Depois de três anos com lugar cativo no gabinete presidencial do Flamengo, a presidente Patricia Amorim usou uma cadeira de plástico para descansar e acompanhar o começo da apuração das eleições presidenciais do Rubro-Negro na noite desta segunda-feira. O lugar escolhido ficava escondido de grande parte do público presente ao ginásio Hélio Maurício, atrás do suporte da cesta de basquete do lado oposto às urnas. Sempre acompanhada do filho mais velho, Vitor, a dirigente era a imagem do cansaço, do abatimento e da derrota. Exatamente às 21h45m, ainda nos momentos iniciais da contagem dos votos, ela circulou pelo local, tendo ao fundo a inscrição: “uma vez Flamengo, sempre Flamengo”. Às 22h35m, depois de conceder entrevista para um batalhão de jornalistas e de enfrentar confusão, Patricia conseguiu entrar no carro. Chorando muito, declarou:
- Flamengo, eu te amo. Flamengo, você vai ser sempre o amor da minha vida.
Mas o divórcio entre Patricia e o cargo de presidente do Flamengo estava selado.
Já na abertura das duas primeiras urnas, a presidente já dera um abraço em Eduardo Bandeira de Mello reconhecendo a vitória do adversário, que despontava na frente na votação. Ainda durante o pleito, Patricia estava visivelmente desgastada diante de mais uma derrota, já que em outubro não conseguira a reeleição para vereadora.
- O emocional está brabo - confessou Patricia Amorim, sem conter as lágrimas, antes mesmo do término da votação, mas quando as pesquisas de boca de urna já demonstravam ampla vantagem da Chapa Azul ao longo do dia.
Depois de votar às 8h desta segunda-feira, Patricia Amorim passou 13 horas em pé dentro do ginásio, cumprimentando eleitores e acompanhando de perto o pleito. Não almoçou e comeu apenas um sanduíche e água oferecidos pelos seus assessores.
- Os pés doem e os olhos ardem - disse Patricia.
E a presidente engoliu a seco. A cada minuto, a derrota ficava mais iminente e difícil de digerir. Começou a apuração, e Patricia se recolheu num canto. Chorava com seu filho Vitor. Concedeu entrevista. Entrou no carro, que foi escoltado por alguns seguranças para que pudesse deixar o clube.
- Patricia, estamos juntos - gritou um solitário correligionário da futura ex-presidente.
Do lado de fora do muro da Gávea, alguns torcedores gritavam o nome de Zico, e “Zico é nosso rei” a plenos pulmões, além de dar às costas e adeus a Patricia. Logo, foram afastados por algumas pessoas ligadas à dirigente.
O carro arrancou e deixou para trás a certeza de que bater de frente com o maior ídolo da história do clube fez a gestão derrapar, perder o rumo das eleições e o caminho da vitória.
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