O exemplo veio dos rivais. Minas e Pinheiros são o modelo de gestão e
qualidade administrativa que o Flamengo quer ter num período de médio a
longo prazo. Para tentar encurtar o caminho, a nova diretoria contratou
Marcelo Vido como diretor executivo de esportes olímpicos. O ex-jogador
de basquete que teve passagem pelo clube e defendeu o Brasil nos Jogos
de Moscou 1980 e Los Angeles 1984, deixou o Minas após sete anos de
trabalho na gerência de marketing e negócios.
Eduardo Bandeira de Mello, o vice de esportes olímpicos Alexandre Póvoa e Marcelo Vido durante entrevista coletiva na Gávea (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
- O Flamengo disputa com eles a hegemonia de ceder atletas para as
Olimpíadas, mas está muito atrás em termos de gestão. E nada melhor do
que trazer o diretor de lá. Para se ter uma ideia, o orçamento dos
esportes olímpicos anual do Minas é o dobro do daqui (o Rubro-Negro teve
cerca de R$ 15 milhões este ano). Sendo 100% financiado por patrocínio,
lei de incentivo e escolinhas. Hoje nós estamos pegando o clube com
metade deste orçamento e só 20% dele é coberto por receitas de
patrocínio, escolinhas e lei de incentivo. O resto é financiado pelo
clube - disse Póvoa.
De acordo com o planejamento, em um ano cada modalidade terá de
caminhar com as próprias pernas. Com o pensamento de que "craque o
Flamengo faz em casa", a ideia é investir na base, melhorar a
infraestrutura para atrair mais sócios e praticantes para as escolinhas
também. Mais uma vez o Minas serve de exemplo para Póvoa, que cita os
14.000 inscritos nas escolinhas de Belo Horizonte contra 2.000 na Gávea.
O desafio é grande e Marcelo Vido não nega. Deixa um clube social para
tentar transformar os esportes olímpicos de outro que tem o futebol como
carro-chefe e paixão.
- O fator futebol pode pesar positivamente ou negativamente, por conta
da pressão da torcida. Mas um gestor tem que conviver com isso. Vai ter o
imediatismo por causa do futebol, mas o futebol do Flamengo faz a marca
importante e pode abrir portas. Pode ajudar, sim. o mercado de Belo
Horizonte é menor que o do Rio e nos próximos 10 anos o esporte
brasileiro estará num momento único. Fisicamente Minas, Pinheiros e
Flamengo têm espaços fantásticos. Só que Pinheiros e Minas tiveram
gestões que bateram na mesma tecla. O que não pode é o Flamengo ter
menos recursos do que eles. Temos que buscar isso. É um desafio muito
grande, vamos ter muito trabalho, mas estou muito motivado - afirmou
Vido, que garante ser um desejo da nova diretoria montar um time
profissional de vôlei.
Para ele, o mais importante para iniciar a gestão será resgatar a credibilidade do clube.
- A imagem tem que mudar. Esse é o desafio. Ter que buscar a
credibilidade e transparência para que as empresas queiram investir.
Temos também que criar uma estrutura de treinamento para tentar reter os
atletas que formamos no clube.
Vido, que também fez parte do conselho de marketing do NBB e do
Atlético Mineiro, diz que as categorias de base das modalidades serão
reforçadas e seus treinadores valorizados. No caso da natação, que não renovará com Cesar Cielo e as outras estrelas da equipe adulta para 2013,
o gestor acredita que a médio prazo seja possível buscar recursos na
iniciativa privada para um grande projeto, mesmo sem contar com nomes de
peso defendendo as cores do clube.
- São três competições importantes por ano e acho que os clubes
deveriam discutir isso, se colocar do lado do patrocinador, e tentar
mais competições para que possa ter mais visibilidade. O modelo
americano tem seis etapas, por exemplo. Será que não poderíamos fazer
algo parecido?
Já o vice de esportes olímpicos diz que o importante é tirar proveito
da realização dos Jogos Olímpicos no Rio para melhorar a estrutura da
Gávea. Sobre o contrato assinado na gestão da ex-presidente Patrícia
Amorim com o Comitê Olímpico dos Estados Unidos, que escolheu o Flamengo
como seu centro de treinamento em 2016, Póvoa diz que quer melhorar os
termos.
- Ainda não vi o contrato, mas nos passaram os números e temos o maior
interesse na parceria. O Minas fechou com a delegação da Grã-Bretanha
(Marcelo Vido fez parte da negociação). Acho que dificilmente alguma
delegação vai encontrar no Rio uma estrutura de vários esportes num
mesmo lugar. A gente pode rediscutir e melhorar o contrato. Não podemos
perder essa oportunidade das Olimpíadas. Queremos reformar a Gávea para
ter chance de nos Jogos de 2020 mandar 60, 70 atletas na delegação
brasileira. No caso da natação, neste momento é dar um passo para trás
para dar dois à frente depois - disse Póvoa.
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