O Flamengo paga caro por sua política de pés no chão. Se por um lado
tem um técnico de ponta, por outro carece de um elenco de qualidade. Com
a decisão dos dirigentes de economizar e cortar gastos, Mano Menezes
não recebeu todos os reforços que esperava. As dificuldades são
evidentes, mesmo com todos os jogadores à disposição. Quando há
desfalques, porém, paga-se um preço. E ele é alto. A derrota por 1 a 0
para o Grêmio, neste sábado, em Brasília, pela 16ª rodada do
Brasileirão, escancarou a fragilidade da equipe. Sem Léo Moura, Elias e
Carlos Eduardo, machucados, e Luiz Antonio, suspenso, o que se viu foi
um time sem força ofensiva e desorganizado no campo do Mané Garrincha.
Mano protege o grupo, se preocupa em não fazer críticas públicas, mas
reconhece deficiências e necessidades. Segundo o treinador, limitações
existem, mas qualidades também.
- Você nunca vai me ouvir criticar publicamente um jogador meu. Não vou
fazer isso. É possível fazer uma análise geral, chegar a uma conclusão
que ainda não temos equipe e nem um grupo que esteja no nível dos
principais participantes do Brasileiro de Série A. Se tivéssemos
adiantados, com uma segunda equipe definida, certamente usaríamos ela
(contra o Grêmio). Nós saímos desgastados na quarta (contra o Cruzeiro),
foi duro, defendemos muito, um jogo eliminatório. Lógico que você vem
muito desgastado para um jogo como esse. O correto era fazer essa opção
(poupar o time todo), mas não estamos nesse estádio, não temos chance de
fazer isso ainda. Individualmente não tenho nada para reclamar dos
jogadores do Flamengo. Assumi o grupo, entendi que tem capacidade e
continuo entendendo. Não é possível perder quatro, cinco jogadores, sem
que a equipe sinta isso no jogo. Ela ela vai sentir.
Desde que foi apresentado, em 17 de junho, Mano recebeu apenas um
jogador contratado durante a janela de transferências internacionais. O
lateral-esquerdo André Santos, que jogou a Libertadores pelo Grêmio,
chegou e tem jogado improvisado no meio-campo. Depois, Chicão, que
estava no Corinthians, foi contratado. E parou por aí. No mais, o time
se reforçou com apostas, como Paulinho, Bruninho, Diego Silva e Val.
Gabriel, Carlos Eduardo e Marcelo Moreno ainda oscilam muito, e os
garotos da base tentam acelerar o ganho de experiência. Dos contratados,
só Elias conseguiu se destacar e mantém o brilho.
Após a derrota para o Grêmio, Moreno queixou-se na saída do campo sobre
a falta de um meia que municie o ataque. Mano admite que esse é um dos
problemas que precisam de correção.
- Pode ser, é bem provável. Não temos muitos jogadores assim no futebol
brasileiro, quem os tem não empresta, não vende, não estamos com muito
para comprar. Temos que esperar um pouco. A característica dos jogadores
que temos, na maioria, são jogadores de condução de bola. Não são
armadores. Carlos Eduardo é jogador de armação, pode armar, o André
(Santos) fez o auxílio disso nos jogos anteriores. Elias é um jogador
que pela capacidade que tem, mesmo sendo volante, tem qualidade na
armação. Só que já sofremos com todos eles juntos contra equipes mais
compactas do meio para trás – analisou.
Mattheus e Rodolfo terão de esperar mais
Desde a chegada ao clube, Mano disse que pretendia lançar os mais
jovens pouco a pouco. A necessidade acelerou o processo. Adryan,
Fernando e Nixon passaram a jogar com mais frequência. Outros dois
potenciais armadores estão no time sub-20. Mattheus e Rodolfo, que
estava no profissional, desceram para jogar a Taça BH. O time acabou
eliminado na primeira fase, mas o filho de Bebeto conseguiu algum
destaque. Já Rodolfo jogou pouco, já que se machucou.
Mano diz que tem acompanhado o desempenho da dupla nos juniores, mas
não estabelece um prazo para voltar reintegrá-los ao grupo principal.
- Ainda vamos observar melhor. Eram muitos jogadores de características
semelhantes, havia um pouco de indefinição de funções para eles. A
gente precisa que o jogador tenha essa definição. Essa passagem
novamente no sub-20 é para isso. Foi um pedido que fiz ao Cleber (dos
Santos, técnico dos juniores), estamos acompanhando o trabalho, vamos
fazer um elo muito próximo porque sempre trabalhei assim. E quero que os
jogadores tenham essa definição para poder avaliar e compararmos com
outros jogadores que temos no grupo principal.
O Rubro-Negro é o 13º na tabela do Brasileiro, com 19 pontos. Neste
domingo, no entanto, pode perder duas posições no complemento da 16ª
rodada. Será preciso torcer para que Fluminense e Atlético-MG não vençam
São Paulo e Portuguesa, respectivamente.
Na Copa do Brasil, o time tem de vencer o Cruzeiro na quarta-feira, no
Maracanã, às 21h50m, para avançar às quartas de final da Copa do Brasil.
O placar de 1 a 0 basta. Em caso de vitória de 2 a 1, resultado feito
pelos mineiros em Belo Horizonte, a decisão será nos pênaltis.
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