A vida de Gabriel mudou. Aos 18 anos, ele jogava bola no Campo do
Lasca, quadra de terra batida localizada no bairro da Ribeira, em
Salvador. Foi chamado para fazer um teste no Bahia, ficou seis meses nas
categorias de base e, logo depois, estava no profissional, pelo qual
disputou 82 jogos. No início deste ano, foi contratado pelo Flamengo e
“teve que sair de casa pela primeira vez”. Antes disso, porém, uma
cirurgia para correção do septo nasal deixou o jogador cerca de 45 dias
sem treinar. As mudanças bruscas na realidade do garoto tiveram
consequências, como a necessidade de um maior desenvolvimento muscular e
a adaptação ao Rio de Janeiro. Lapidada, a nova joia é a aposta do
Rubro-Negro.
Gabriel, enfim, pode ser relacionado pela primeira vez para o jogo
contra o Olaria, neste sábado, em Volta Redonda. Durante o período de
treinos, não apenas a parte física foi observada.
Gabriel começou a treinar nesta semana com o restante do grupo (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
- Acompanhei o desenvolvimento, ele está muito melhor. Gabriel também
teve que se adaptar ao clube, pois foi como a primeira vez que ele
saísse de casa. Mudança de cidade também. Todos esses aspectos contam.
Agora, precisa trabalhar com bola, se entrosar com o grupo. Na parte
física, ele teve uma melhora acentuada. Fisicamente, ele pode ser
relacionado para o jogo (contra o Olaria), está em condições. Mas quem
vai definir é o Dorival – afirmou o preparador físico rubro-negro Celso
de Rezende.
Responsável pela contratação de Gabriel, o diretor executivo Paulo
Pelaipe destaca o período de adaptação, a atenção do clube e a aposta no
futebol do jovem.
- Todos os meninos merecem cuidado: Gabriel, Rafinha, Igor Sartori...
Gabriel é um menino, é claro que conta (mudança do Bahia para o
Flamengo). Temos que prestigiar durante as oscilações que pode ter. Mas
ele tem muito potencial. O Grêmio queria, o Cruzeiro tentou comprá-lo –
disse Pelaipe.
Ganho de massa sem perder velocidade
Quando chegou ao Flamengo, uma programação especial de treinos foi
elaborada para Gabriel, que contou com participação de médicos,
preparadores e fisiologistas. A intenção era o ganho de massa, sem que o
jogador perdesse velocidade.
Além de ter que ganhar massa muscular, o jogador passara por um longo
tempo de inatividade depois da cirurgia para corrigir o septo nasal e
não participou da pré-temporada do Bahia.
Antes mesmo de chegar ao Flamengo, Gabriel, hoje com 23 anos, deu a
dimensão dos efeitos do afastamento da família, até então seu principal
pilar.
- É complicado para uma mãe ou avó ver o filho ou neto sair de casa e
ir para longe. Mas será muito bom para minha vida profissional, e elas
entendem isso. Cheguei ao time da base do Bahia, lutei para caramba,
cheguei sem nada para fazer uma história e estou tentando escrever a
minha da melhor maneira possível. Minha mãe e minha avó ficaram
abatidas, mas acontece – afirmou o jogador na sua última entrevista como
jogador do Bahia.
Gabriel teve 50% de seus direitos econômicos adquiridos pelo Flamengo e
assinou contrato de cinco anos. Ao chegar ao Rio, ficou instalado no
hotel que serve de concentração para o time, na Barra da Tijuca,
restringindo seu dia a dia ao trajeto que leva ao Ninho do Urubu. Nesta
semana, ele passou a treinar com o grupo e participou de um coletivo
entre os reservas.
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