Na terra do forró, o Campinense recebe o Flamengo, nesta quarta-feira,
para mostrar que Campina Grande não é somente o palco do maior São João
do Brasil - a chamada festa junina para os cariocas. A pouco mais de um
mês do início dos festejos, que duram todo o mês de junho, a presença do
Rubro-Negro carioca antecipa o início das celebrações em uma cidade
embalada pelo swing de Jackson do Pandeiro e a sanfona de Luiz Gonzaga. A
dupla, inclusive, está eternizada em estátuas no centro da cidade. No
elenco do Fla, porém, o dois pra lá, dois pra cá não está entre os
ritmos preferidos dos jogadores.
Com apenas três nordestinos entre os titulares, Rafinha, Hernane e Gabriel - além de Cleber Santana,
que também está na Paraíba -, o time de Jorginho prefere pensar em
fazer o Campinense dançar conforme a sua música dentro de campo. O
feriado do dia do trabalho, no entanto, fez com que Campina Grande
encarrasse a partida como uma prévia do São João. Se a festa que contará
com 500 horas de forró e atrai turistas de todo o país tem início
somente no dia 7 de junho, a quarta-feira já está recheada de bares com
eventos que servem de “concentração” para a partida das 21h50m (de
Brasília), no estádio Amigão.
Hernane, Rafinha e Gabriel são os nordestinos do elenco rubro-negro (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
Nascido em Bom Jesus da Lapa, o baiano Hernane não esconde a alegria do
retorno ao Nordeste. Sem muitas recordações das festas de São João por
ter saído de casa cedo para se aventurar no futebol, o Brocador celebra o
reencontro com suas origens.
- Jogando aqui me sinto em casa. O clima é bom, a comida é boa, com o
tempero do Nordeste. Saí da Bahia muito cedo, mas sei que São João é uma
grande festa, muito boa. Eu gosto bastante. Em campo, vamos buscar mais
essa vitória para termos ainda mais tranquilidade para trabalhar.
A origem nordestina faz de Hernane um pé de valsa. Se o forró não é o
estilo preferido, o atacante garante que não faz feio dançando, mas
prefere não prometer nenhuma comemoração no estilo caso marque um gol
nesta quarta.
- Olha, eu sei dançar, sim. Já gostei de forró e hoje aprendi até a gostar de outros estilos de músicas.
O maranhense Rafinha garante não ter o mesmo gingado. Solto em campo, o
atacante vibrou com a oportunidade de conhecer uma cidade tão
relacionada à cultura nordestina. A parte da dança, porém, ele substitui
pela desenvoltura com a bola nos pés.
- Não conhecia Campina Grande ainda. É um lugar marcante para nós,
nordestinos, e fui muito bem recebido. Espero retribuir isso fazendo um
grande jogo. Prefiro ficar admirando as festas juninas e o forró. Não é
muito a minha praia dançar. Esse gingado diferente eu prefiro deixar
para dentro do campo mesmo. Vou fazer o que puder para representar bem o
povo nordestino.
Sendo assim, coube a um paulista demonstrar a maior intimidade com as
festas de São João. Um dos jogadores mais experientes do elenco, Renato
Abreu recordou a juventude ao desembarcar na Paraíba e revelou já ter
participado muito das chamadas quadrilhas de festa junina.
- Gosto bastante (de São João). Dancei muito na escola e no meu bairro,
onde sempre nos organizávamos para fazer uma festa junina com os
vizinhos. Cada um fazia um tipo de comida e a festa era na rua
principal. Era muito bom todos os vizinhos se confraternizando. Tudo era
mais calmo.
Forrozeiro ou não, o Flamengo entra em campo para tentar impor o seu
ritmo e avançar na Copa do Brasil. Com uma vitória por dois ou mais gols
de diferença, a equipe se garante automaticamente para enfrentar Asa de
Arapiraca ou Ceará na terceira fase da competição e dá a largada para o
São João da parte rubro-negra da Campina Grande que torce para o time
do Rio de Janeiro.
Estátua de Luiz Gonzaga enfeita o centro de Campina Grande (Foto: Cahê Mota)
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