As primeiras derrotas, as primeiras cobranças, a primeira discussão... O
ano de 2013 demorou a apresentar seu lado ruim no Flamengo, mas chegou
com tudo. Depois de uma primeira fase de Taça Guanabara quase perfeita, a
equipe de Dorival Júnior dependia de dois empates para levar o título,
se garantir na decisão do Carioca e ter um mês de março tranquilo. Não
foi o que aconteceu. A derrota para o Botafogo na semifinal ligou o
sinal de alerta, que virou desconfiança com o novo revés diante do
Resende, na estreia do time na Taça Rio. Antes invicta, a equipe agora é
questionada e colocada à prova para manter longe do Ninho do Urubu uma
palavra que se fez presente em 2012: crise.
Com o próximo compromisso marcado apenas para o próximo dia 23, contra o
Boavista, no Engenhão, o elenco rubro-negro tem pela frente uma semana
que será marcada pela desconfiança do torcedor, e sabe que só resultado
convincente diante da equipe de Saquarema mudará o panorama. Se a
eliminação para o Botafogo foi encarada com naturalidade, o baque com a
virada sofrida em 23 minutos para o Resende foi bem pior e levantou até
mesmo burburinhos sobre uma possível pressão sobre Dorival Júnior, o que
foi negado prontamente pelo diretor de futebol Paulo Pelaipe.
Dorival orienta os jogadores no Ninho: Fla tenta cortar a crise pela raiz (Foto: Mauricio Val / VIPCOMM)
Um dos líderes do grupo, Felipe
analisou a situação. Ciente de que as críticas crescerão a cada dia sem
vitórias, o goleiro lamentou ficar mais um período longo sem entrar em
campo, mas voltou a bater na tecla de aproveitar o tempo livre para
corrigir os erros. No período entre o Botafogo e o Resende, a estratégia
não deu certo.
- O bom ambiente é construído com vitórias. Para não perdermos isso,
temos que voltar a vencer. Se não acontecer, as críticas e as dúvidas
vão chegar. Temos que dar a volta por cima. Infelizmente, não tem jogo
no fim de semana. São mais dez dias. É ruim, mas dá para trabalhar
bastante e não voltar a repetir os erros do último jogo.
Para amenizar o clima de tensão, deflagrado em um bate-boca entre
Renato Santos, Ibson e Alex Silva no treinamento da manhã desta sexta,
Felipe brincou com a superstição para apostar em uma volta por cima na
Taça Rio. O camisa 1 lembrou ainda que o grupo precisa ter maturidade
para não se deixar levar por comentários externos, sejam positivos ou
negativos.
- Começamos bem o primeiro turno e terminamos mal. Agora, começamos com
o pé esquerdo e o final pode ser diferente. Não dá para criticar e
dizer que tudo está errado. Não nos animamos com os elogios e não
podemos nos abater com as críticas.
O jovem Gabriel seguiu a mesma linha do goleiro e tentou tratar com
serenidade a situação. Questionado sobre a possibilidade de o Flamengo
ficar dois anos sem disputar finais de turno pela primeira vez desde
2004, quando o Carioca começou a ser disputado nos moldes atuais, o
baiano preferiu uma visão otimista.
- Nosso pensamento está distante disso. Nossa ideia é chegar à final e
poder ajudar o Flamengo. No primeiro turno, ganhamos tudo e na decisão
perdemos. Pode ter o lado bom de termos perdido e agora entrarmos mais
ligados.
Avassalador na fase de classificação da Taça Guanabara, o Flamengo viu o
então elogiado 4-3-3 naufragar diante de situações adversas. Pautado na
velocidade de Rafinha e na qualidade de Ibson e Elias nas saídas de
contra-ataque, o esquema não deu retorno quando esteve em desvantagem no
placar e o que se viu foi uma equipe buscando reações até certo ponto
de forma desorganizada, diante de Botafogo e Resende. Para Gabriel, um
panorama normal para um time em formação.
- O tempo vai dar a variação tática que o time precisa. Chegaram muitos
jogadores novos e demora para encaixar. É muito mais difícil do que
pegar um time já montado, que joga junto. No futebol, o mais fácil é
avançar pelas beiradas. Aí, não tem como não fazer os cruzamentos. Por
isso, estamos apelando para o chuveirinho. Só por dentro é muito
complicado, as defesas se fecham bem.
Se o ataque não demonstrou o poder de decisão esperado nos últimos
confrontos, a defesa não ficou atrás e teve queda brusca de rendimento.
Melhor do Carioca até o 3 a 2 para o Resende, o Flamengo sofreu três
gols nos oito primeiros jogos da competição e cinco nos últimos dois.
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