sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Ausente e em silêncio, Wallim retorna ao dia a dia do Flamengo


Wallim Vasconcellos, vice de futebol flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)
Homem forte do futebol, Wallim Vasconcelos está ausente do dia a dia do Flamengo. Já são 45 dias sem se pronunciar publicamente sobre os rumos do clube, 18 deles dedicados a viagem pelo exterior - primeiro a lazer, depois a trabalho. Desde a apresentação de Mano Menezes, o vice-presidente compareceu apenas aos jogos contra Coritiba e Vasco. Não deu declarações publicamente, embora não tenha faltado assunto nesse período.

Promessas de reforços ainda não cumpridas, demissão de Renato Abreu, entrada do time na zona de rebaixamento... além da sua ausência em um momento ruim da equipe. De férias com a família, o vice de futebol ficou fora em um período crucial. Não participou da reta final da janela de transferências internacionais, encerrada no último dia 20. A maior parte da negociação para contratar o lateral-esquerdo André Santos, único reforço vindo do exterior, foi feita sem a presença dele.

Através da assessoria de imprensa do clube, Wallim informou que durante todo o período fora do país manteve contato com o diretor executivo Paulo Pelaipe e que não é necessário estar presente para tomar decisões. Ele embarcou para os Estados Unidos no dia 15 de julho, um dia depois de assistir à vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, em Brasília. Antes, havia comparecido ao empate por 2 a 2 com o Coritiba, dia 6 de julho, também no Mané Garrincha.

A ausência no dia a dia foi sentida pelo elenco. Em conversas informais, os jogadores são capazes até de identificar a última aparição do vice de futebol:

- Foi na última vez aqui em Brasília - costumam dizer.

Ao mesmo tempo, boa parte do elenco reserva elogios ao falar dele e o aponta como figura mais próxima da diretoria:

- Ele tem diálogo, sim. É o mais próximo dos jogadores. Nunca fez nada para que não gostássemos dele - disse um dos jogadores ao GLOBOESPORTE.COM.

Nesta sexta, Wallim retorna ao Brasil. Volta com o time na zona de rebaixamento do Brasileirão, em 17º lugar, com poucos reforços e algumas perguntas para responder, como a solução do caso do meia Renato Abreu, demitido do clube no dia 17 de junho por decisão dele - mas sem assinar a rescisão. Também de acordo com a assessoria, o silêncio sobre o assunto se dá por orientação do departamento jurídico. No entanto, o próprio presidente Eduardo Bandeira de Mello não se privou de comentar o caso recentemente.

A última entrevista coletiva de Wallim foi em 17 de junho, na apresentação de Mano Menezes. Na ocasião, prometeu atender aos anseios do treinador por reforços de peso para a sequência da temporada e estabeleceu o prazo de dez dias para anunciá-los.

- Não gosto de dar prazo muito curto, não. Às vezes, tem uma negociação que achamos rápida e pode demorar. Prefiro um prazo mais longo, uns dez dias. Se for mais rápido, vocês vão elogiar - disse.

Torcedores questionam presidente: 'Cadê Wallim?'


Eduardo Bandeira Presidente Flamengo (Foto: Reprodução / Twitter)
Os dez dias já viraram 45, e o vice sequer apareceu para falar sobre a dificuldade de ter sucesso no mercado - apenas André Santos foi contratado, e negociações dadas como certas - como com Roger Carvalho e Adrián Martinez - não foram concluídas.  Muitos rubro-negros notaram a ausência de Wallim - que o diga Eduardo Bandeira de Mello. Nessa quinta-feira, em um conturbado voo de Salvador ao Rio depois da derrota por 3 a 0 para o Bahia, torcedores presentes no avião questionaram o mandatário sobre o paradeiro do vice-presidente. Ficaram sem uma resposta convincente.

Na ausência de Wallim, Paulo Pelaipe e Eduardo Bandeira de Mello pouco falaram e deixaram muitas questões pendentes. Pelaipe foi orientado a reduzir o número de entrevistas, pois algumas declarações polêmicas tumultuaram o ambiente em alguns momentos. O diretor de futebol acatou o conselho e para casos mais desgastantes, como a saída de Renato, adotou uma resposta padronizada.

- Esse assunto está sendo tratado com a diretoria, respeito a hierarquia.

Bandeira de Mello, por sua vez, disse que a responsabilidade pela saída de Renato foi exclusivamente do departamento de futebol. Pelaipe limita-se a falar sobre negociações, mas muito menos do que quando assumiu. E bem menos em relação aos tempos de Grêmio. Quando era diretor do futebol do Tricolor gaúcho, falava diariamente em treinos e também em jogos.


Presidente em voo de volta de Salvador: perguntas sobre Wallim (Foto: Reprodução / Twitter)


Dirigente bancou demissão de Renato Abreu

Renato abreu flamengo Ponte preta brasileirão 2013 (Foto: André Mourão / Agência Estado)
No caso da saída de Renato, a decisão coube a Wallim. Pelaipe tentou contornar, mas não foi ouvido. O vice de futebol assumiu a responsabilidade por dispensar o meia. Membros do conselho gestor rubro-negro, no entanto, dizem que a situação foi mal conduzida pelos responsáveis pelo futebol e de forma precipitada na época. Renato vai à Justiça processar o clube e pode receber um montante bem maior do que o R$ 1,5 milhão de salários até o fim do contrato.

Wallim acredita que Renato Abreu boicotou o trabalho do ex-treinador Jorginho, e o somatório de suas atitudes resultou na demissão, feita via site oficial. No início de julho, o departamento de futebol do Flamengo recuou, notificou o jogador para que ele voltasse e treinasse afastado do grupo, mas o ex-camisa 11 recusou-se e decidiu cobrar o valor referente aos seis últimos meses do vínculo, que vai até o fim do ano, e uma indenização por danos morais que pode chegar a R$ 7 milhões.

Nesta sexta-feira, Wallim Vasconcellos retorna ao Brasil e deve estar presente ao jogo contra o Atlético-MG, no domingo, às 16h (de Brasília), no Mané Garrincha, pela 11º rodada do Brasileirão. O reencontro com o elenco é um fato. Fica a dúvida se o vice de futebol reaparecerá publicamente para comentar os rumos do futebol rubro-negro.


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