quinta-feira, 21 de março de 2013

Demitido durante negociação por renovação, Dorival se diz surpreso

Dorival Junior entrevista (Foto: Richard Souza) Foram cinco dias de silêncio. Tempo suficiente até mesmo para já ter seu nome envolvido em especulações envolvendo um acerto com o vasco. Mas, nesta quinta-feira, Dorival Júnior abriu a boca para falar ainda de Flamengo. Demitido no último sábado sob a alegação de não ter aceitado adequar o salário à nova realidade financeira do clube, o treinador atendeu a imprensa no prédio onde mora, na Barra da Tijuca, se mostrou compreensivo diante dos argumentos da diretoria, mas deixou claro que a decisão foi unilateral.

 Dorival revelou ainda o início de conversas para renovação do contrato que ainda iria até dezembro de 2013. Surpreso com a opção pela demissão, ele disse que tentado se adequar o máximo possível aos anseios do novo comando rubro-negro.

- Há um mês começamos a falar sobre renovação de contrato, conversei com o Wallim. Fui pego de surpresa. Fui até onde pude, tentei alcançar solução com a diretoria. Era um trabalho prazeroso pra mim, mas não chegamos a um consenso, respeito a opção. Vou buscar o segmento da minha carreira. Eu sempre acreditei na lealdade, na honestidade das pessoas. Entendo o discurso da diretoria do Flamengo, iniciaram um trabalho no clube, respeitado, mas nós tínhamos um projeto. Abri toda situação possível, gostaria de ter permanecido. Sempre acreditei e confiei no trabalho.

O treinador acredita que nem mesmo a conquista da Taça Guanabara seria capaz de mudar o panorama. Satisfeito com o desempenho da equipe em campo, Dorival reafirmou que sua saída de se por conta da nova diretriz financeira do Fla.

- Mesmo em razão da conquista, acredito que não haveria outra posição. A diretoria está seguindo uma linha. Se tivesse continuado, fatalmente daria certo em algum momento. Antes do início do campeonato todos vocês tinham desconfiança em relação ao time, depois todos levaram o time à condição de favorito.

Exposto na última semana de trabalho no clube, quando até mesmo o diretor de futebol, Paulo Pelaipe, disse que ele era “muito bem pago” para tomar decisões sobre a equipe, Dorival não acredita que sua demissão tenha sido arquitetada previamente pela diretoria. Para o ex-treinador, apenas o revés contra o Resende fugiu da normalidade nos últimos três meses.

- Não acredito que tenha sido esse motivo. Segundo o Wallim me confidenciou, sempre fui um técnico que eles gostariam. Acredito nas palavras. Foram muito corretos comigo sempre. 

Tecnicamente o trabalho vinha sendo desenvolvido. Anormal tivemos os resultados contra o Resende. No todo, acredito que a campanha tenha sido muito boa.

Dorival foi questionado ainda sobre sua relação com o próprio Pelaipe e definiu:

- O relacionamento foi respeitoso. Todas as coisas que aconteciam ele me passava, como o dia a dia no campo, para que mantivéssemos tudo sob controle.

Antes de se despedir, o ex-treinador do Fla exaltou ainda o trabalho realizado com jovens lançados sob seu comando, como Nixon, Rafinha, Rodolfo e Igor Sartori, além da aposta em Hernane, artilheiro do Carioca até o momento.

Passagem de altos e baixos

Dorival chegou ao Flamengo em meio ao Brasileirão de 2012, em substituição a Joel Santana, que havia sido demitido. No total, ele comandou o time em 37 jogos, com 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas (aproveitamento de 51,3%).

Em 2013, o ex-comandante rubro-negro conseguiu campanha quase irretocável na primeira fase da Taça Guanabara (sete vitórias e um empate), mas acabou eliminado na semifinal, diante do Botafogo (2 a 0). A estreia na Taça Rio não foi animadora: derrota de virada para o Resende (3 a 2), no Engenhão.



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