Não é fácil para Flamengo e vasco levarem o clássico que envolve as
duas maiores torcidas da cidade para fora do Rio. No caso dos vascaínos,
já é tradicional o protesto pela disputa de clássicos em São Januário, o
que não é recomendado pelo Ministério Público que propôs e conseguiu a
assinatura dos quatro grandes do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
assinado em 2011 pelo vasco. Para os flamenguistas, que têm o Maracanã
como casa histórica de decisões, o deslocamento para outros palcos
também causa desconforto. Mas o lado econômico da decisão em comum
acordo dos arquirrivais em levar o “Clássico dos Milhões” para Brasília,
pelo menos na partida deste domingo, é realmente compensador. Faltando
ainda quatro mil ingressos para serem vendidos - o que deve acontecer
até a hora da partida, às 18h30, no estádio Mané Garrincha -, a renda da
partida já ultrapassa R$ 4 milhões - caso sejam vendidas todas as
entradas a renda chega a R$ 4,6 milhões. Segundo cálculo das diretorias,
que combinaram a divisão por igual das rendas dos dois jogos no
Distrito Federal neste Brasileiro, os clubes já estão arrecadando cerca
de R$ 1,3 milhão de bilheteria cada um.
Se não é possível pagar o total das altas folhas salariais dos dois
times - a do vasco em cerca de R$ 4 milhões e a do Flamengo, R$ 6,5
milhões -, o dinheiro ajuda e muito no dia a dia dos dois clubes, que
passam por um processo e modelo de reestruturação e rearranjamento de
finanças bem semelhante. Flamengo e vasco contrararam executivos do
mercado financeiro e administrativo para suas diretorias. No Vasco, que
tem Cristiano Koehler como diretor geral, mais três executivos nas
pastas de finanças, de planejamento e jurídica, somente na semana que
inicia nesse domingo deve sair o acordo tão esperado com a Fazenda
Nacional. As reuniões e viagens a Brasília tomaram a agenda dos
vascaínos durante meses. Agora, diante de uma entrada superior a R$ 20
milhões e garantias de cotas de TV até 2018, mais a execução fiscal da
sede náutica da Lagoa, o clube assinou acordo com a Caixa Econômica
Federal, que vai pagar R$ 20 milhões para ficar por um ano na camisa
vascaína.
Nos últimos dias, o Flamengo perdeu o “capitão” do seu time de
executivos, quando Marcelo Corrêa decidiu se desligar do clube depois de
seis meses de trabalho na Gávea. Mas ainda existem quase 10 diretores e
gerentes administrativos que chegaram na gestão do presidente Eduardo
Bandeira de Mello que arrumaram a casa e permitiram ao clube pagar R$ 40
milhões em impostos e logo conseguir as certidões negativas de débito.
Com as CNDs, o Flamengo assinou o segundo maior contrato com a Caixa
Econômica Federal, por R$ 25 milhões, atrás somente do Corinthians, que
fechou por R$ 30 milhões. As semelhanças entre os momentos que
atravessam os clubes da Gávea e de São Januário passam até pelo
patrocinador secundário das camisas. Enquanto o rubro-negro tem a
montadora francesa Peugeot desde o início do ano, os vascaínos recebem
na semana que vem a japonesa Nissan para celebrar um contrato de quatro
anos com o clube de São Januário.
Neste domingo, depois da partida, os vencedores e os derrotados - caso,
evidentamente, não saiam empatados - vão poder comemorar junto, pelo
menos, a divisão igual da renda da partida. Os descontos, no total,
devem chegar a R$ 1,4 milhão. Isso porque o governo do Distrito Federal,
gestor do novo Mané Garrincha, deve receber por volta de R$ 500 mil da
renda (13%), a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro leva
mais R$ 400 mil (10%) e a federação brasiliense fica com cerca de R$ 200
mil (5%).
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