne a vida econômica e a exposição das marcas
de nossos clubes algo mais competitivo em relação ao futebol europeu.
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